Os autores do projeto acreditam que o local oferece a estrutura necessária para a criação da empresa: ali já se montam aeronaves e motores e são produzidos polímeros, borracha e aparelhos. Mais importante: a região possui um quadro de pessoal capaz de dar vida a um dirigível de carga da nova geração.
Os economistas calcularam que para a organização de um fluxo de produção de dirigíveis será necessário um investimento de mais de € 2 bilhões. Sem um apoio do governo será difícil para os investidores implementarem esse projeto. No entanto, o jogo vale à pena. Os zepelins merecem não só competir com o transporte tradicional, mas, também, tornarem-se um ramo independente da engenharia nacional. No mundo, esse nicho está relativamente vazio.
“O governo está apostando no desenvolvimento das regiões da Sibéria, do Extremo Oriente e do Extremo Norte. Não há verbas suficientes para construir estradas, pontes, túneis, aeroportos e estações ferroviárias naquelas regiões. Entretanto, um dirigível moderno não precisa de nada disso. Ele é capaz de entregar cargas para geólogos, mineiros, lenhadores e construtores, diretamente da fábrica para o local destinado, mesmo se esse lugar fique na mata mais fechada, no pântano, ou no permafrost”, argumenta Viacheslav Shalaev, diretor do Centro de Inovação da SibADI (Academia Estadual Siberiana de Automóveis e Auto-estradas).
Os engenheiros de Omsk projetaram uma gama desses veículos e argumentam que os aeróstatos modernos são capazes de não só proporcionar uma entrega rápida, confortável e segura de pessoas e de mercadorias nas áreas mais isoladas e remotas do país e do mundo, mas também realizar operações de salvamento, de combate aos incêndios e de monitoramento das fronteiras do país.
Histórico
Duas décadas atrás, quando o tema da construção de dirigíveis na Rússia era um tema relevante, foi criado em Omsk um departamento federal de design, o “Krylo” (Asa), encarregado do desenvolvimento dessas aeronaves. O projeto envolveu centenas de inventores, projetistas e engenheiros. E as autoridades até disponibilizaram o dinheiro para a criação de um protótipo do primeiro balão de carga russo.
No entanto, a crise impediu a concretização do projeto. O escritório foi dissolvido, mas o trabalho não parou. Somente pelas unidades e estruturas básicas do dirigível, os engenheiros de Omsk receberam mais de duzentas patentes. Por isso, os especialistas estão completamente preparados para o trabalho.
Os cientistas afirmam que foram quatro as razões que levaram o dirigível projetado anteriormente a cair no esquecimento: a lentidão do movimento, o invólucro de tecido, o risco de incêndio e a sensibilidade às rajadas de vento, agora eliminadas.
“Nós mudamos o formato externo do aparelho, que se assemelhava a um charuto, desenvolvemos sistemas fundamentalmente novos de regulagem da força de ascensão aerostática e do sistema contra congelamento externo”, disse Shalaev.
A armação e o invólucro da aeronave são feitos de um composto de fibra de carbono e outros materiais modernos. O hidrogênio foi substituído por um gás não inflamável. O sistema que não necessita de lastros, os avançados sistemas de propulsão e instrumentos de navegação e as avançadas tecnologias de mísseis fazem esse tipo de transporte essencialmente inovador.
O zepelim moderno é capaz de realizar longos percursos, de Kaliningrado às Ilhas Curilas, em diferentes altitudes, desenvolvendo uma velocidade de até 450 quilômetros por hora, em quaisquer condições climáticas, independentemente da força do vento e durante o ano inteiro.
Outra descoberta
Recentemente os inventores siberianos fizeram outra importante descoberta. Trata-se de um sistema inovador da regulagem de força de ascensão aerostática do dirigível, o qual, por enquanto, ainda não possui análogos no mundo. No entanto, mesmo para montar o protótipo experimental em escala natural e testá-lo em um campo de provas especial, serão necessários recursos financeiros.
Enquanto isso
Engenheiros americanos testaram uma aeronave-dirigível híbrida exclusiva, o Aeroscraft, ao custo de US$ 35 milhões para o Ministério da Defesa dos EUA. O Pentágono, no entanto, está certo de que o dinheiro investido terá um retorno muitas vezes maior. A aeronave de 70 metros de comprimento consegue levar ao ar 66 toneladas de carga, sendo que o seu consumo de combustível é 3 vezes menor do que o dos aviões mais econômicos.
O autor do projeto, o emigrante ucraniano Igor Pasternak, afirma que o híbrido realizará uma revolução, tornando-se uma alternativa para o transporte de carga tradicional. Por enquanto, os testes foram realizados em um hangar. Sobre como o Aeroscraft se comportará em condições reais, os especialistas ainda irão esclarecer no futuro. Enquanto isso, na Alemanha, começou a construção do maior dirigível do mundo, de 260 metros de comprimento. Sua capacidade de carga chegará a 160 toneladas, e o alcance do voo será de dez mil quilômetros. Os autores do projeto estão planejando levá-lo para o céu em apenas dois anos.
FONTE: Rossiyskaya Gazeta