Corveta Classe Tamandaré
DAN – Muito tem sido escrito sobre as características destas Corvetas. Gostaríamos que o senhor nos descrevesse as mesmas.
CA Rabello – A Corveta Classe Tamandaré (CCT) é uma evolução da Corveta Classe Barroso (CCB). A CCT tem o mesmo comprimento da CCB e possui boca e deslocamento ligeiramente maiores. A propulsão é do tipo CODAD, com quatro motores propulsores, dois eixos e hélices de passo controlado. O convoo das CCT é dimensionalmente maior que o da CCB e estruturalmente mais resistente, podendo receber aeronaves de porte do SH-16. As CCT serão dotadas de canhão de 76 mm na proa, mísseis superfície-ar do tipo VLS e mísseis superfície-superfície nacionais (MANSUP). A aeronave orgânica será o AH-11B (versão remotorizada), tendo o navio condição estrutural de operar com a aeronave SH-16.
DAN – Recentemente foi divulgado, durante o Seminário França-Brasil, que as Corvetas seriam construídas (ou integradas) em parte das instalações do no AMRJ, alocadas para essa finalidade. Adequar essas instalações fará parte do processo de seleção à ser divulgado, em breve, pela Marinha?
CA Rabello – A construção das Corvetas Classe Tamandaré no Brasil em uma unidade da Marinha está considerada no processo de obtenção dos meios. A MB iniciou os estudos de alternativas para adefinição do modelo de negócios a ser adotado, não havendo, no momento, qualquer definição.
DAN – Todas as experiências da Marinha com estaleiros privados nacionais não deram certo. Quais as opções que a Marinha estuda para contratar a construção de 4 corvetas?
CA Rabello – Não é verdade que todas as experiências com estaleiros nacionais não deram certo. A MB possui diversas experiências exitosas com estaleiros nacionais, haja vista a construção dos dois primeiros Navios-Patrulha classe “Macaé”, do Navio Hidroceanográfico Fluvial Rio Branco, das Embarcações de Transporte de Pessoal (ETP-M) e, em passado mais distante, as Corvetas Júlio de Noronha e Frontin, o Navio-Tanque Gastão Mota e algumas unidades de Navios-Patrulha classe “Grajaú”.
De qualquer forma, a MB segue levantando dados para a definição dos parâmetros para a contratação da execução do projeto.
DAN – Qual ou quais estaleiros estrangeiros possuem porte e experiência suficiente para garantir não só a realização do empreendimento parcial (construir quatro navios), mas também aguardar pela sua continuação?
CA Rabello – Existem diversos estaleiros estrangeiros com notório conhecimento na construção naval militar que poderiam contribuir, ou associar-se a empresas nacionais, para a construção do lote de quatro corvetas. A decisão por mais corvetas poderá ser tomada pela MB em momento oportuno futuro.
DAN – A incerteza quanto à continuidade poderá afastar concorrentes importantes ou poderá causar elevação dos preços, pois talvez não haja demanda que permita recuperar os investimentos que serão feitos. Como não há no Brasil estaleiro com capacitação comprovada e atestada pela Marinha em construção naval militar, como se dará a contratação dessas corvetas?
CA Rabello – A MB ainda não estabeleceu os parâmetros para a contratação que, no entanto, será efetuada apenas para um lote de quatro corvetas. A decisão por mais corvetas poderá ser tomada pela MB, caso necessário, em momento oportuno.
DAN – Será enviada alguma carta à esses estaleiros convidando-os a participar desta concorrência/licitação? Quando deverá ser divulgado o pedido de proposta?
CA Rabello – A obtenção de preços de referência faz parte do processo administrativo para a contratação da construção dos meios. Desse forma, será enviada consulta a empresas qualificadas, em época oportuna, brevemente, em função do progresso da preparação da Especificação de Aquisição dos navios.
DAN – O offset não está diretamente relacionado com a chamada “transferência de tecnologia”, mas com “compensações comerciais”, diretas ou indiretas, de diversas naturezas. Que tipo de offset, o estaleiro escolhido terá que repassar a MB?
CA Rabello – O offset pode se dar por diversas formas, diretas ou indiretas, atentando à MB ou a outros setores do País. Vale ressaltar que MB privilegia a transferência de tecnologia como transação de offset, consoante com a orientação política em vigor.
