Na sequência do nosso artigo sobre a modernização do caça AF-1 da Marinha do Brasil, trazemos abaixo uma entrevista com o gerente do Programa, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Augusto José Da Silva Fonseca Jr.
DAN – Qual será o novo peso básico da aeronave após a modernização? Com o aumento, haverá alguma redução em termos de capacidade de decolagem/autonomia de voo e quando embarcado no NAe São Paulo?
CMG Fonseca Jr: O contrato de modernização prevê que a incorporação dos equipamentos modernizados não acarrete aumento significativo de peso nas aeronaves, de forma a não comprometer a operação embarcada das aeronaves AF-1/1A.
DAN – A modernização inclui a aviônica, o sistema de geração de energia, sistema de geração de oxigênio, de auto defesa entre outros. Porém, alguns sistemas vitais continuam os mesmos, tais como sistemas hidráulicos, motores, assentos ejetáveis e a própria célula, que sofre com a ação da corrosão. O que a MB, junto com a Embraer, está fazendo para que esses sistemas antigos não atrapalhem o desempenho esperado da aeronave modernizada?
CMG Fonseca Jr: Durante a realização do SDLM os sistemas não modernizados estão sendo revisados e em alguns casos overhaullizados para que possam operar em sua plena capacidade. Além disso, a manutenção dos sistemas que permanecerão nas aeronaves poderá ser feita por empresas nacionais e estrangeiras, que ao longo do processo de modernização, vêm se capacitando com o apoio da Embraer para suportar logisticamente a operação das aeronaves nos próximos 10 anos.
DAN – A turbina de partida (JFS), será substituída por outra? Se sim, por qual modelo?
CMG Fonseca Jr: Atualmente existe um estudo da Embraer para substituição do atual sistema de partida (JFS) por um sistema de partida pneumático. Tão logo o novo sistema esteja maduro para a operação nas aeronaves, a MB iniciará os estudos para verificar a viabilidade de substituição e seus consequentes impactos operacionais.
DAN – Um armamento tipo BVR no AF-1 reduziria sua limitação em prover defesa aérea da frota, uma vez que não foi concebido para ser um interceptador, adquirindo assim capacidade a maior distância. Com o radar multimodo Elta 2032, os armamentos a serem integrados pela MB permitirão a integração de armas BVR?
CMG Fonseca Jr: Inicialmente não está prevista a integração de armas BVR nas aeronaves modernizadas. Entretanto, o novo radar multi-modo ELTA 2032 permitirá que a MB opte pela integração de armas BVR futuramente.
DAN – A MB pretende equipar o AF-1 com AAM de curto alcance e guiagem IR, do tipo MAA-1B Piranha? Nesse programa os caças também terão a integração de bombas inteligentes, guiadas a laser ou GPS?
CMG Fonseca Jr: Atualmente a MB estuda a melhor opção de míssil ar-ar de curto alcance para equipar as aeronaves modernizadas. No caso das bombas, as aeronaves poderão ter a capacidade de lançamento de bombas inteligentes, caso a MB adquira sistemas de guiagem de bombas existentes no mercado, como os sistemas LIZARD e SPICE.
DAN – A MB utiliza como seu míssil anti-navio o Exocet B2. Há alguns anos, a Marinha americana realizou alguns testes bem sucedidos utilizando o míssil AGM-84 Harpoon, instalado no cabide ventral de um A-4 Skyhawk. Para a guerra ASuW, existe algum estudo para a integração de um míssil anti-navio no AF-1 modernizado? Em caso positivo, qual seria o modelo que a MB considera como o mais apropriado para esta utilização?
CMG Fonseca Jr: O aumento da capacidade operacional das aeronaves AF-1/1A com a utilização de mísseis anti-navio é inquestionável. O poder combatente da força teria um incremento significativo com a sua aquisição. Dentre as possibilidades existentes no mercado, encontra-se o míssil HARPOON, que já teve seu teste de instalação realizado e aprovado pela Marinha Norte-Americana. Caso esta linha de ação seja adotada, há a necessidade de que o míssil escolhido seja certificado e integrado ao novo sistema de missão das aeronaves modernizadas.
