DAN – Qual o atual estágio da modernização dos caças A-4 Skyhawk (AF-1) na Embraer? Existe a possibilidade de mais aeronaves serem enviadas para modernização?
AE Leal Ferreira – O Programa de Modernização das aeronaves AF-1/1A significa um salto de qualidade da aviação naval brasileira. Os equipamentos que estão sendo instalados representam o estado da arte em termos de aviônica e sensores. As primeiras impressões, obtidas pela campanha de ensaio realizada pela Embraer, são as melhores possíveis. As capacidades incorporadas à aeronave têm se demonstrado promissoras, no que diz respeito ao incremento da operacionalidade do meio. Inclusive, a primeira aeronave deverá ser entregue à Marinha do Brasil (MB) no próximo dia 26 de maio.
A despeito do sucesso do programa, a Força não tem intenção, neste momento, de aumentar o número de aeronaves que estão em processo de modernização, em função de outros projetos que existem em andamento na Força.
DAN – Na arena aérea atual, o combate se faz com mísseis BVR. Está prevista a adoção de um míssil desta classe para nossos caças? Se afirmativo, qual seria?
AE Leal Ferreira – Essa possibilidade não foi descartada, mas a MB avalia a substituição dos atuais Sidewinder AIM-9H. Ressalta-se que os mísseis BVR, por serem de custo mais elevado, ainda não foram considerados.
DAN – Qual o míssil ar-ar será adotado? O A-Darter?
AE Leal Ferreira – O míssil Sidewinder AIM-9L/I-1 é avaliado, no momento, como sendo o de melhor custo-benefício, considerando as necessidades de integração com a aeronave. Entretanto, o míssil ainda não foi selecionado e, por essa razão, o A-Darter permanece com uma opção.
DAN – Está prevista a adoção da capacidade de lançar mísseis ar x superfície pelo VF-1?
AE Leal Ferreira – Essa possibilidade existe, mas ainda não há definição sobre um sistema que possa ser integrado à aeronave.
DAN – O programa das aeronaves COD/REVO está mantido? A criação do esquadrão VEC-1 está mantida?
AE Leal Ferreira – O Programa COD/AAR que visa à modernização, remotorização e reconfiguração de quatro células de aeronaves C-1 Trader, adquiridas da US Navy, para o padrão COD/AAR KC-2 Turbo Trader, está mantido. Em que pese as restrições financeiras impostas, as etapas contratuais estão sendo executadas conforme prevê o contrato em vigor. No entanto, não são descartados possíveis ajustes no cronograma físico-financeiro fruto do orçamento disponível para o Programa.
Vale ressaltar que a introdução da aeronave KC-2 é estrategicamente importante para a MB, por ser um dos meios necessários para viabilizar a operação da Força Naval em “Águas Azuis”. Seu alcance, suas capacidades de transporte de carga e de passageiros e de reabastecimento em voo permitirão um incremento considerável na dimensão logística da Esquadra.
Com a chegada desses novos meios, atualmente previstos para o período de 2018 a 2020, será criado o esquadrão VEC-1.
DAN – Para quando está prevista a decisão sobre as aeronaves AEW?
AE Leal Ferreira – A decisão para a implementação do Programa relativo às aeronaves AEW, avaliado como mais complexo e com necessidade de maior aporte de recursos dos que estão em curso, será tomada com base no resultado operacional do Programa COD/AAR, a fim de permitir uma avaliação mais precisa de sua viabilidade de implementação.
DAN – O Sr poderia falar sobre a proposta da SAAB para a MB, de desenvolver o caça naval Sea Gripen? Caso a MB opte pelo Sea Gripen, a operação se daria no NAe São Paulo ou apenas no futuro porta aviões do PRONAE?
AE Leal Ferreira – A empresa SAAB apresentou dados técnicos que indicam a possibilidade de uma futura versão naval da aeronave Gripen NG operar, com segurança, a bordo do NAe São Paulo.
