CA-LESTE: A vanguarda da simulação de combate do Exército Brasileiro

Por 1º Sgt Infantaria Thiago Elias Monteiro*

O Centro de Avaliação de Adestramento do Exército (CAAdEx) foi criado pela Portaria Ministerial nº 525, de 21 de agosto de 1996, na cidade do Rio de Janeiro(RJ), vinculado ao Comando de Operações Terrestres, para efeito de orientações e supervisão de avaliação de adestramento e subordinado diretamente ao Comando Militar do Leste.

Situado na Vila Militar, o Centro recebeu a denominação histórica de “Centro de Avaliação de Adestramento General Álvaro Braga” em homenagem ao General Álvaro Alves da Silva Braga. Foi um militar dedicado e empenhado nas atividades de instrução da tropa, vindo ainda como capitão a escrever o livro “Problemas de Instrução” que, pela primeira vez, organizou um programa pormenorizado de instrução para unidades de infantaria. Na opinião de companheiros à época, um verdadeiro “guia para capitães”. Destacou-se ainda, na Revolução Comunista de 1935, comandando uma Companhia de Metralhadoras; na 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária da Força Expedicionária Brasileira na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial e no comando da Força Interamericana de Paz em São Domingos, entre outras.

Em 13 de outubro de 2017, por determinação do Comandante do Exército, passou a denominar-se Centro de Adestramento – Leste (CA – Leste). Essa mudança marcou a inserção de novas capacidades à unidade, tornando-a plena na condução das três modalidades de Simulação de Combate: Simulação Viva, Virtual e Construtiva.

Simulação de Combate é a reprodução conforme regras predeterminadas de aspectos específicos de uma atividade militar ou de operação de material de emprego militar, utilizando um conjunto de equipamentos, softwares e infraestruturas inerentes à atividade. A Simulação de Combate pode ser conduzida em três modalidades: Simulação Viva, Simulação Virtual e Simulação Construtiva.

Simulação Viva é a modalidade na qual são envolvidos agentes reais, operando sistemas reais (armamentos, equipamentos, viaturas e aeronaves de dotação) no mundo real, com o apoio de sensores e dispositivos apontadores laser que simulam os efeitos dos engajamentos em que eles se envolverem.

Simulação Virtual trata-se da modalidade na qual são envolvidos agentes reais, operando sistemas simulados em cenários gerados em computadores. Essa modalidade usa dispositivos que substituem sistemas de armas, veículos, aeronaves e outros equipamentos, cuja operação exija elevado grau de adestramento ou que envolva riscos e/ou custos elevados para operar.

Simulação Construtiva também conhecida como “Jogos de Guerra”, envolve tropas e elementos simulados, operando sistemas simulados controlados por agentes reais, normalmente numa situação de comandos constituídos. A ênfase dessa modalidade é a interação entre pessoas divididas em forças oponentes que se enfrentam sob o controle de uma direção de exercício, buscando adestrar a capacidade de comando e controle em operações.

Apesar de ser uma organização militar com pouco mais de duas décadas de existência, já realizou inúmeras atividades de relevância para a Força Terrestre, participando do treinamento de mais de 47.000 militares ao longo dos seus 26 anos, onde podemos destacar:

– Exercícios de Simulação Construtiva (Jogos de Guerra) para militares da ESAO e ECEME.

– PCI (Pedido de Cooperação de Instrução) para militares da ESAO e ECEME.

– Diversas certificações das unidades de emprego peculiar, como tropas blindadas, paraquedistas, aeromóveis, unidades de selva etc.

– Estágios setoriais de Observador e Controlador do Adestramento (OCA).

– Manobras escolares da ESA e AMAN.

– Exercícios de Simulação Virtual da Subunidade da Operação Culminating (Exercício combinado entre Brasil e Estados Unidos da América, ocorrido nos Estados Unidos em 2020).

– Preparo de mais de 5 mil militares das tropas do Comando Conjunto, no contexto da Intervenção Federal no Rio de Janeiro, no ano de 2018.

O Centro de Adestramento Leste conta com o que há de mais moderno em equipamentos de simulação de combate no Brasil, que são os Dispositivos de Simulação e Engajamento Tático (DSET), dispositivos acoplados ao armamento e capacete e que transmitem sons e informações próximos a uma situação de combate real. Dessa forma, pode-se avaliar os níveis de adestramento de determinada tropa, valendo-se de dados quantitativos e qualitativos; o que permitiu contribuir para a evolução doutrinária das unidades e tropas adestradas, além de possibilitar maior economicidade dos meios de adestramento empregados, por meio da utilização de munição de festim.

Nesse sentido, em um contexto onde o Exército Brasileiro é frequentemente empregado em operações de Garantia da Lei e da Ordem, de norte a sul do país, o Centro de Adestramento Leste segue contribuindo para o preparo da Força Terrestre na condução do adestramento de tropas, visando ao emprego em operações de amplo espectro dos conflitos, aos níveis mais próximos da realidade e por meio da simulação de combate.

FONTE: EBlog

(*): 1º Sgt Infantaria Thiago Elias Monteiro, turma de 2005 ESA. Licenciado em Ciências Sociais pela UFRJ, Estágios Militares: Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Gerenciamento de Crise e Negociação e Observador e Controlador do Adestramento (OCA). Publicou artigo científico intitulado “Olhar à direita: recrutamento e empoderamento de soldados em um quartel do Exército Brasileiro”, na Revista Anuário da AMAN, em 2015 e apresentou o mesmo trabalho como projeto de pesquisa na X Semana de História Política na UERJ, em 2015.

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