No próximo dia 28 de setembro, a Junta Interamericana de Defesa (JID), sediada em Washington-DC, realizará um Seminário sobre Mulheres, Paz e Segurança (MPS) no Sistema Interamericano, com o propósito de divulgar experiências bem-sucedidas sobre a perspectiva de gênero no campo da defesa e segurança hemisférica, bem como contribuir para a cooperação entre os países do continente americano na matéria.
Para apresentar aos nossos leitores mais informações sobre esse relevante tema, realizamos uma entrevista com a Capitão de Corveta Taryn Machado Senez, da Marinha do Brasil, Assessora de Gênero e Direitos Humanos da Secretaria Geral da Junta Interamericana de Defesa.
Defesa Aérea & Naval (DAN) – Você pode falar um pouco mais sobre o Seminário?
Capitão de Corveta Taryn – O Seminário sobre Mulheres, Paz e Segurança no Sistema Interamericano, que está sendo promovido pela Junta Interamericana de Defesa (JID) está programado para ocorrer no próximo dia 28 de setembro de 2023, das 9h às 13h (horário de Washington-DC), de maneira VIRTUAL, via Zoom e Youtube da JID, com tradução simultânea em inglês, espanhol e português.
O evento é aberto a todos os que têm interesse pelo tema e as inscrições podem ser realizadas diretamente no nosso site: www.jid.org.
DAN – Quais os principais objetivos desse evento?
CC Taryn – Acredito que um dos principais propósitos do nosso Seminário é dar publicidade adequada às experiências bem-sucedidas sobre a perspectiva de gênero no campo da defesa e segurança hemisférica, além de contribuir para o desenvolvimento da cooperação entre os países do continente nesta matéria. O evento representa também uma valiosa oportunidade para reunir importantes informações sobre o tema junto aos Estados membros, de forma que possamos bem assessorar aqueles que nos demandam na elaboração de medidas específicas da Agenda MPS, ponto de partida para a JID contribuir para o aprimoramento dos mecanismos de integração de mulheres nas Forças Armadas de cada país.
DAN – Você pode citar alguns palestrantes do evento?
CC Taryn – Sim, claro. Montamos esse Seminário com bastante carinho, buscando oferecer aos participantes painéis que contarão com a presença de figuras de referência mundial na Agenda MPS, como por exemplo:
– Alejandra Mora Mora, Secretária Executiva da Comissão Interamericana de Mulheres (CIM/OEA), que tratará do tema “A Agenda MPS na Comissão Interamericana de Mulheres (CIM/OEA)”.
– Jesus Ignacio Gil Ruiz, Especialista em MPS da ONU Mulheres- Bogotá, Colômbia, com o tema “Introdução à Agenda MPS: Origem e importância”.
– Duilia Mora Turner, Assessora de Mulheres, Paz e Segurança e Assuntos Internacionais, com o painel “Competição de Grandes Potências e MPS”.
– Tahina Montoya, Assistente especial do secretário adjunto da Força Aérea Americana para a administração Biden-Harris e Especialista em Mulheres, Paz e Segurança, com experiência de trabalho nos níveis tático, operacional e estratégico nos Estados Unidos. Ela falará sobre “A importância da Agenda MPS na educação militar”.
– Frieda Garcia, Assessora de Gênero do Colégio Interamericano de Defesa, SME de Mulheres, Paz e Segurança (WPS) e Podcaster, que apresentará o tema “A agenda MPS no Colégio Interamericano de Defesa”.
Também participarei como palestrante, apresentando o tema “A agenda MPS na Junta Interamericana de Defesa”.
DAN – Finalizando, você pode em rápidas palavras fazer um resumo da importância dessa Agenda MPS no contexto hemisférico e mundial?
CC Taryn – A Junta Interamericana de Defesa (JID), como parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), tem por objetivo prestar serviços de assessoramento técnico, consultivo e educativo à OEA e a seus Estados membros em assuntos relacionados com questões militares e de defesa no Hemisfério, a fim de contribuir para o cumprimento da Carta da OEA nos seus quatro pilares: Democracia, Direitos Humanos, Segurança e Desenvolvimento, com foco principal no pilar Segurança.
Assim, como esfera de ação, o papel da JID está orientado para, quando demandada, assessorar os 29 Estados Membros no avanço da incorporação de mulheres nas organizações civis e militares de defesa.
A participação de mulheres nas Forças Armadas não é assunto recente, mas ganhou verdadeiro impulso com a aprovação unânime do Conselho de Segurança da ONU da Resolução 1325, em 31 de outubro de 2000. A Resolução 1325 foi o primeiro documento formal e legal do Conselho de Segurança que exigia que as partes em conflito impedissem violações dos direitos das mulheres e apoiassem a participação das mulheres nas negociações de paz e nos processos de reconstrução pós-conflito, além de protegerem as mulheres da violência sexual em tempo de guerra.
Desde então, a resolução tornou-se uma estrutura organizativa para a Agenda de Mulheres, Paz e segurança, referenciando a adoção de Planos Nacionais nessa temática, que têm proporcionado avanços fundamentais, promovendo a maior participação e integração das mulheres em todas as atividades de defesa e segurança.
Dentro das diferentes áreas de enfoque da Resolução Nº 1325 (2000) e das resoluções Subsequentes das Nações Unidas sobre o tema, a Secretaria da JID, considerando suas atribuições e capacidades, enfatiza junto aos Estados Membros a importância do avanço contínuo em diversos pontos da Agenda MPS, como a Incorporação de mulheres nas instituições de defesa; o desenvolvimento de políticas de defesa e regulamentos institucionais que ofereçam a todos os membros da comunidade de defesa a oportunidade de desenvolver uma carreira militar, sem considerações de gênero; a inclusão das mulheres nos processos de prevenção e resolução de conflitos e na construção da paz; e uma maior inserção de mulheres em funções de comando e em processos de tomada de decisão.
Este Seminário é uma prova do que as instituições podem alcançar quando incluem mulheres. É um testemunho da tenacidade de mulheres fortes, que demonstram todos os dias que suas contribuições são extremamente valiosas para suas instituições e sociedades, sendo uma comprovação da importância de trabalharmos todos juntos.
Nota do Editor: O Defesa Aérea & Naval gostaria de agradecer a Capitão de Corveta Taryn Machado Senez, da Marinha do Brasil, pela gentileza em conceder esta entrevista.