Este artigo publicado no site Save the Royal Navy, mostra a preocupação dos ingleses com a possibilidade da perda de sua capacidade anfíbia ante a possibilidade do governo britânico vir a descomissionar importantes navios de sua esquadra.
1- Capacidade anfíbia é uma parte estratégica da nossa dissuasão convencional
Ao reter a capacidade de desembarcar tropas e seus equipamentos em uma praia estrangeira em um tempo e lugar de nossa escolha, o Reino Unido tem um impedimento para outras nações ou atores que podem procuram invadir nossos aliados ou minar nossos interesses nacionais. Durante a Guerra Fria, o papel principal de nossas forças anfíbias era reforçar a Noruega em caso de uma invasão pela Rússia. Além de fornecer assistência ao povo da Noruega, o flanco norte do Reino Unido era estrategicamente importante no controle de acesso naval russo do Mar do Norte e no Atlântico. E as tensões com a Rússia está se tornando cada vez mais relevante novamente.
Para estar pronto para eventos inesperados, a Royal Navy – RN, tem desenvolvido o Response Force Task Group (RFTG) e mais recentemente os conceitos de Força Expedicionária Marítima Conjunta. São realizados exercícios durante as implantações anuais para manter a capacidade anfíbia e ela têm sido centrada no HMS Ocean (L 12) ou nos LPDs. (Embora nos últimos anos o número de navios e fuzileiros navais participantes tenha reduzido, como a Marinha também. Joint Expeditionary Force (Maritime) ou JEF (M) é uma ferramenta importante para a política externa do governo.
Pode ser crescente a oposição pública ao envolvimento em conflitos importantes no exterior, mas nossas forças anfíbias preveem a possibilidade de incursões de pequena escala e operações humanitárias. Nossas forças anfíbias oferecem potencialmente grande impacto estratégico com um custo relativamente baixo. Em meados dos anos 1990, o RN tinha um plano para uma força anfíbia equilibrada baseada nos navios HMS Ocean (LPH), HMS Albion & Bulwark (LPD) e 4 navios da classe Bay (LSD). O custo total destes 7 navios (a preços de 2010) foi de apenas £ 1,26 bilhões.
2 – Outros países estão investindo, não cortando
O governo pode cortar os LPDs, e estar ingenuamente acreditando em como a “guerra anfíbia mudou e estamos ajustando nossa doutrina em conformidade”. O resto do mundo não concorda que LPDs devam ser descartados e muitas nações estão se esforçando para modernizar suas embarcações anfíbias ou ganhar esta capacidade. Deve-se notar que os EUA, China, Rússia e França podem implantar e apoiar as forças anfíbias a longa distância e o Reino Unido poderá cair fora desse clube. Austrália, Espanha, Egito, Turquia, Cingapura, Holanda, China, Itália e Coreia do Sul também têm investido em LPHs e LPDs.
3 – Você não pode fazer de assalto anfíbio inteiramente por via aérea
A justificativa para descomissionar o HMS Ocean é que as tropas vão desembarcar por helicóptero de um dos novos porta-aviões. Como já foi discutido, este é um conceito falho, mesmo com suporte LPD. Pode fazer sentido para entregar a primeira onda de tropas rapidamente por via aérea a partir de uma plataforma, tanto para o mar, em vez de embarcações de desembarque lento a partir de um navio parado vulnerável perto da praia. Infelizmente, as tropas precisam de armas pesadas, veículos, alimentos, de combustível e munições que não podem ser entregues em quantidade suficiente de helicóptero. Em um conflito intenso, veículos blindados, artilharia ou mesmo alguns tanques de batalha podem ser necessários. A menos que haja uma porta conveniente por perto, o suporte logístico deve ser entregue ao longo da praia, mesmo em uma ‘segunda onda’ após as tropas transportadas por helicóptero terem assegurado a área.
O Ministro da Defesa britânico, Mark Lancaster, sugeriu recentemente que, mesmo com a perda dos LPDs, nós ainda manteríamos alguma capacidade anfíbia com os navios da classe Bay (RFA Mounts Bay). Isso é muito enganador. Os navios da classe Bay são navios auxiliares para transporte de meios adicionais para apoiar os LPDs. Eles carregam pequenos hovercrafts (LCU) a frente em oposição e 4 LCVPs que os LPDs podem carregar. Eles são tripulados por marinheiros da marinha mercante e não são destinados a liderar um assalto anfíbio. Mais importante, eles são uma vítima de seu próprio sucesso. A flexibilidade inerente de plataformas anfíbias é adequada para outros papéis. Um dos três navios restantes é permanentemente implantado nas comissões de apoio a caça minas no Golfo e eles têm sido usados para conduzir operações humanitárias e patrulhas anti-drogas no Caribe.