DAN – Foi necessária alguma modificação do cone do nariz da aeronave, devido a instalação do radar Elta 2032 e das as antenas de RWR? Esta modificação gerou alguma mudança no CG da aeronave ou na sua operação embarcada?
CMG Fonseca Jr: Não houve modoficação no cone do nariz da aeronave. As alterações estruturais foram apenas internas para a correta fixação do radar, de forma a não comprometer o CG da aeronave.
DAN – Com os novos aviônicos e radar, quais foram as modificações necessárias para auxiliar a refrigeração destes sistemas?
CMG Fonseca Jr: Foram instalados novas unidades de refrigeração com capacidade para sustentar a futura demanda dos novos aviônicos e radar.
DAN – O novo gerador de energia da aeronave possui capacidade extra para a adição de outros equipamentos eletrônicos no futuro?
CMG Fonseca Jr: Atualmente não há previsão de adição de novos equipamentos aviônicos nas aeronaves, além dos já previstos. O novo sistema atende perfeitamente às demandas do avião modernizado, cujas necessidades foram estabelecidas em requisitos de alto nível de sistemas pela MB.
DAN – Há previsão para se instalar nos consoles laterais o módulo de controle do buddy-store?
CMG Fonseca Jr: A capacidade de operação do budy store pelas aeronaves modernizadas será mantida com a modernização.
DAN – Existe algum planejamento da MB para aquisição de algum pod de designação/reconhecimento do tipo LANTIRN, LITENING III ou similares?
CMG Fonseca Jr: Até a presente data não está estabelecida pela MB a aquisição de tais sistemas para as aeronaves AF-1/1A modernizadas.
DAN – A MB, junto com a Embraer, já programaram equipar o esquadrão com um simulador de voo e de sistemas para treinar os pilotos? Em caso afirmativo, ele será Full Motion? Qual será o fabricante e quando ele seria adquirido?
CMG Fonseca Jr: Encontra-se em fase de prontificação a determinação final dos requisitos técnicos que embasarão o processo licitatório para a aquisição do novo treinador de voo para as aeronaves modernizadas.
DAN – Após a entrega da última aeronave, por quantos anos a Embraer Defesa e Segurança irá prover manutenção e apoio logístico ao esquadrão? Se sim, esta manutenção seria realizada na BAeNSPA ou seria necessário deslocar a aeronave para Gavião Peixoto?
CMG Fonseca Jr: O contrato prevê uma garantia da Prime Contractor de 12 meses para os novos equipamentos. Este suporte logístico poderá ser conduzido tanto na Embraer como na BAeNSPA, dependendo do tipo de pane apresentado. Para a manutenção futura das aeronaves existem várias possibilidades, dentre as quais eu destaco a possibilidade de manutenção pela própria MB ou a assinatura de um contrato de suporte logístico.
DAN – A manutenção dos itens não modernizados ficará a cargo da MB?
CMG Fonseca Jr: A manutenção dos itens não modernizados dependerá da linha de ação adotada para o suporte logístico das aeronaves.
DAN – Será necessária alguma modificação física na estrutura do VF-1 para operar com a aeronave modernizada?
CMG Fonseca Jr: Sim. A estrutura deverá ser modificada para atender às exigências de alguns equipamentos modernizados que serão instalados.
DAN – Quais foram os testes feitos para saber se o glass cockpit, instalado na aeronave, irá suportar os esforços produzidos durante os pousos enganchados e catapultagens no navio-aeródromo? Bem como se estes equipamentos são “marinizados” e se vão suportar as condições em operação no mar?
CMG Fonseca Jr: Todos os equipamentos escolhidos para dotar as aeronaves atendem às especificações de vibração e choque estabelecidas em manual técnico. Entretanto, para a aceitação das aeronaves, estão previstos testes embarcados, que serão conduzidos durante a fase do Programa de Modernização conhecido como Plano de Verificação e Aceitação das aeronaves.
DAN – Qual valor terá essa modernização na ampliação real da capacidade da aeronave e do Esquadrão, em cumprir sua missão principal, e quanto tempo as aeronaves ainda conseguirão voar?