DAN – A transferência de tecnologia mexe diretamente com questões de “propriedade intelectual”. A tecnologia de ponta está nas mãos das empresas estrangeiras e as exigências e os benefícios das EED e das “transferências de tecnologia” podem atrapalhar a conclusão da licitação/concorrência?
CA Rabello – A transferência de tecnologia pode ser um elemento que dificulte a preparação das propostas dos potenciais participantes, mas ela deve ser perseguida, mesmo em face de eventuais dificuldades, sobretudo pela contribuição que representam para o desenvolvimento tecnológico e industrial do País.
DAN – A VARD, empresa norueguesa, de propriedade majoritária do estaleiro Fincantiere italiano, foi a contratada para participar diretamente do projeto da Corveta. Em que estágio se encontra atualmente este projeto?
CA Rabello – O Projeto Básico das Corvetas – constituído de Projeto de Concepção, Projeto Preliminar e Projeto de Contrato – foi conduzido e concluído pelo Centro de Projetos de Navios, com concurso de empresa contratada por processo licitatório, a VARD Niterói.
Atualmente, encontra-se em fase de elaboração a Especificação de Aquisição dos Navios, pela Diretoria de Engenharia Naval, tomando-se por base o Projeto Básico desenvolvido pelo CPN.
DAN – Este fato impediria a VARD de participar da competição para construir as Corvetas?
CA Rabello – É importante ressaltar que Projeto de Engenharia é um produto do CPN, no qual a DEN se baseia na elaboração da Especificação de Aquisição. A evolução da Especificação tem detectado necessidades de pequenas alterações e de aperfeiçoamentos pontuais em parcelas do projeto do CPN, típicas dessa fase de projeto.
DAN – Outros estaleiros como o BAE, DAMEN, NAVANTIA e o próprio Fincantiere, fizeram alguma proposta para participar do programa da corveta Tamandaré?
CA Rabello – Apesar de algumas empresas internacionais já terem manifestado, em caráter geral, o interesse em participar do programa das Corvetas Classe “Tamandaré”, o processo de obtenção de propostas comerciais ainda não foi iniciado, pois depende do progresso na elaboração da Especificação de Aquisição dos Navios.
DAN – O sistema de combate da CV Tamandaré será uma versão modernizada do Siconta?
CA Rabello – A MB está satisfeita com a família de Sistemas de Controle Tático e de Armas (SICONTA) e entende que é importante investir na manutenção dessa capacitação, conseguida pela indústria nacional, enquanto vantajoso sob o ponto de vista técnico e financeiro. Dessa forma, é intenção o emprego de uma versão atualizada do SICONTA nas CCT.
DAN – A empresa que desenvolvia os Siconta era a Siem Consub, norueguesa, da área de offshore. Foi criada uma nova empresa (Consub Defesa e Tecnologia) também 100% de propriedade da SIEM, mas estaria sendo vendida para uma empresa de investimentos de origem norte-americana (Crow Consulting provavelmente com fortes ligações com a Lockheed Martin), não podendo então ser caracterizada como EED. Será aceita parceria da Consub com outra empresa estrangeira para absorver tecnologias de ponta na área de softwares para sistemas de comando e controle?
CA Rabello – A MB não vislumbra óbice quanto à alteração do quadro societário da empresa, por se tratar de alteração, a princípio, puramente empresarial, desde que confirmadas as mesmas condições dos contratos vigentes (razão social, CNPJ, responsabilidade, entre outros), não prejudicando a execução dos mesmos.
DAN – O Siconta é propriedade da Marinha, que está muita satisfeita com ele. Há alguma possibilidade de novas versões do Siconta serem entregues a uma empresa nacional e EED?
CA Rabello – Por ser propriedade da MB, o SICONTA pode continuar sendo desenvolvido por outra empresa, desde que observados os critérios técnicos, de habilitação, entre outros, de maneira a garantir os padrões e qualidades já estabelecidos.
