A pedido do ministro da Defesa, José Múcio, o Exército incluirá representantes da China entre os convidados do I Seminário Internacional de Doutrina Militar Terrestre, que acontecerá a partir de 30 de maio. A informação foi confirmada pelo Centro de Comunicação Social do Exército.
A linha do seminário foi reforçada pelo general de brigada Marcelo Pereira Lima de Carvalho, chefe do Centro de Doutrina do Exército. Num texto dedicado a introduzir os objetivos do seminário, o general exemplificou um de seus objetivos: “Verificar as tendências das ameaças, em médio e longo prazos, sinalizando para possíveis soluções com o propósito de se contrapor a essas ameaças”.
Foi esta percepção que levou o Itamaraty a acionar Lula. O presidente, então, colocou o ministro José Múcio em operação. Se a exclusão da Rússia e da Ucrânia parecia óbvia em função de seu envolvimento no presente conflito, não é este o caso da China.
A dinâmica do seminário, que vai durar três dias, prevê “troca de experiências profissionais”, o que levará as delegações de militares americanos e chineses a compor grupos de trabalho para discutir – em inglês – os temas das palestras do seminário, que incluem “guerra híbrida” e “operações multidomínio”. Estas operações envolvem conceitos desenvolvidos pelos americanos no contexto da crescente tensão com China e Rússia. As delegações serão compostas de coronéis, tenentes-coronéis e majores e os grupos de trabalho serão mediados por brasileiros.
A lista original de participantes do seminário expôs as diferenças históricas entre o Itamaraty e as Forças Armadas sobre as parcerias estratégicas do Brasil. Não foi o primeiro atrito neste governo. Itamaraty e Defesa também tiveram opiniões contrárias em relação à venda de blindados para a Ucrânia que, na visão dos militares, seria importante para a indústria nacional.
A simpatia dos militares brasileiros à condição de aliado extra-Otan do Brasil, alcançada no governo Jair Bolsonaro, tampouco é compartilhada pelo atual governo.
FONTE: Valor