ThyssenKrupp não participará mais do programa MKS 180 da Marinha alemã

Futuro Multi-role Combat Ship 180 – Ilustração Global Security

Por Luiz Padilha

O estaleiro alemão ThyssenKrupp recebeu um comunicado do governo alemão, informando a sua exclusão do programa do novo navio à ser construído para a Deutsche Marine (Marinha alemã), designado Multi-role Combat Ship 180, ou MKS 180. A razão foi o alto preço apresentado pelo estaleiro para a construção de 4 navios (USD 4.9 bilhões), que em tempos de crise, fez o governo alemão tomar essa decisão.



Essa exclusão certamente afeta a empresa, que sempre participou das concorrências para a Marinha alemã com navios modernos como as fragatas, F122 classe Bremem, F124 classe Sachsen e a atual F125 classe Baden-Württemberg, atualmente recebendo ajustes após testes de mar.

Fragata F125 Baden-Württemberg (F 222)

A fragata F125 é um projeto novo, bastante sofisticado construída pelo consórcio Thyssen-Krupp & Lürssen. A classe de fragatas Baden-Württemberg desloca 7.200 toneladas, ou seja, é uma fragata de grande porte com características stealth, sistemas eletrônicos de ultima geração e com um nível de complexidade alto. A F125 foi concebida para ser utilizada por longos períodos fora de sua base (até 2 anos fora), com a Marinha alemã realizando a troca da tripulação (110 tripulantes) com o navio longe de sua base durante este período e otimizando ao máximo a operacionalidade do navio.

Justamente devido a alta complexidade de seus novos sistemas eletrônicos, o navio não passou nos Testes de Mar (Sea Trials), tendo que retornar ao estaleiro para a solução dos problemas apresentados. De tanto estarem acostumados com testes de mar bem sucedidos, a mídia alemã se surpreendeu e divulgou amplamente que o navio teria sido “rejeitado” pela a agência alemã de contratação de defesa BAAINBw.

É importante neste caso ressaltar que, quando um navio pré-série entra em testes de mar, nem sempre tudo sai como desejado, por isso mesmo é que se chama testes de mar, onde todas as discrepâncias são anotadas e corrigidas após o retorno do navio ao estaleiro. Isso posto, não é correto afirmar que o navio foi rejeitado e sim que o mesmo não passou nos testes de mar. Agora cabe à ThyssenKrupp sanar todos os problemas para que o navio possa ser aprovado nos próximos testes de mar e ai sim, ser efetivamente comissionado pela Marinha alemã.

ThyssenKrupp Marine Systems

O grupo ThyssenKrupp Marine Systems possui em seu portfólio produtos de sucesso, como a corveta K130 classe Braunschweig e Meko 100 e as fragatas Meko 200 e Meko A200, que estão em atividade em diferentes Marinhas pelo mundo atestando a qualidade de seus projetos.

Corveta Classe Tamandaré

O estaleiro ThyssenKrupp recebeu o envelope do RFI (Request for Information) do programa da Corveta Classe Tamandaré (CCT) da Marinha do Brasil. Dado a exigência de que a corveta possua um deslocamento mínimo de 2.400 toneladas, a solução Meko A100 parece ser a mais adequada para ser apresentada pelo estaleiro, porém, como existe um limite máximo de até 4.000 toneladas, o ThyssenKrupp para a ter 2 opções para o programa. As Meko A100 e A200.

Corveta Meko A100 – Ilustração ThyssenKrupp

Meko A100

Irmã menor da Meko A200, esta corveta possui assinatura reduzida (RCS e infra red), com a exaustão dos gases sendo feita horizontalmente através do casco logo acima da linha de água. O casco possui design atual com excelentes características de navegação e estabilizadores ativos. Estas características de design possibilitam que o navio opere em águas azuis e realize operações aéreas com estado do mar 6. Sua propulsão CODAD de 2 eixos dá uma velocidade máxima maior que 28 nós, podendo navegar economicamente com um único motor diesel à 19 nós. Sua dotação prevê 78 tripulantes com possibilidade de mais 22 adicionais (mergulhadores de combate ou extras).

Os armamentos seguirão o que está determinado no RFI da Marinha do Brasil e seus fabricantes ainda não podem ser divulgados devido ao sigilo necessário durante esta fase da concorrência.

Fragata Meko A200 SAS Mendi (F 148)

Meko A200

Essa classe foi construída com um design stealth utilizando um projeto de estrutura “X-form” onde ângulos retos e superfícies verticais são evitadas e técnicas para reduzir a assinatura infravermelha, como a exaustão de gases de escape logo acima da linha de água.

As Meko A200 são capazes de operar no mar por longos períodos e operam em pesadas condições de mar, realizando operações aéreas diurnas e noturnas até mar 6. Diferente da Meko A100, a Meko A200 pode levar até 2 aeronaves a bordo, possibilitando  a realização de patrulhas regulares para a proteção de recursos marinhos na Zona de Exclusão Econômica do país dentre outras possibilidades, como por exemplo, a realização de missões de busca e salvamento (SAR) longe da costa.

Ambos os projetos podem atender as necessidades da Marinha do Brasil, porém, a concorrência é dura entre os estaleiros participantes e vencerá aquele que aliar preço, transferência de tecnologia e um excelente pós-venda.



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