DAN – Quando foi anunciado o radar Artisan 3D da BAE Systems/Bradar na Euronaval de 2014, perguntamos as outras empresas se elas teriam participado de alguma chamada da MB para apresentar propostas. Apenas a Thales foi instada a apresentar uma proposta preliminar e um “ROM Price”. Outros possíveis fornecedores foram consultados?
CA Rabello – A Marinha prevê, para o projeto da Corveta Classe Tamandaré, o emprego de um radar com relevante índice de nacionalização, inserido num projeto de desenvolvimento de um radar de busca volumétrica nacional. Não se descarta a participação de empresas estrangeiras nesse projeto, a fim de mitigar os riscos inerentes a um desenvolvimento de elevada complexidade.
DAN – Existe atualmente espaço para que outras empresas apresentem seus radares à MB? Que tipo de “transferência de tecnologia” foi acordada pela BAe Systems com a Bradar?
CA Rabello – A MB espera contar com a participação de diferentes fornecedores para os vários radares dos navios. Em consonância com as leis nacionais, as aquisições de equipamentos estrangeiros deve ser acompanhada do respectivo offset.
DAN – Esta “transferência” foi aceita pela Marinha?
CA Rabello – Até o presente momento, no âmbito do Setor do Material, não houve a assinatura de qualquer contrato relativo ao fornecimento ou desenvolvimento de equipamentos para a CCT.
DAN – A contratação da Bradar para desenvolver o Radar Gaivota é parte do acordo da Marinha com a BAe Systems para comprar o Artisan? Porque o IPqM não está liderando o projeto de desenvolvimento do radar nacional?
CA Rabello – Não existe, no âmbito do Setor do Material, qualquer acordo com a BAe Systems para a aquisição do radar Artisan. Essa empresa foi cogitada como uma provável parceira da empresa brasileira Bradar no desenvolvimento de um radar nacional. É importante ressaltar que há em curso iniciativas que visam ao desenvolvimento de tecnologia nacional na área de radares, atividades essas sendo conduzidas no âmbito da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha.
DAN – Qual o modelo de Radar de Direção de Tiro escolhido para a CV Tamandaré? Caso ainda não tenha sido escolhido, como se dará o processo para a seleção do mesmo?
CA Rabello – Ainda não há definição para o radar de direção de tiro, nem no que diz respeito a modelos, nem quanto ao processo de seleção.
DAN – Está confirmada a instalação do míssil SeaCeptor de lançamento vertical para a defesa AAe do navio? Qual foi o lançador escolhido?
CA Rabello – A decisão atual é pela instalação do Sistema Sea Ceptor, que emprega o Míssil CAMM (Common Anti-air Modular Missile). O lançador desse sistema é o ExLS, fornecido para empresa Lockheed Martin.
Modernização do Porta Aviões São Paulo
DAN – Sabemos que a existência do NAe é imprescindível para a Marinha. Sem um NAe, a Marinha estaria impedida (por lei) de utilizar os seus caças, atualmente em processo de modernização?
CA Rabello – O Art 1º do Decreto Presidencial nº 2.538, de 08 de abril de 1998, estabelece que a Marinha disporá de aviões e helicópteros destinados ao guarnecimento dos navios de superfície e de helicópteros de emprego geral, todos orgânicos e por ela operados, necessários ao cumprimento de sua destinação constitucional.
DAN – Isto também afetaria o uso das aeronaves KC-2?
CA Rabello – Sim.
DAN – O EB já estuda a criação de sua aviação de asa fixa, sem nenhuma limitação legal. Não seria este o momento da MB solicitar, via MD, o cancelamento do decreto que versa sobre aviação naval, acabando com as restrições que somente atingem a Marinha?
CA Rabello – O assunto é do interesse da MB, que está acompanhando o tema.
DAN – A MB já definiu o escopo final da modernização?
CA Rabello – O programa de modernização do NAe São Paulo está em sua fase inicial, onde os esforços estão concentrados na elaboração do projeto de concepção do sistema de propulsão elétrica integrada e de um novo sistema de geração de vapor para as catapultas. A parcela do programa de modernização atinente à modernização dos sistemas de vigilância eletrônica será conduzido pela Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM), após a conclusão dos estudos de exequibilidade ora em andamento.