Ainda de acordo com as estimativas iniciais, a atual expectativa de similaridade entre os modelos Gripen NG e o Sea Gripen está em torno de 90 a 95%, o que traria diversos benefícios quanto aos aspectos relativos à manutenção e ao treinamento. Devido à importância do Programa FX-2 da FAB, principalmente como instrumento de fomento da cadeia produtiva e aumento da autonomia do País na área de Defesa, considero que o desenvolvimento das aeronaves Sea Gripen seria uma importante oportunidade para consolidar o processo de transferência de tecnologia, confirmando a capacitação da Indústria de Defesa Nacional.
DAN – A aviação de asas rotativas na MB foi a que sofreu uma modernização impressionante nos últimos anos. O que o Sr poderia adiantar sobre a novas aeronaves de instrução para o HI-1, de novas aeronaves para o HU-1, da modernização dos Super Lynx, de novos Sea Hawk e dos novos helicópteros UH-15A?
AE Leal Ferreira – Quanto aos Bell Jet Ranger da MB, encontra-se em fase final o Projeto do Novo Helicóptero de Instrução (IH), que visa à obtenção de 30 aeronaves em dois lotes distintos: o primeiro de 21 aeronaves, até dezembro de 2015, e o segundo de 9 aeronaves, até 2030. No projeto estão participando as seguintes empresas/modelos de aeronaves: BELL Textron – BELL 407 GT; Agusta Westland – AW119KX e SW-4; e Eurocopter/Helibras – AS550 C3E (Fennec) e AS350 B3E (Esquilo).
Já para substituição dos UH-12/13 Esquilo, empregado em quatro Esquadrões de Helicóptero de Emprego Geral (HU-1, HU-3, HU-4 e HU-5) da Força, o PAEMB vislumbra a aquisição de 60 aeronaves divididas em três lotes (24, 24 e 12) até 2030. Para tanto, foi elaborado e está em trâmite para aprovação o Projeto do Novo Helicóptero de Emprego de Geral de Pequeno Porte (UHP).
Com relação à modernização dos Super Lynx, o contrato assinado com a Agusta Westland, em 30 de junho de 2014, para atualização de meia-vida de oito helicópteros Super Lynx AH-11A (Mk21A) prevê a substituição dos atuais motores pelo LHTEC CTS800-4N (os mesmos que equipam o AW159 Wildcat), do sistema de navegação, a inclusão do Full Glass Cockpit e novos sistemas de aviônica, além do pacote de suporte e treinamento.
As atividades de atualização terão início em meados de 2015 na fábrica da Agusta Westland, em Yeovil- Inglaterra, com o primeiro helicóptero programado para ser entregue ao Esquadrão HA-1 no segundo semestre de 2017 e a conclusão dos oito helicópteros prevista para o ano de 2019.
Com relação às aeronaves SH-16 Sea Hawk, destaco a sua capacidade emprego múltiplo sendo equipadas com um sonar de baixa frequência, um radar de múltiplas capacidades, um sistema MAGE e equipamento eletro-óptico (FLIR). Possuem ainda a possibilidade de lançamento do míssil Penguin, torpedo MK46 e, em breve, metralhadora lateral 7.62 mm. Em agosto de 2012 a MB recebeu as quatro aeronaves inicialmente contratadas, que foram transferidas para o setor operativo, sob a subordinação do HS-1, na mesma época.
As duas aeronaves restantes estão no seu final de construção na Planta de West Palm Beach-FL da empresa Sikorsky Aircraft Corporation, com a entrega prevista para ocorrer no início do segundo semestre de 2015.
Dos novos helicópteros UH-15/15A, até o presente momento, foram recebidas quatro aeronaves das 16 previstas para a MB no Projeto H-XBR. Esses meios aeronavais são de última geração e trazem consigo sofisticados e modernos equipamentos aeronáuticos.