Semana da Infantaria 2016 – “Batalha de Tuiuti”

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Tuiuti – Consagração de 3 Heróis Brasileiros

Por Vianney Junior

Em sessão solene no Plenário 13 de Maio, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, deu-se início às comemorações da Semana da Infantaria, na terra natal do Brigadeiro Sampaio, patrono da Arma, exaltando-se o 150º aniversário da vitória dos brasileiros integrantes da Tríplice-Aliança que lutaram na Batalha de Tuiuti, decisiva na Guerra do Paraguai.

“Hoje homenageamos o Exército Brasileiro, aqui representado pela 10ª Região Militar, pelo legado dos milhares de combatentes que tombaram com honra e glória na defesa da nação brasileira. Os valores de coragem, determinação e bravura deixados são hoje praticados e cultivados pelas gerações”, afirmou o deputado Manoel Duca, oficial R2 do EB, autor do requerimento.

Dep Manoel Duca entrega Placa Comemorativa

O Poder Legislativo do Estado em que nasceu o Patrono da Infantaria destacou na solenidade que a Batalha de Tuiuti foi a vitória da garra, da luta e da coragem. Lamentou-se porém o distanciamento do povo brasileiro dos vultos da Pátria e principalmente dos valores por eles demonstrados. “Os feitos de nossos heróis deveriam ser comemorados por todas as escolas do Brasil, para que tivessem eles todos a convicção total do quão importante são esses fatos na evolução histórica desse país amado chamado Brasil”, afirmou o deputado Fernando Hugo, defendendo a volta de disciplinas nos currículos escolares que apresentem aos jovens os verdadeiros heróis nacionais, as batalhas e feitos que garantiram a liberdade que hoje desfrutamos.

A Batalha de Tuiuti, conhecida como a Batalha dos Patronos, ocorreu em 24 de maio de 1866, em território paraguaio, envolvendo também a Argentina e o Uruguai. Na ocasião, destacaram-se o General Osório, o Brigadeiro Sampaio e o Tenente-Coronel Mallet, consagrados, posteriormente, como Patronos das Armas de Cavalaria, Infantaria e Artilharia do Exército Brasileiro.

Gen Div Marco Antônio FREIRE GOMES – Secretário-Executivo do GSI

Segundo o comandante da 10ª Região Militar, General de Divisão Marco Antônio Freire Gomes – recentemente destacado Secretário-Executivo do GSI, que na sessão solene representou o Comando Militar do Nordeste, a comemoração dos 150 anos da Batalha do Tuiuti, na sede do Legislativo, é um momento de reflexão do sentido de ser brasileiro, cultivando o sentimento de civismo e patriotismo na “Casa do Povo”.

Durante a solenidade, foram homenageados, com o recebimento de placas comemorativas, o Comando Militar do Nordeste; a 10ª Região Militar; a Legião de Infantaria – CE, representada pelo seu presidente, General de Divisão R1 Júlio Limaverde Campos de Oliveira; e o 23° Batalhão de Caçadores, representado pelo Tenente-Coronel José Abinoan de Sousa Filho, comandante da OM.

Presidente da Legiao Infantaria Gen Limaverde

A Batalha

A Guerra do Paraguai teve início em 11 de novembro de 1864, quando se deu o aprisionamento, no porto de Assunção, do vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província do Mato Grosso. O conflito se ampliou com a invasão de tropas do Paraguai sob as ordens de Solano Lopes, na parte sul da província do Mato Grosso e posteriormente ao Rio Grande do Sul, com a violação da integridade e soberania nacionais.

Foram envolvidos no conflito os países da Bacia do Prata: a República Argentina e a República Oriental do Uruguai, que juntos com o Brasil, formaram a Tríplice Aliança, contra às pretensões geopolíticas do ditador paraguaio.

A partir de 16 de setembro de 1865, com a retomada de Uruguaiana, o Exército Aliado passa a planejar a fase ofensiva, que tem inicio em 1866, quando os efetivos mobilizados dos países da Tríplice Aliança atingem a cifra de cinquenta mil homens.

O plano aliado consiste em chegar até Assunção seguindo o curso do Rio Paraguai, a partir da região de Passo da Pátria, próxima à confluência dos rios Paraná e Paraguai, e escolhida para ser o local inicial da invasão no território paraguaio.

O 1º Corpo de Exército ao comando do general brasileiro Manoel Luis Osório e com o apoio da Esquadra Imperial, realiza a transposição do Rio Paraná e inicia a sua longa marcha em território paraguaio e em 16 de abril de 1866, conquistam o Forte de Itapirú.

Já em território paraguaio, vem as vitórias aliadas nos combates de Passo da Pátria e de Estero Belaco.

As forças paraguaias recuam e ocupam posições defensivas ao norte da planície pantanosa denominada de Tuiuti, onde as tropas aliadas, em 20 de maio, montam seus acampamentos. Os generais aliados reunidos, planejam o ataque às posições paraguaias para o dia 25 de maio.
Solano Lopez, ao tomar conhecimento dessa informação, resolve se antecipar e decide realizar um ataque em massa, no dia 24 de maio, com o objetivo de surpreender os adversários, destruindo-os no próprio local do acampamento em Tuiuti.