DAN – Vários “sites especializados” escrevem com “certeza absoluta” sobre o custo final desta modernização. Nós do DAN, por respeito a nossos leitores, nunca “chutamos” um valor, pois até agora a MB não se manifestou oficialmente sobre o tema. Há uma perspectiva de quanto custará a modernização do meio?
CA Rabello – A atual fase do programa de modernização do NAe São Paulo – estudo de exequibilidade e elaboração do projeto de concepção do sistema de propulsão elétrica integrada e de um novo sistema de geração de vapor para as catapultas -, ainda não nos permite mensurar o seu custo com o grau de precisão esperado para a atual fase do projeto.
DAN – Partindo deste princípio, quando será iniciado o processo de seleção de novos radares para o NAe São Paulo? Eles serão 3D? Quais as opções estudadas?
CA Rabello – O processo de seleção de novos radares para o NAe São Paulo dar-se-á tão logo seja definido o início da fase de execução do Programa de Modernização. Visando à manutenção de suas capacidades de vigilância aérea e de superfície, bem como de controle e aproximação de aeronaves, deverão ser instalados no navio: um radar de busca combinada volumétrica (3D), preferencialmente idêntico ao selecionado para o Projeto das CCT, em substituição aos radares determinadores de altitude (de vante e de ré) e ao radar de busca combinada; e um novo radar de aproximação em substituição ao atual radar.
DAN – O radar de aproximação também será encomendado ou pode vir a ser um desenvolvimento local, em parceria, com uma empresa estrangeira?
CA Rabello – Este assunto será estudado com maior detalhe quando do início da parcela do programa de modernização referente à modernização dos sistemas de vigilância eletrônica. Neste momento, podemos salientar que todas as opções técnicas e comercias serão devidamente abordadas, no seu devido tempo. Em princípio, o radar de aproximação será adquirido no exterior. De modo a reduzir os riscos de falhas operacionais, buscar-se-á instalar no NAe São Paulo um modelo já empregado pelas grandes marinhas.
DAN – Uma parte vital desta modernização, a nosso ver, é a planta propulsora e de geração de energia do navio. Gostaria de saber se a Marinha já se decidiu sobre qual tipo de propulsão irá usar no navio?
CA Rabello – Os estudos ora em andamento apontam para a adoção de um sistema integrado de propulsão e de geração de energia “diesel-elétrica”.
DAN – Caso seja escolhida a opção de propulsão elétrica, qual o modelo escolhido? Ele será capaz de levar o NAe a velocidade ideal para lançar e recolher as aeronaves atuais e futuras?
CA Rabello – Basicamente, o modelo em estudo para a propulsão elétrica será composto por motores elétricos energizados em alta tensão e por geradores acionados por motores diesel e turbinas a gás, compondo uma “usina elétrica” com potência instalada que permita ao navio atingir velocidade não inferior a 27 nós, para garantir a realização de operações aéreas seguras.
DAN – Normalmente os navios de grande porte usam MCAs a diesel para a geração de energia elétrica. Mas outros usam turbinas para esta finalidade. Esta poderia ser uma opção para gerar energia elétrica, abastecendo o navio tanto para a propulsão quanto para os demais sistemas a bordo?
CA Rabello – A adoção do sistema integrado de propulsão e de geração de energia “diesel-elétrica” que está sendo estudado permitirá o emprego de motores diesel e turbinas a gás como máquinas motrizes de unidades geradoras de energia elétrica.
DAN – O casco do navio terá que sofrer algum reforço, qual o estado das catapultas de vante e lateral?
CA Rabello – Apesar do vulto da obra vislumbrada, a modernização não alterará, significativamente, o peso (deslocamento) do navio. Dessa forma não estão previstos reforços estruturais no casco. O programa de modernização prevê a modernização da(s) catapulta(s), visando a sua operacionalidade durante a vida útil pretendida para o NAe São Paulo.
Meios de oportunidade
DAN – A Marinha realizou consultas à Marinhas estrangeiras sobre a disponibilidade de navios de 2ª mão (compra de oportunidade)?
CA Rabello – Sim.
DAN – Se sim, o que o senhor poderia dizer a respeito disso? Quais foram as Marinhas consultadas? Houve algum retorno positivo?