CMG Fonseca Jr: O planejamento é de que as aeronaves sigam voando até 2025. Com a incorporação do radar ELTA 2032 e dos novos sistemas de aviônica, o esquadrão VF-1 poderá incrementar novos procedimentos a sua atual doutrina de interceptação, além de permitir que a precisão de seus ataques passe a ter valor inquestionável frente a qualquer força oponente.
DAN – O que quer a MB com esse programa? Um salto real de capacidade ou manter doutrina?
CMG Fonseca Jr: Com a modernização dos meios, a MB poderá ter um aumento significativo em sua capacidade real de combate e incrementar sua doutrina de emprego operacional, concomitantemente.
Eu sou leigo no assunto mas pelo NA que o Brasil tem eu acho que isso é dinheiro jogado fora, primeiro esses aviões modernizados ou não não teriam condições de enfrentar marinhas com capacidade de vir fazer guerra aqui em nossa fronteira maritima,na realidade acho que estão fazendo isso só para treinamento ou para atacar a Argentina, Uruguai, Equador paises de quarto mundo quem usam navio a vapor ainda, o que o Brasil nescessita mesmo é mudar completamente o pensamento de nossos militares e de nossa politica de defesa, pensar la na frente, porque tem paises que tentam por todos os meios impedir nosso desenvolvimento tecnologico, quem serão nossos inimigos quando tivermos uma crise mundial por falta de agua, quem podera ser nossos aliados, profissionalizar o Exército do que adianta ter 200 mil conscritos, melhor ter 30 a 50 mil profissionais, gastar melhor o dinheiro que se tem olhem a Ucrania tem um exército 5 vezes maior ou mais que os rebeldes do leste e só tomam pau se for pra se defender é dinheiro jogado fora só valera a pena se for para treinamento.
Só para completar o assunto:
Foram comprados 23 aeronaves, 20 mono e 3 biplaces, 20 motores extras, 217 mísseis AIM-9H Sidewinder e peças de reposição. Existem varias reportagens e noticias de época falando sobre a excelente condição das aeronaves.
Sabemos que nestes 15 anos, desde a compra, eles também não foram muito voados por aqui.
Já que vão modernizar 12, modernizem pelo menos 20 (ou 21, esqueci quantos ainda estão inteiros)!! Sabemos que a disponibilidade não chegará nunca a 66% (na FAB a disponibilidade dos F-5 é inferior a isto) . Então , na melhor das hipóteses, o AF-1 terá no máximo 8 aeronaves disponíveis na linha de voo.
Já que vão modernizar, modernizar todas seria muito bom!!
Não me admira nada se isto foi imposição dos americanos de liberar a modernização somente de 12 eu estou apenas chutando ou a Mb vai entrar de corpo e alma no desenvolvimento do Gripen naval e não compensaria modernizar mais células do A4.
Boa entrevista, mas faltou perguntar sobre a cogitada modernização de aeronaves adicionais.
Faltou. Mas eu respondo. Nenhuma aeronave além das 12 irá ser modernizada, talvez mais uma e só . As razões eu não posso postar. Mas as 12 ficarão porretas.
Por favor fala o porque, ou pelo menos dê algumas pistas.
Nossos A-4 continuam sendo oe menos voados do mundo!! Não existem células em melhores condições (não pesquisei, mas acredito que seja verdade).
Por favor dá uma dica
falou, falou e nao respondeu nada!
Houve resposta q ele disse o mesmo da pergunta….. q tipo de entrevista eh essa?
Perda de tempo e dinheiro investir num avião de +50 anos, velho e totalmente ultrapassado, sem desmerecer o trabalho sempre profissional das nossas FAs, os caras entendem e sabem o que fazem, atualmente acho que somente os militares salvam o Brasil porque tem uma coisa básica: EDUCAÇÃO. Dito isso, esses projetos de atualização de aeronaves velhas deve ter algum cambalacho embutido, alguém está ganhando dinheiro com isso é óbvio, pois quando todas as aeronaves estiverem repotencializadas vão direto para o lixo. Se o Brasil colocasse agora de 200 a 500 milhões de dólares no projeto do F35 seria muito mais negócio para o país e teríamos um avião realmente avançado, superior a qualquer coisa na América do Sul pelos próximos 50 anos.
