Por Carla Sá e Laís Queiroz
O Exército vai controlar a distribuição de água para a população de 40 reservatórios de 10 mil litros cada que o governo do Estado irá implantar em alguns pontos das cidades de Colatina e Baixo Guandu no domingo (15). Esses reservatórios chegarão na região na manhã deste sábado (14).
Essa distribuição de água é necessária por causa do rompimento de duas barragens de rejeitos de minério da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, que aconteceu no dia 5 de novembro e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. A lama também chegará ao Espírito Santo e deve afetar o abastecimento de água de Baixo Guandu, Colatina e Linhares.
Ainda não se sabe quantos reservatórios ficarão em cada município. “O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) está acelerando o processo de tratamento da água captada e ela será colocada nessas reservas”, explicou o secretário de Meio Ambiente do Estado, Rodrigo Júdice.
Os reservatórios de armazenamento de água potável foram doados pela empresa Fortlev. Além disso, para garantir o abastecimento, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto em Colatina também está buscando água na Lagoa do Batista para tratá-la e utilizá-la quando não for possível utilizar a água do Rio Doce.
Exército
A presença do Exército nas cidades, além do controle na distribuição de água, funcionará como apaziguador para a população da região preocupada com a aproximação da lama, conforme destacou Júdice.
O envio de homens foi confirmado pelo comandante do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, coronel Edson Massayuki, ao governador Paulo Hartung. O secretário de Meio Ambiente do Estado disse que a lama está passando por Resplendor, em Minas Gerais. “Ela está ‘andando’ em uma velocidade de 1 km por hora”.
Cota para receber água em Colatina
Para garantir que toda a população receba água de qualidade e em quantidade suficiente para enfrentar o momento, a prefeitura de Colatina vai estipular cotas para as famílias, que poderão buscá-la nos pontos estratégicos de distribuição, de acordo com o prefeito Leonardo Deptulski.
Apesar de não ter ainda uma cota estipulada, o prefeito afirmou que o plano com essa medida é de atender 30% do consumo que a cidade tem hoje, cerca de 34 mil metros cúbicos por dia.
“Com isso será preciso que a população economize ainda mais a água. Vamos entrar em regime de crise onde cada um vai ter que fazer sua parte na economia”, disse.
Deptulski explicou ainda que o abastecimento não será feito direto na rede para assegurar que todos tenham água em casa, já que quando se produz menos água do que se consome, o sistema abastece as áreas mais baixas e a água acaba não chegando nas partes mais altas da cidade.
“Vamos fazer o inverso. Dividimos a cidade em regiões e vamos levar os carros-pipa aos reservatórios, encher no alto do morro e abastecer essas localidades. Fizemos a projeção de quanto cada região gasta de água hoje e quanto vamos abastecer em cada uma. O importante é que vai ter água de qualidade gratuita para as famílias”.
Água do Rio Guandu
Baixo Guandu vai deixar de captar água do Rio Doce para transformar o Rio Guandu em sua fonte principal. O prefeito Neto Barros disse que os trabalhos para o início da captação estão perto de ser concluídos.
“Temos uma central de bombas para captar água do Rio Doce para a Estação de Tratamento. Agora vamos captar do Rio Guandu. Já mexemos na barragem. No começo vai ser algo paliativo, mas depois será definitivo”, afirmou o prefeito.
Ele disse que não crê que a entrega de reservatórios de água seja a melhor solução por achar que as pessoas vão disputar pelo líquido. “Vai virar um problema sério de segurança pública. Isso vai ser um pandemônio”, prevê o prefeito.
A cidade decretou estado de calamidade pública nas áreas afetadas pela estiagem dos últimos meses. Ele alegou que a situação piorará com a chegada da lama.
FONTE: A Gazeta