CA Rabello – A MB consultou algumas Marinhas sobre a possibilidade de transferir navios para a MB por intermédio de cessão onerosa ou arrendamento mercantil (“leasing”). Foram focados Navios-Escolta, Navios de Contramedidas de Minagem, Navios-Patrulha e Navios Anfíbios.
A maioria das Marinhas consultadas informou não haver disponibilidade de meios para transferir para a MB, no momento.
Atualmente, a Marinha estuda a possibilidade de obtenção por oportunidade de Navios de Contra Medidas de Minagem, com base nas informações apresentadas pelas Marinhas da Itália, Holanda e Suécia. Além da aceitabilidade técnica, deve-se ressaltar que tais alternativas de obtenção estão condicionadas à disponibilidade orçamentária da MB para uma eventual concretização.
DAN – A Marinha italiana recentemente convidou representantes de várias Marinhas estrangeiras para apresentar seus navios usados com a intenção de venda. Algum interessou a Marinha?
CA Rabello – Durante a conferência “Seafuture & Maritime Technologies 2016”, realizado na Itália, a Marinha Militar Italiana propiciou a Oficiais brasileiros visitas a bordo de navios de três diferentes classes. Entretanto, essas classes não apresentam interesse imediato para transferência para a MB.
Programa de mísseis da Marinha do Brasil
DAN – Qual o estágio atual do desenvolvimento do míssil MANSUP?
CA Rabello – No momento, as empresas iniciam a fabricação do modelo de teste de voo (MTV), sendo a próxima etapa a fabricação dos protótipos que serão lançados para testes.
DAN – A situação financeira atual prejudicou o desenvolvimento do míssil em que nível? Quando serão efetuados os disparos dos protótipos?
CA Rabello – Além da perda de alguns membros das equipes, a situação financeira provocou um atraso de, até o momento, dois anos. Espera-se que o lançamento dos protótipos tenha início em outubro de 2018.
DAN – Qual a perspectiva de exportação destes mísseis? Algum país já procurou a Avibras/MB a fim de modernizar seus estoques antigos de mísseis MM40?
CA Rabello – A perspectiva é muito boa, pois o MAN-SUP atende à demanda dos países que já fazem uso dos mísseis EXOCET MM40, block 1 ou block 2, e que não tencionam migrar para o block 3, por não disporem da capacidade de OTHT. Vários países já entraram em contato.
DAN – Sobre o programa do míssil ar x sup, o motor foguete do mesmo, desenvolvimento nacional a partir do motor do AM-39, para o MANSUP ar x superfície já está pronto?
CA Rabello – Não. O lançamento do protótipo está previsto para o início de JUL/2017.
DAN- O MANSUP ar x sup em desenvolvimento pela Avibrás, será lançado somente pelos UH-15A, ou está previsto seu lançamento também pelos caças A-4M?
CA Rabello – Apenas pelo UH-15A.
DAN – A Mectron, propriedade da Odebrecht, está sendo oferecida à venda. A parte do míssil desenvolvida pela Mectron é propriedade da Marinha? Poderá ser passada a outra empresa?
CA Rabello – Sim, para ambas as perguntas.
DAN – Está previsto um desenvolvimento futuro de um míssil sub x sup, equivalente ao SM-39, nos mesmos moldes dos MANSUP ar x sup e sup x sup?
CA Rabello – No momento, não.
Novo Navio Tanque/Navio de Apoio Logístico
DAN – A Marinha precisará num futuro não muito distante, de um novo Navio Tanque e, como o NT Marajó já dá sinais da idade avançada, o senhor pode informar se existe algum projeto do CPN para um novo NT com casco duplo? Esse novo navio seria um NT puro, ou seria um NApLog, onde além de transferência de combustível, o mesmo também pudesse realizar outras funções como transporte de cargas paletizadas e frigoríficas?
CA Rabello – Existe projeto de obtenção de meios que possam fazer o apoio logístico dos meios da MB. O projeto desses meios ainda não entrou em fase de concepção e encontra-se sem maiores definições de detalhamento.
Torpedo Pesado Nacional
DAN – O programa está em andamento? O senhor poderia nos atualizar a respeito?
