Em 1645, dezoito patriotas inconformados com o domínio do invasor holandês, sob a liderança do português João Fernandes Vieira e conduzidos por André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias, na harmonia das três raças fortes – branco, negro e índio -, assinaram a proclamação:
“Nós abaixo assinados, nos conjuramos e prometemos, em serviço da liberdade, não faltar, a todo o tempo que for necessário, com toda a ajuda de fazendas e de pessoas, contra todo o risco que se oferecer, contra qualquer inimigo, em restauração da nossa Pátria…”.
Estava firmado o compromisso de luta contra o jugo estrangeiro ao país. Homens rudes, com invulgar sentimento nacional, semearam naquele momento a semente do patriotismo que hoje anima e enche de orgulho cada integrante do Exército de Caxias. Tinha início uma trajetória de mais de três séculos, alternando o sacrifício das lutas pela integridade territorial, integração nacional e defesa da nossa soberania, com a aspereza dos treinamentos no dia-a-dia dos quarteis.
A história do Exército Brasileiro confunde-se com a formação da nossa nacionalidade, na exata medida em que a vida dos nossos soldados insere-se na sociedade a que servem e da qual provêm. Neste ano em que alcançamos 367 anos, homenageamos também duas fontes perenes de inspiração do mais puro e verdadeiro patriotismo. Há 150 anos nascia Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon, cuja trajetória de vida foi caracterizada por desafios, dificuldades e perseverança, típicos da vida militar. Ninguém o superou no esforço épico pela integração nacional, muito menos pela grandeza e sentimento humanitários na proteção dos indígenas brasileiros.
Rondon, o grande pioneiro e desbravador, é a mais bela síntese de cidadão-soldado do Brasil do Século XX.
No próximo dia 8 de maio, celebraremos, também, os 70 anos da vitória na memorável campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, construída por homens e mulheres comuns, mais uma vez negros, índios, pardos e brancos, enviados para lutar em solo estrangeiro, muito longe da Pátria e em defesa dos ideais de liberdade e democracia tão caros ao povo brasileiro.
Hoje, o Braço Forte e a Mão Amiga se desdobram no processo de Transformação para configurar uma nova Força Terrestre que assegure ao Exército de sempre a capacidade de atender aos novos desafios exigidos por um Brasil protagonista na comunidade internacional.
Uma nova Força Terrestre para o mesmo Exército, sempre presente nos mais remotos rincões do território, a proporcionar estabilidade, segurança, defesa e ações em prol do desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e social.
Uma nova Força Terrestre para o mesmo Exército, sempre democrático, apartidário e inteiramente dedicado ao serviço da Nação, desenvolvendo suas atividades em ambiente respeitoso, humano, fraterno, digno, honesto, disciplinado, responsável e solidário.
Uma nova Força Terrestre para o mesmo Exército, sempre orgulhoso de sua história e apegado aos valores que o sustentam e lhe dão coesão, com forte senso de responsabilidade social, consciente da necessidade de ir além do que prescreve a destinação tradicional de uma força armada, ciente do papel de provedor de necessidades básicas de populações cuja segurança e até mesmo sobrevivência não encontram alternativas que não as proporcionadas pelo “Braço Forte – Mão Amiga”.
Parabéns Exército Brasileiro! Parabéns aos nossos que diuturnamente cumprem suas missões de soldado com devoção, movidos tão somente pelo amor ao dever, ao Exército e ao Brasil. Aos que neste momento guarnecem nossas fronteiras; aos que neste momento se desdobram nas inóspitas frentes de trabalho; aos que neste momento lutam pela paz no Haiti; aos que nesse momento se dedicam à missão pacificadora na Comunidade da Maré, onde o Sargento Mikami doou sua vida, como fizeram os heróis de Guararapes. Reverenciamos a sua honra e coragem para vencer desafios, e o seu sentimento do dever, exemplos para todos nós. Assim, mais do que receber um fraternal reconhecimento de consideração, estima, respeito e confiança, o Exército faz por merecê-lo, atento ao que disse o historiador Gustavo Barroso:
“Todos nós passamos. O Brasil fica. Todos nós desaparecemos, o Brasil fica. O Brasil é eterno. E o Exército deve ser o guardião vigilante da eternidade do Brasil”.
Brasília, DF, 19 de abril de 2015.
General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas
Comandante do Exército