No dia 10 de junho, data de nascimento do Marechal Emílio Luís Mallet, o Barão de Itapevi, o Exército Brasileiro comemora o Dia da Arma de Artilharia.
Emílio Luís Mallet, filho de Jean Antoine de Mallet e Julie Marie Joseph Denys de Montfort, nasceu no ano de 1801, na cidade de Dunquerque, na França.
Em 1818, com apenas 17 anos de idade, desembarcou, em terras brasileiras, o jovem gaulês que receberia o convite do imperador Dom Pedro I para alistar-se nas fileiras do Exército nacional, em vias de organização. Assentou praça como 1º cadete em 13 de novembro de 1822, na Brigada de Artilharia a Cavalo da Corte.
Em 1823, matriculou-se na Academia Militar do Império, onde, por possuir cursos de Humanidades e Matemática adquiridos na Escola Militar de Saint-Cyr, foi-lhe dado acesso ao curso de Artilharia. Naquele mesmo ano, jurava a Constituição do Império, adquirindo a nacionalidade brasileira, reconhecida pelo Conselho Supremo Militar.
Na Batalha do Passo do Rosário, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), em 20 de fevereiro de 1827, o então 1º Tenente Mallet recebeu seu batismo de fogo, no comando de uma fração de artilharia, evidenciando sangue frio, inteligência privilegiada e extrema bravura, valores militares que seriam seu apanágio e o fariam respeitado por sua tropa, seus aliados e seus inimigos.
No ano de 1831, como consequência de mudanças na estrutura das forças militares, deixou o serviço ativo. Entretanto, nos anos seguintes, o Império iniciou um período de instabilidade política, com revoltas que ameaçavam a manutenção de sua integridade territorial de norte a sul do País. Assim, durante a Revolução Farroupilha, Mallet, preocupado com a unidade da Nação, aderiu à causa brasileira, sendo convocado, em 1837, para lutar como Major da Guarda Nacional. Terminado o conflito, foi desmobilizado e retornou às atividades civis.
Em 1851, chamado por Caxias, reintegrou-se ao Exército Imperial, no posto de capitão, para lutar nas Guerras contra Oribe e Rosas, em 1864, e contra Aguirre no Uruguai em 1865. Durante a Guerra da Tríplice Aliança, o então Coronel Mallet, no comando do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, teve atuação decisiva em Tuiuti, Lomas Valentinas, Peribebuí e Campo Grande, oportunidades nas quais seus atributos de coragem, lealdade, patriotismo e rigor no cumprimento dos deveres o evidenciaram como líder militar.
Entre os eventos que precederam a Batalha de Tuiuti, cabe destacar sua astuciosa decisão no sentido de proteger as 24 peças do Regimento com largo e profundo fosso, feito que imortalizou a célebre frase na história militar brasileira: “Eles que venham! Por aqui não passam!”. E não passaram. As cargas da cavalaria paraguaia não alcançaram êxito diante da defesa construída e dos fogos eficientes e eficazes da “Artilharia Revólver” de Mallet.
Em 1878, foi-lhe conferido o título de Barão de Itapevi pelo Governo Imperial, sendo promovido, por mérito, ao posto de brigadeiro e, em 15 de julho de 1885, a marechal de exército, coroando suas qualidades de chefe militar exemplar.
Em 2 de janeiro de 1886, Mallet faleceu com 84 anos, na cidade do Rio de Janeiro, encerrando a trajetória do oficial de grande destaque nas diversas campanhas que mantiveram a integridade territorial do Império.
O Exército Brasileiro, por meio do Decreto nº 21.196, de 23 de março de 1932, como justo reconhecimento, consagrou o Marechal Mallet com a honra de se tornar o maior símbolo de inspiração para todos os artilheiros: Patrono da Arma de Artilharia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, em 16 de setembro de 1944, no sopé do Monte Bastione, ocorria o batismo de fogo da Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), atualmente Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, quando seus obuses apoiaram a progressão de um destacamento do qual faziam parte o 6º Regimento de Infantaria, um pelotão de reconhecimento brasileiro e um pelotão de carros americano. Guiados pelos ideais de Mallet, os artilheiros da FEB destacaram-se, mais uma vez, pelos tiros certeiros e altamente eficazes nas Batalhas de Montese, Massarosa, Camaiore, Castelnuovo e Monte Castello, entre tantas outras, contribuindo para a vitória final.
A Artilharia, desde o período entre a Idade Antiga e Média, quando era constituída por engenhos que impulsionavam os projéteis pela força elástica de cordas, ou entre o final da Idade Média e Segunda Guerra Mundial, quando os projéteis eram lançados pela explosão da pólvora, até os dias atuais, das plataformas lançadoras de mísseis e foguetes, encontra-se em permanente evolução, sendo um importante meio de dissuasão à disposição das nações.
No contexto do Processo de Transformação em desenvolvimento no Exército Brasileiro, foi elaborado o Programa Estratégico ASTROS 2020, a fim de dotar a Força Terrestre de meios capazes de prestar um apoio de fogo de longo alcance, com elevada precisão e letalidade, ampliando a capacidade de dissuasão extrarregional do País. Assim, novos armamentos estão em desenvolvimento, como o foguete guiado, utilizando-se a concepção do atual SS 40, da família do Sistema ASTROS II, em uso pelo Exército Brasileiro, e o míssil tático de cruzeiro – TM 300, capaz de atingir alvos a 300 km de distância, fabricado pela AVIBRAS, ambos com possibilidade de emprego dual na defesa do litoral.
Além disso, com a aquisição e a chegada dos obuseiros autopropulsados M109 A5+BR 155mm, que possuem alcance de até 30 km e tecnologia embarcada de última geração, a Artilharia do Exército Brasileiro equipara-se a dos países com as artilharias mais modernas do mundo, cooperando para a defesa da Pátria.
Ainda na linha de modernização do Exército, encontra-se em curso o Programa Estratégico Defesa Antiaérea, que visa proporcionar à Força Terrestre capacidade de reequipar as organizações militares de Artilharia Antiaérea – mediante a aquisição de novos meios, a modernização dos já existentes, o desenvolvimento de itens específicos pelo fomento à Indústria Nacional de Defesa, a capacitação de pessoal e a implantação de um Sistema Logístico Integrado (SLI) –, para oferecer suporte aos Produtos de Defesa (PRODE) durante todos os seus ciclos de vida, contribuindo, sobremaneira, para a defesa das estruturas estratégicas do Brasil.
O combate moderno requer dos artilheiros do Exército de Caxias um permanente aprimoramento profissional, técnico e tático, buscando acompanhar a contínua incorporação de novas tecnologias para o aperfeiçoamento dos materiais e o adestramento da tropa, de modo que a Artilharia continue a ser nos campos de batalha “a última ratio regis”.
Artilheiros do Brasil, que os valores e as tradições legados por seu insigne patrono, forjados por seu notável espírito militar, caracterizado por bravura, coragem, devotamento, espírito de corpo e abnegação reflitam-se na rapidez e precisão da arma dos fogos largos, densos e profundos, constituindo-se em modelo perene para as novas gerações.
É com o fogo que se ganham as batalhas!!
Parabéns, artilheiros!!!