CA Rabello – Sim. A equipe de engenheiros da empresa MECTRON, que está na Alemanha, já se capacitou para o planejamento do desenvolvimento e, no momento, está acompanhando o desenvolvimento de um projeto pelos alemães. Esse desenvolvimento será a base para o desenvolvimento, no futuro, de um torpedo pesado nacional em escala reduzida.
Aqui aparece de novo a Mectron e a questão de estar sendo vendida. A Mectron está conduzindo o desenvolvimento com conhecimentos próprios ou há alguma outra empresa estrangeira incluída no processo? Como fica a propriedade intelectual?
CA Rabello – A Mectron está conduzindo o desenvolvimento com conhecimentos próprios. A propriedade intelectual é da MB.
DAN – O contrato do PROSUB inclui a compra de torpedos franceses? Haverá transferência de tecnologia para o projeto do torpedo pesado nacional?
CA Rabello – Não.
DAN – Além do torpedo pesado, para uso em submarinos, há algum projeto para o desenvolvimento de um torpedo leve nacional?
CA Rabello – Não.
DAN – O desenvolvimento de um sonar nacional está associado a este projeto? Pode nos atualizar sobre o mesmo?
CA Rabello – Não.
PROSUB – Modernização da classe Tupi/Tikuna
DAN – A operação lava a jato é de conhecimento geral assim como suas terríveis consequências principalmente sobre a Odebrecht que é a sócia majoritária da DCNS no PROSUB. Há alguma alternativa em estudo no caso da Odebrecht e seu ramo de defesa terem que sair do mercado ou serem colocadas a venda?
CA Rabello – Caso venha a se concretizar essa hipótese, a MB estudará alternativa a ser adotada.
DAN – Com relação a classe de submarinos Tupi/Tikuna, a modernização do Tikuna e do Tapajó serão feitas na Alemanha? Soubemos que os alemães teriam oferecido preço e prazo mais interessantes do que os do AMRJ. Isso procede?
CA Rabello – A modernização do sistema de combate dos Submarinos Tapajó e Tupi foi realizada no país. O mesmo ocorrerá com os Submarinos Tamoio e Tikuna, durante os respectivos PMG, recentemente iniciados. Os sistemas de combate da modernização desses dois submarinos foram adquiridos no mesmo pacote dos já modernizados. Cabe ressaltar que o sistema é de origem americana e já nasceu integrado ao torpedo para o qual foi desenvolvido, também de procedência americana.
PROSUPER – Fragatas de 6.000 Ton
DAN – Tendo em vista que as futuras corvetas Tamandaré não substituirão as fragatas de 6.000 ton, principalmente pela diferença de capacidades entre os navios, quando a MB visualiza retomar este projeto?
CA Rabello – No momento, esse projeto está interrompido, podendo ser retomado quando houver disponibilidade orçamentária que o respalde.
DAN – A MB imagina um modelo como o do PROSUB, com uma empresa estrangeira se associando a uma empresa nacional e a um estaleiro nacional? Se não, qual modelo de gestão a MB visualiza?
CA Rabello – A estratégia do Programa considera que os navios devam ser construídos em estaleiro nacional, estaleiro este que deverá estar associado ao estaleiro estrangeiro detentor do projeto dos navios de referência. O modelo do PROSUB é, naturalmente, uma referência a ser considerada.
DAN – Lemos que a MB aceitou receber propostas de novos participantes, como a China. Isto é verdade? Se sim, qual o navio proposto?
CA Rabello – Sim. A China tratou com a MB sua participação no PROSUPER e chegou a encaminhar proposta, com parte das informações solicitadas pela MB. Não indicou, contudo, quais seriam os navios de referência (“sea proven design”).
DAN – Há a possibilidade de compra direta de um fornecedor estrangeiro, com construção dos navios no exterior, tendo em vista somente custos?
CA Rabello – A estratégia do Programa considera que os navios devam ser construídos em estaleiro nacional, estaleiro este que deverá estar associado ao estaleiro estrangeiro detentor do projeto dos navios de referência. É importante ressaltar que, por se tratar de projeto de elevada complexidade tecnológica e custos relevantes, a estratégia de obtenção está alinhada à orientação política de desenvolvimento tecnológico e industrial do país, como contribuição importante para a sociedade brasileira.