Acha mesmo que com 500 milhões teríamos o F35 por aqui? Nem em sonho amigão. Isso seria para 1 ou 2 unidades, a serem fabricadas lá sem ToT alguma. Não acho que o JSF seja bom ao Brasil no âmbito da END. Virá sem nenhuma tecnologia e benefício a indústria nacional. é impossível entrar no JSF com 500mi, talvez uns 3-4bi já era negociável. Mas seria bom só para os Fuzileiros, que com os 4 LHD que a MB quer, poderíam operar o F35B sem grandes problemas.
Em 2011 o custo do programa chegava a casa dos 500Bi. Acha que com 1% conseguiríamos fabricar 60-80 aviões por aqui! Nem a pal!
CMG Fonseca Jr:
“No caso das bombas, as aeronaves poderão ter a capacidade de lançamento de bombas inteligentes, caso a MB adquira sistemas de guiagem de bombas existentes no mercado, como os sistemas LIZARD e SPICE.”
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E quanto aos sistemas de guiagem nacionais como SMKB-82/SMKB-83, já operacionais e o (http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=29366) FPG-82 ?
Qual o problema com estes sistemas de guiagem nacionais? Não são bons o suficiente?
Porque se armas e sistemas de alta tecnologia nacionais,já existentes, forem preteridos por similares importados, a indústria bélica brasileira não vai se firmar e desenvolver…
Amigos, boa tarde.
De modo geral, entendi que existe ainda muita indefinição no projeto.
Creio que, desde a concepção, já deveria estar estabelecido o tipo de manutenção (internamente ou CLS), bem como a provisão para a integração de mais armas e sensores.
Por exemplo: há pouca diferença se viremos a integrar um Harpoon, Exocet ou MAN, mas pelo menos o sistema aviônico deveria ter uma provisão para um míssil antinavio, com sua integração no software básico, na simbologia, nos barramentos elétricos e de dados.
Se isso etá para ser decidido apenas no futuro, vai custar muito dinheiro e tempo de imobilização das aeronaves.
Idem para mísseis ar-ar. Hoje, um dos problemas do F-5 para a integração de mísseis de geração mais moderna na ponta da asa é a inexistência de um barramento de dados compatível naquela posição. No caso do F-5, foi uma impossibilidade técnica, mas, no A-1, não deveria ser algo do tipo “deixa para depois”.
Deixar “em aberto” não representa boa solução de flexibilidade. Acho que o melhor é ter uma provisão parcial, que possa ser finalizada e customizada para um equipamento específico, sem ter que retrabalhar o hardware e o coração do software.
Abraços,
Justin
Com uma aeronaves já recebida pelo Esquadrão VF-1 e com um cronograma de entrega que vai até o ano que vem o Capitão-de-Mar-e-Guerra, Augusto José Da Silva Fonseca Jr. poderia ser menos reticente. Não sabe informar se os AF-1B e C vão operar mísseis BVR, não sabe qual será o míssil anti-navio, não sabe qual míssil de curta alcance será escolhido. Como sempre os parabéns vão para o DAN!
O Gerente desconhece estas questões porque está subordinado a uma Chefia, e são estes acima dele que não definiram os parâmetros conforme apontados por você.
O posicionamento do Gerente está correto, ele é reticente nestes pontos porque desconhece as questões, e o poder decisório não emana dele.
Não é o gerente que não sabe. Na verdade, os decisores nada sabem sobre isso na MB, pois não tem experiência no assunto e não perguntam à FAB. É pura falta de conhecimento. O máximo que farão é isso. Se essa modernização permitir que aeronaves sigam fazendo desfiles para os almirantes, pensar em armamento e aumento de capacidade de combate é secundário.
PEnsei a mesma coisa.Muito curto e grosso .
Como começam a modernizar o avião e não sabem que missel irá usar e como já estão na segunda unidade modernizada se nem a primeira foi homologada ainda para pouso em PA?