Por Andréa Barretto
Há quase 20 anos, o Exército Brasileiro (EB) começava a operar com seus primeiros blindados da família M109, da versão A3. De fabricação norte-americana, os obuseiros são armas empregadas pela artilharia com a finalidade de executar o apoio de fogo.
Em 2018, o EB começou a substituir a sua frota de M109 A3, datada do início dos anos 2000, por viaturas M109 A5. Em março de 2018, foram recebidas as primeiras quatro unidades de um total de 60 previstas. Em outubro, um navio dos Estados Unidos chegou ao porto de Paranaguá com as demais 56 unidades, após 16 dias de viagem a partir da Flórida. “São aguardadas ainda 32 viaturas modernizadas, batizadas de M109 A5+, que devem chegar no primeiro semestre de 2019”, afirmou o Coronel Rubens Ribeiro Guimarães Junior, adjunto da seção de doutrina e assuntos internacionais da 4ª Subchefia do Estado-Maior do EB.
Os veículos encontram-se no Parque de Manutenção da 5ª Região Militar, na cidade de Curitiba, Paraná, onde passam por um trabalho de revisão, incluindo verificação de itens como motor, transmissões e sistema elétrico. Na revisão, há uma atenção especial ao sistema de armas, que é o principal componente do obuseiro.
Diferenças entre A5 e A5+
No início de 2019, quando o trabalho de manutenção estiver concluído, as viaturas M109 A5 serão entregues ao 15º, 27º e 29º grupos de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC AP). Já os 32 obuseiros M109 A5+ que ainda vão chegar ao Brasil em 2019 serão destinados aos 3º e 5º GAC AP do Comando Militar do Sul.
As principais diferenças entre os modelos A5 e A5+ dizem respeito aos recursos tecnológicos que cada um possui. “Dentre eles está o medidor da velocidade inicial do tubo, que proporciona uma maior precisão no tiro”, destacou o Coronel Sanzio Ricardo Rocha Gusmão, chefe do Estado-Maior da Artilharia Divisionária da 5ª Divisão do EB. Essa ferramenta, que só existe na versão A5+, é um sensor capaz de determinar a velocidade do projetil quando este sai do tubo. Esse dado é fundamental para cálculos que são realizados para ajustar o tiro.
Outro recurso do A5+, que colabora para a eficiência dos disparos, é o sistema de direção e controle de tiro. Trata-se de um sistema computadorizado que calcula diferentes fatores e variáveis que orientam qual elevação e qual ângulo devem ser aplicados. Na versão A5, esses cálculos têm que ser feitos manualmente.
As viaturas A5+ vão dispor também de sistema de posicionamento e navegação, composto tanto por GPS quanto por outro recurso de navegação que independe de satélite. “Já o A5 não possui essas ferramentas. Se a guarnição precisar de navegação geoposicionada, tem que levar um equipamento adicional para dentro da viatura”, explicou o Cel Guimarães Jr.
A modernização de A5 para A5+ ocorre nos Estados Unidos, na indústria original dos obuseiros, a BAE Systems. As melhorias foram uma demanda realizada pelo EB. “A aquisição do modelo A5+ é um primeiro passo para que possamos adquirir novas tecnologias no futuro”, afirmou o Cel Sanzio.
Viaturas remuniciadoras
O navio de carga dos EUA trouxe também 40 viaturas remuniciadoras M992 A2. Estes blindados servem para fazer o reabastecimento de munição dos M109 durante uma operação e são empregados conjuntamente.
As 40 unidades remuniciadoras também receberão serviços de manutenção. “Essas viaturas estão em boas condições de uso, mas vão passar por revisão dos sistemas (alimentação, arrefecimento, motor, caixa de transmissão, trens de rolamento etc.), da troca de lubrificantes e substituição de componentes danificados”, disse o Cel Guimarães Jr. Ambos modelos de viaturas fazem parte do conjunto de equipamentos militares colocados à disposição para doação pelas Forças Armadas dos EUA, através do programa Vendas Militares para o Exterior.
FONTE: Diálogo Américas