O Capitão de Fragata Fábio Borges Gonçalves, Comandante da Força de Minagem e Varredura (ForMinVar), concedeu uma rápida entrevista ao Defesa Aérea & Naval (DAN), por ocasião da comemoração dos 60 anos da criação da ForMinVar.
Natural do Rio de Janeiro, o comandante Borges em sua carreira na MB, foi Encarregado da Divisão de Máquinas do NV Atalaia, Imediato do NV Abrolhos, comandou o Aviso de Instrução Aspirante Nascimento e a Corveta Caboclo, foi assistente do Comandante do 2º Distrito Naval e Imediato da Corveta Jaceguai.
Fez Curso de Especialização de Máquinas no CIAW, Curso de Aperfeiçoamento de Superfície no CIAW / CAAML, C-EMOI na EGN, Curso de Estado Maior para Oficiais Superiores (C-EMOS) na EGN, Curso de Guerra de Minas para Oficiais (GUEM-OF) no Comando da Força de Minagem e Varredura e Curso de Oficial de Salvamento (C-EXP-OFSALVO) no Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão.
DAN – Quais as atividades desenvolvidas atualmente pelo ComForMinVar?
CF Borges – Em primeiro lugar, eu gostaria de expressar o quanto eu me sinto honrado por Comandar a Força de Minagem e Varredura, principalmente nesse momento tão marcante em que ela completa 60 anos e os Navios Varredores 50 anos, já que esse ano é o ‘Jubileu de Ouro’ do NV Aratu.
A missão atual da Força é “Realizar as Operações de Contramedidas de Minagem na MB”. Com este foco, trabalhamos no preparo e emprego dos Navios Varredores. Além disso, nós, na Força, zelamos pela manutenção dos conhecimentos de Guerra de Minas na Marinha. Tais conhecimentos, adquiridos ao longo desses 60 anos, são de suma importância para a MB e entendemos que somos responsáveis por perpetuá-los.
DAN – Como é feita a capacitação dos Oficiais e Praças para tripularem os Navios-Varredores. Existe algum curso específico de Guerra de Minas?
CF Borges – Todos os militares que são designados para servir, tanto na parte operativa da Força, quanto nos navios, realizam alguns cursos de qualificação nas áreas de planejamento da Guerra de Minas e de execução da Minagem e Varredura a bordo dos navios. São quatro cursos diferentes, ministrados pela própria Força, que qualificam, inclusive, alunos de outros Distritos Navais no Planejamento de Minagem.
DAN – Os novos submarinos da Classe Riachuelo terão capacidade de lançamento de minas. O ComForMinVar vai contribuir nessa nova missão? Se sim, como?
CF Borges – Com certeza. A Força deverá contribuir no planejamento das ações de minagem, para que os submarinos possam fazer o lançamento de minas. Além disso, o Direito Internacional para os Conflitos Armados (DICA) prevê que a nação que opta por fazer minagem no mar deve ter a capacidade de retirá-las ao final do conflito. E essa tarefa caberia à Força de Minagem e Varredura.
DAN – Tendo em vista a idade e a defasagem técnica dos atuais Navios-Varredores (foi anunciada a baixa de mais um meio, o NV Albardão), existe alguma previsão para aquisição por compra de oportunidade de algum Navio de Contramedidas de Minagem?
CF Borges – A Marinha vê a Guerra de Minas como um segmento muito importante no espectro da Guerra Naval. Desde a Segunda Guerra Mundial, nenhum armamento afundou mais navios do que a Mina Naval. Assim, a MB tem se empenhado em estudar alternativas para nos colocar em um patamar mais elevado neste segmento.
DAN – Quais as perspectivas para o futuro da Guerra de Minas e a Força de Minagem e Varredura?
CF Borges – As melhores possíveis. A Guerra de Minas nunca vai deixar de existir, por aliar uma grande efetividade a um baixo custo. O mundo tem investido cada vez mais em novas tecnologias no campo da Guerra de Minas e a nossa Marinha tem consciência disso. Por tal razão, mantém viva essa chama da Guerra de Minas e o ComForMinVar. Somos um país que, felizmente, tem a paz como um dos seus alicerces e tem conseguido, de forma diplomática, manter-se nesse estado. Porém, ao mesmo tempo, somos um país extremamente dependente do mar, seja por seu elevado fluxo de comércio exterior pelas vias marítimas, seja pelas riquezas existentes e já exploradas em nossa Amazônia Azul.
Assim, não podemos prescindir desse recurso tão importante para nossa defesa que é a Guerra de Minas.