4 – Nós estaríamos jogando fora de décadas de investimento
O HMS Albion completou recentemente uma reforma de £ 90 milhões em Devonport e foi planejado para ser o navio anfíbio de alta disponibilidade para os próximos 5 anos. Em 2013 foi construída a RM Tamar como base para embarcações de desembarque da RN, a um custo de £ 30 milhões. Houve um investimento considerável no kit anfíbio especializado e equipamentos para os fuzileiros navais e da Marinha. Cortando os LPDs, juntamente com a perda do HMS Ocean (reformado a um custo de £ 65 milhões entre 2014-15), representa um desperdício absurdo de dinheiro duramente aplicados.
5 – Nós estaremos abaixo de nossos parceiros europeus da OTAN
A capacidade anfíbia do Reino Unido é integrada no planejamento da OTAN. Os fuzileiros holandeses têm vínculos especialmente estreitos com os Royal Marines e freqüentemente se exercitam juntos. À medida que o Brexit se destaca, seria um momento extremamente pobre abandonar uma relação de defesa crítica com nossos aliados europeus. O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos também goza de um bom relacionamento e respeito mútuo pelos Royal Marines e vários altos oficiais dos EUA já falaram contra os cortes propostos. Numa altura em que precisamos de um acordo comercial com os EUA, qualquer desvalorização significativa em nossa capacidade de defesa seria mal recebida pelo presidente Trump, que espera que os europeus estejam ocupando mais dos seus próprios custos de defesa.
6 – Eles são bem adequados para a ajuda humanitária e de socorro
A história recente sugere que a RN é mais freqüentemente envolvida no trabalho de alívio em desastres e operações humanitárias do que em combate. Os LPDs e forças anfíbias do Reino Unido são adequados para este trabalho e seria insensato diminuir esse trunfo importante de “soft power”.
7 – Eles têm valiosas instalações de comando e controle
Os LPDs têm instalações grandes e construídas especificamente, projetadas principalmente para exercer controle sobre as operações de assalto anfíbio. Os navios também podem comandar um grupo de tarefas no mar ou outras operações. O HMS Bulwark foi usado como o centro de controle para a segurança dos eventos de vela olímpica de 2012 em Portland. Não há outras grandes instalações C3 disponíveis na frota além dos porta-aviões QE. Na maioria das vezes, apenas um dos porta aviões estará disponível, deixando a RN com opções emblemáticas muito limitadas.
8 – A RN precisa de todos os navios possíveis
Simplificando, a RN precisa de navios. A perda dos 2 LPDs seria a maior redução dos números de navios. (Um dos LPDs foi mantido em naftalina ou reequipamento desde 2010). A quantidade é importante e os LPDs são grandes navios capazes de realizar muitos papéis para além da sua função de assalto anfíbio. Resgatando migrantes, evacuando cidadãos britânicos ou proteger as Olimpíadas, são todas as tarefas destes navios versáteis que têm sido realizadas desde que se juntaram à frota. Para os oficiais que aspiram a posição sênior, eles são um importante trampolim, um passo acima de um comando de fragata ou destroyer no caminho para se tornar um candidato a capitão um porta aviões ou alcançar o almirantado.
9 – Uma vez que se perca a capacidade, é difícil ou impossível se recuperar
Se dispor dos LPDs vamos perder rapidamente o conhecimento e experiência de operações anfíbias construída ao longo de décadas. Uma vez perdido, seria caro, difícil e levaria anos para regenerar essa capacidade a partir do zero.
10 – O sinal errado no momento errado
Como discutido em um artigo anterior, cortar os LPDs ao mesmo tempo que o HMS Ocean poria em causa o futuro da base naval de Tamar em Devonport. Não temos navios para justificar bases, mas precisamos manter as opções abertas e reter trabalhadores qualificados disponíveis para apoiar o RN em caso de emergência ou permitir uma futura expansão. Cortar os LPDs iria prejudicar ainda mais o moral da Marinha e fuzileiros navais, causando perda de empregos civis de apoio e acima de tudo, dizer aos nossos aliados e inimigos potenciais que não somos sérios em Defesa.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: Save the Royal Navy