Por Fernando Azevedo e Silva
Aproxima-se o fim de um ano que merece reflexões de toda ordem, particularmente, na área de Defesa. Falar em defesa é falar na proteção do país e da sua população, nas mais diversas formas. O ano começou com uma ameaça aterrorizando o outro lado do mundo e que poderia chegar ao Brasil, o novo coronavírus. Em fevereiro, quando ainda não se falava em pandemia, enviamos duas aeronaves da Força Aérea à China para resgatar um grupo de brasileiros. Logo em seguida, iniciamos a Operação Covid-19. Criamos comandos conjuntos, integrados pelas três Forças Armadas, para permitir o apoio às ações do governo federal, dos estados e dos municípios, em todos os cantos do país. Mobilizamos a indústria nacional e unimos esforços. A logística típica de guerra adaptou-se para o combate ao inimigo invisível e feroz.
Passados nove meses, os números impressionam: em parceria com outros ministérios, empregamos, diariamente, mais de 34 mil militares; descontaminamos mais de sete mil locais públicos; levamos atendimento de saúde a aproximadamente 155 mil indígenas; entregamos cerca de 6,5 milhões de kits de alimentação; aviões militares voaram o equivalente a 25 voltas ao mundo. As ações continuam e, no momento, nós nos preparamos para apoiar a vacinação.
Simultaneamente, os militares foram mobilizados para, junto às agências ambientais e de segurança pública, combater ilícitos na Amazônia. A Operação Verde Brasil-2 permitiu a coordenação, o apoio logístico e a segurança necessária ao desenvolvimento das ações. Os resultados foram expressivos: mais de 4 mil multas aplicadas, representando cerca de R$ 1,8 bilhão; foram apreendidos mais de 180 mil metros cúbicos de madeira e de 154 mil toneladas de minério; mais de 7,6 mil focos de incêndio foram combatidos; no total, mais de 58 mil ações realizadas. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos últimos quatro meses, o desmatamento caiu 19% em relação ao mesmo período do ano anterior, em novembro, a queda foi de 45%.
Ao longo do ano, Marinha, Exército e Força Aérea também foram empregados em outras regiões, combatendo incêndios no Pantanal, apoiando eleições municipais em todo o país, recebendo imigrantes venezuelanos na Operação Acolhida, atuando na crise energética no Amapá, levando saúde às populações ribeirinhas e água ao sertão nordestino por meio da Operação Pipa, ação emergencial que já dura 22 anos.
Tudo isso sem que se descuidasse da principal missão das Forças Armadas: o preparo para a defesa da pátria e a preservação da nossa soberania, no mar, em terra e no ar. As Forças mantiveram os treinamentos de defesa do território, ao mesmo tempo em que patrulhavam o espaço aéreo, a Amazônia Azul e a vasta fronteira do Brasil.
Nosso país possui dimensões continentais e riquezas naturais inigualáveis. Não há como comparar o Brasil a outro país. Todo esse privilégio depende de paz e de estabilidade para que cada cidadão possa realizar suas escolhas. A responsabilidade pela manutenção da paz é um dever de todos os brasileiros. Congressistas, acadêmicos, jornalistas, empresários e todos com visão de futuro estão convidados a discutir defesa. Precisamos do entendimento e do apoio da sociedade para continuar garantindo a paz, uma conquista silenciosa e nem sempre percebida.
Proteger esta nação é o trabalho mais nobre das Forças Armadas. A Política Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Defesa, aprovadas pelo presidente Jair Bolsonaro e enviadas ao Congresso Nacional, representam importantes marcos. Que, em 2021, avancemos nesse debate, pois defesa não se improvisa. Defesa não é gasto, é investimento. E a paz não é uma garantia, é uma conquista.