Virgin Orbit nomeia próxima missão e expande operações para o Brasil

Por Pedro Pallotta e Thomas Burghardt

Após o primeiro lançamento bem-sucedido do LauncherOne em janeiro, a Virgin Orbit pretende lançar sua próxima missão em junho. Enquanto a campanha de lançamento está em andamento, o pequeno provedor de lançamento de satélites continua a garantir locais adicionais em todo o mundo para as sua operações, adicionando seu mais novo site no Brasil.

Em cerimônia realizada na Base Aérea de Brasília, a empresa foi uma das qualificadas para seguir para a fase de contratação e operação de seus foguetes no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O objetivo da Virgin Orbit é usar a base militar do aeroporto como um centro de operações móveis, aumentando sua cadência de missão e atendendo a mais clientes.

LauncherOne Flight Three previsto para junho

Em janeiro, o foguete LauncherOne alcançou a órbita com sucesso com dez satélites da NASA a bordo. A missão Launch Demo 2 foi a segunda tentativa de lançamento orbital da Virgin Orbit, após um voo inaugural sem sucesso em maio de 2020.

Com as missões de demonstração concluídas, a empresa está se preparando para seu terceiro lançamento, previsto para ocorrer no máximo em junho. A missão foi chamada de “Tubular Bells, Part One”, em homenagem ao primeiro álbum gravado pela Virgin Records.

A bordo estarão várias cargas úteis de clientes governamentais e comerciais. Três CubeSats do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, sob a designação de missão STP-27VPA, serão lançados como parte do Programa de Teste Espacial.

Também a bordo estará o satélite Brik II, construído pela Innovative Solutions in Space para a Royal Netherlands Air Force. Brik II será o primeiro satélite militar da Holanda, servindo principalmente como um teste de comunicações CubeSat 6U.

Finalmente, dois satélites comerciais para a constelação STORK da empresa polonesa SatRevolution serão lançados na missão. STORK-4 e 5 serão os dois primeiros dos 14 CubeSats 3U a serem lançados para a constelação óptica de observação da Terra.

Os satélites serão colocados em órbita circular de 500 Km, com inclinação de 60°. A missão, como os dois voos anteriores do LauncherOne, será conduzida a partir do Porto Aéreo e Espacial de Mojave, na Califórnia, o primeiro de vários locais de lançamento que a Virgin Orbit vem desenvolvendo ou das operações do LauncherOne.

Um novo lar para a “Cosmic Girl”

No dia 28 de abril, o Comando da Força Aérea Brasileira e a Agência Espacial Brasileira anunciaram as empresas selecionadas para operar as atividades espaciais em evento que contou com várias autoridades, como o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e único astronauta brasileiro, Marcos Pontes, além de representantes de empresas e embaixadores dos países de origem.

O processo seletivo teve início em 2020 e foi concluído com quatro empresas que vão atuar em diferentes pontos do centro de lançamento, com destaque para a Virgin Orbit, por ser a mais recente integrante do clube de lançadores orbitais, após atingir a órbita em janeiro de 2021.

Escolhida para operar no aeroporto, a empresa terá uma base de operações em localização privilegiada, o que facilitará uma inserção orbital mais eficiente e, consequentemente, maior desempenho da carga útil do foguete LauncherOne. Por estar localizado a cerca de 2° do Equador, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) permite o lançamento para órbitas equatoriais com maior facilidade, o que se traduz em um grande aumento de eficiência para lançamento de foguetes em órbitas de baixa inclinação como as órbitas geoestacionárias.

Apesar das vantagens, a Virgin precisará superar muitas dificuldades na região, como a falta de infraestrutura tanto no aeroporto, que terá que ser modernizado para receber o Cosmic Girl Boeing 747-400 da empresa, quanto nas proximidades da base, por ser um município muito carente e que carece de serviços básicos de saúde, saneamento básico e ligação com a cidade de São Luís.

O próprio centro de lançamento tem acesso limitado à internet, além da necessidade de se viajar de helicóptero para chegar à região mais rápido, do que as cerca de três horas de viagem de balsa e pelas estradas do interior do Maranhão.

O objetivo da empresa será movimentar todos os equipamentos necessários à operação do LauncherOne em conjunto com a Cosmic Girl, utilizando o aeroporto apenas como base provisória, permitindo os preparativos finais para o lançamento, bem como as atividades de reabastecimento de missão antes do retorno ao Mojave Air and Space Port na Califórnia, Estados Unidos.

O saldo da Virgin Orbit tende a ser positivo se ela conseguir fazer um acordo favorável com o governo brasileiro, que obrigará a empresa a investir na modernização e melhoria da infraestrutura, além de pagamentos pelo uso da base. Além disso, há um compromisso social com as comunidades quilombolas que vivem na região, que são formadas por descendentes de escravos e que vivem no entorno do centro de lançamento, o que já gerou muitos conflitos entre governantes e grupos de direitos humanos, que buscam preservar a cultura e as tradições desses povos.

Depois de muitos contratempos e grandes erros em seu programa espacial, o Brasil abre seu território à operação de empresas privadas. Com a permissão concedida à Virgin Orbit, o maior país da América Latina finalmente poderá realizar um lançamento orbital e obter uma fatia do mercado espacial multibilionário, que deve se tornar um mercado de trilhões de dólares nas próximas décadas.

Até agora, o país lançou apenas foguetes de sondagem e suborbitais, carecendo de um projeto mais amplo e consistente para um programa de lançamento orbital. Houve um acidente com o Veículo Lançador de Satélite (VLS), com um fim trágico dias antes do lançamento, matando 21 pessoas após a explosão de um foguete. Desde então, todas as tentativas do país de criar novos foguetes orbitais foram infundadas.

Mas depois de assinar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os Estados Unidos em 2019, o país obteve autorização para lançar foguetes com componentes americanos garantindo a proteção de sua propriedade intelectual.

Com essas novas parcerias, a Agência Espacial Brasileira está aberta para negócios e se preparando para decolar.

FONTE: NASA

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