A batalha pelo Atlântico Sul

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Ultimamente, os peritos caracterizam o Atlântico Sul do como um novo pólo no mapa político do mundo. Nesta região se concentram os interesses das maiores potências mundiais e dos países emergentes que procuram alargar as zonas de sua influência.

Durante o século XX, esta região nunca foi um palco de acontecimentos notáveis. As principais batalhas da segunda Guerra Mundial foram travadas no Atlântico Norte, que permaneceu um foco de atenção da URSS e dos EUA durante a Guerra Fria.

Quanto à parte meridional do oceano Atlântico, esta, no século passado, era uma área de interesses da Grã-Bretanha. Basta evocar a guerra contra a Argentina pelas ilhas Malvinas, relativamente pequenas. Esta luta não terminou aí, se recordar que, há pouco tempo, a Grã-Bretanha e a Argentina tiraram da gaveta este tema das ilhas Falkland (ou Malvinas, para a Argentina).

Hoje, o centro da atividade estratégico-militar desenvolvida por jogadores regionais e globais se desloca para o Atlântico Sul, afirma o diretor do Centro de Avaliações Estratégicas, Serguei Grinyaev:

“Atualmente vão ocorrendo mudanças na correlação das forças geopolíticas. Tal se deve às alterações do ambiente geopolítico global. Os centros da Europa Ocidental vão perdendo a sua influência, enquanto os asiáticos vêm ganhando. E nesse contexto, estamos perante a reestruturação dos mercados globais, das vias de transportes transcontinentais e de correntes financeiras. Os fatores determinantes relacionados com a geopolítica foram postos em ação. Daí, o interesse manifestado em relação ao Atlântico Sul e outras regiões.”

Os analistas apontam para a atividade crescente dos principais jogadores regionais. O Brasil, por exemplo, está construindo submarinos atômicos no intuito de modernizar sua Marinha de Guerra, composta de um porta-aviões ligeiro, comprado à França, e de uma dezena de outras embarcações. Tudo indica que os brasileiros procuram acautelar-se, antecipar os acontecimentos, apercebendo-se dos novos riscos relacionados com hipotéticos sérios litígios locais.

A China está batendo à porta. O volume de suas trocas comerciais com os países do Atlântico Sul vai crescendo. Ao que parece, os chineses não se contentam com a colaboração nos marcos da região asiática do Pacífico, opina o perito militar Alexander Shirokorad, contatado pela Voz da Rússia.

“Os navios chineses têm aparecido nas águas africanas, tanto no oceano Índico, como no Atlântico. E esta tendência será, pelos vistos, mantida. Tanto mais que a China se empenha na construção de porta-aviões que, em breve, poderão marcar sua presença na zona sul do Atlântico. Existem contradições entre a África do Sul e o Brasil. Todavia, existem tendências comuns unificadoras que poderão levar à criação de uma comunidade do Atlântico Sul ou até de um bloco militar regional. Em todo o caso, desde os meados do século XX, os EUA encararam a região como prioritária, por isso nunca a abandonarão.”

Um gesto simbólico foi o restabelecimento da 4ª Esquadra dos EUA, dissolvida em meados do século XX, a abarcar agora as zonas marítimas em redor da América do Sul. Esta medida suscitou uma reação negativa dos países latino-americanos, que acusaram os EUA de “desígnios imperiais”.

No que se refere à Índia, a sua presença no Atlântico do Sul não pode ser equiparada à chinesa, mas, neste caso, se pode falar do interesse de Nova Deli de obter a sua “fatia do bolo” regional. Alexander Shirokorad constata:

“Para a Índia, o Cabo da Boa Esperança tem tido, desde o século XVII, uma importância enorme. Acresce que as rotas comerciais vêm adquirindo um papel especial à luz da pirataria na região do mar Vermelho, nas águas da Somália, à volta do Madagascar, etc. A China e a Índia procuram criar a sua frota de porta-aviões que, ao que tudo indica, não será utilizada junto de suas costas, podendo atuar à distância de 2-3 mil km. Claro que sob a sua alçada ficará também o Atlântico do Sul. Cinco esquadras – a norte-americana, a indiana, a chinesa (com as unidades de porta-aviões) e as frotas costeiras da África do Sul e do Brasil, criarão uma espécie de concorrência marítima.

Para os analistas da Alemanha, a região poderá transformar-se num centro de extração de recursos energéticos, semelhante, pela sua escala, ao mercado do Oriente Médio. É verdade que as jazidas subaquáticas ainda não foram prospectadas na íntegra. Todavia, esta será uma das razões pela qual os países industrializados poderão incluir o Atlântico do Sul na lista de suas prioridades.

 

FONTE: Voz da Russia 

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