Todavia, Osório e seus comandados, durante a ocupação da área de Tuiuti, determinam que suas tropas, se posicionem em posição de combate, prevenindo-se contra um possível ataque.

Esta importante decisão permitiu abreviar o tempo de reação quando, as tropas aliadas, foram atacadas pelos paraguaios na manhã do dia 24 de maio.

Para o ataque, as forças paraguaias foram dispostas em três colunas: uma à esquerda composta de tropas de cavalaria e de infantaria sob o comando do general Resquin; uma no centro, com tropas de cavalaria e artilharia, dirigidas pelo coronel Diaz e outra na direita com tropas de cavalaria, comandadas pelo general Barrios. Apoiando a coluna do centro seguiram quatro batalhões formando a reserva.

É soado o alarme, iniciando-se a batalha. Os aliados, rapidamente, entram em ordem de batalha, onde o setor da direita é ocupado pelas tropas argentinas; na vanguarda fica o Exército Uruguaio comandado pelo general Flores, a 6ª Divisão Brasileira com o brigadeiro Vitorino e o 1º Regimento de Artilharia a Cavalo sob o comando do tenente-coronel Mallet.

Apoiam essas forças a 3ª Divisão Brasileira comandada pelo brigadeiro Sampaio, e mais tarde a 1ª divisão com o brigadeiro Argolo. Finalmente na esquerda, ficam a 2ª Divisão sob as ordens do brigadeiro Menna Barreto, a 4ª Brigada a mando do brigadeiro Xavier de Souza, a 5ª Brigada do coronel Tristão e a Brigada auxiliar sob as ordens do brigadeiro Honorário Souza Netto.

No inicio da batalha, os atacantes ficam em primeiro momento com a vantagem. A luta prossegue forte e persistente, no flanco esquerdo, ameaçando a retaguarda do Exército Aliado. O inimigo procura romper as linhas de combate e envolve-las pelos flancos. Sua cavalaria, precipita-se com ímpeto e celeridade afim de subtrair-se ao fogo da artilharia, e arrastada pela audácia e pela temeridade nas suas ações, avança até encontrar as pontas das baionetas dos soldados brasileiros.

Presente em todos os lugares, o general Osório reforça o centro do dispositivo defensivo com seis bocas de fogo e emprega a Primeira Divisão Brasileira, juntamente com as Quarta, Quinta e Sexta Brigadas que barram o inimigo no flanco esquerdo.

No centro os brasileiros sustentam com denodo, o fogo da infantaria, as descargas de artilharia e os foguetes á congrève. O Exército Oriental e a Divisão Encouraçada de Sampaio, junto com as tropas do Exército Argentino, comandado pelo general Mitre, recebem o choque frontal de grande parte da cavalaria inimiga e a maioria dos fogos da sua artilharia. Com muito sacrifício barram o avanço adversário.

O inimigo combate com destemor e fúria, mas encontra no Exército Aliado firmeza e galhardia. Mallet, comanda na linha de frente, o Primeiro Regimento de Artilharia a Cavalo, o qual com descargas seguidas e certeiras, que lhe trouxe o epíteto de artilharia-revólver, rompe e destroça as cargas inimigas.

É nessa ocasião, que Mallet profere a sua famosa frase: “Eles que venham! por aqui não passam! ”.

Depois de obstinada resistência, dividido em todas as direções, o inimigo recua após quatro horas e meia de sangrento combate, deixando no terreno e matas, mais de três mil mortos, duzentos feridos gravemente, vinte e um prisioneiros, quatro canhões com os respectivos carros de munições, duas bandeiras, um estandarte, dez caixas de guerra, nove cornetas, grande quantidade de munições, uma estativa de foguetes e 3.523 armas de infantaria.

Nesta longa e cruenta batalha, em que a fortuna se decidiu pelas armas aliadas, teve o Exército Brasileiro 425 homens mortos, 2.192 feridos, 127 contusos e 246 extraviados.

O brigadeiro Sampaio, comandante da 3ª Divisão Brasileira, ferido por três vezes no combate, permaneceu até o final, saindo carregado do campo de batalha sorrindo, como a agradecer pela graça que lhe concedera Deus, no dia do seu aniversário: três ferimentos e a glória de haver salvo o Exército inteiro.

Conduzido para o Hospital de Sangue em estado grave, o valoroso cearense, brigadeiro Antônio de Sampaio, foi mais tarde removido para o Hospital de Buenos Aires, porém sucumbiu em viagem, a bordo do vapor Eponina, no dia 6 de julho de 1866.

Em 20 de dezembro de 1866 foram seus restos mortais trasladados para o Asilo de Inválidos, na Ilha do Bom Jesus, de onde, após sucessivos traslados, findou em definitivo descanso, no seu Panteão, inaugurado em 24 de maio de 1996 e localizado na frente da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, atual sede do comando da 10ª Região Militar.

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