A Rússia pretende adicionar o míssil estratégico Bulava para o seu arsenal no outono de 2012. Depois de dois lançamentos de mísseis os submarinos estão prontos para utiliza-los. Mas em agosto, foi descoberto que os fundos necessários para testar o míssil não estavam disponíveis. O custo do Bulava é agora várias vezes mais do que era há cinco anos e os industriais têm aumentado significativamente a estimativa de custo original. Como o colunista da RusBusiness determinou, os preços estão subindo por razões subjetivas, bem como – o complexo militar-industrial russo está se transformando em um “buraco negro”.
O teste do Bulava foi concluído em dezembro de 2011. Apesar de apenas 9 dos 18 lançamentos terem sido considerados um sucesso total, o governo russo, no entanto, decidiu considerar colocar o míssil em serviço. Dois submarinos de mísseis balísticos passarão a operar com o Bulava. Esperava-se que o submarino ‘Yuri Dolgoruky’ começasse a operar com a Marinha em julho de 2012, e o submarino ‘Aleksandr Nevsky’ – que está sendo testado no mar – no início de 2013. Mas isso não aconteceu.
A comissão estadual ainda não assinou o certificado de aceitação para o ‘Yuri Dolgoruky’. Representantes do complexo industrial militar reivindicam que o Bulava tenha mais um lançamento no comando do Estado-Maior-General das Forças Armadas, bem como um padrão a partir do lançamento do ‘Alexander Nevsky’, mas o fabricante não tem mais mísseis para o teste. Industriais se ofereceram para levar dois Bulavas de série produzidos que são destinados a equipar os submarinos e conduzir os ensaios oficiais do míssil.
Na verdade, a indústria de defesa solicitou que mais dois Bulavas sejam financiados, a um custo de 1 bilhão de rublos. O chefe do Ministério da Defesa acredita que este não é o seu problema – o dinheiro para a pesquisa e desenvolvimento do trabalho e produção em série foi alocado, mas o míssil ainda não está em serviço.
O militar diz que a culpa esta no fato de que o Bulava é agora, várias vezes mais caro do que era há cinco anos. Os especialistas acreditam que ainda é muito cedo para julgar tanto o preço da arma ou o custo de todo o projeto.
É improvável que os testes do Bulava, sejam limitados a apenas dois lançamentos.
Aleksandr Khramchikhin, vice-chefe do Instituto de Análise Política e Militar , está convencido de que é muito cedo para implantar o Bulava, “Vai levar pelo menos outros 10 lançamentos bem sucedidos antes que o equipamento possa ser considerado confiável. Naturalmente, eles podem usar um decreto administrativo para forçar a Comissão a assinar o certificado de aceitação, mas eu tinha a impressão de que os mísseis foram projetados para a defesa, e não para o PR “.
Os custos para desenvolver e fabricar o Bulava são sem precedentes. Em 1998, quando foi tomada a decisão de usar o design dos mísseis balísticos Topol para criar o míssil Bulava, o custo do míssil concluído foi estimado em 300 milhões de rublos, e 7 bilhões para o projeto inteiro. Isto está de acordo com o que foi gasto para desenvolver mísseis estratégicos durante a época soviética, segundo a Revisão Independente Militar. Mas hoje a indústria só pode fornecer um bruto, produto semi-acabado para esse preço. As estimativas de custos são já várias vezes superior, sem fim à vista.
Porque o custo de produção militar russo disparou? Como sempre, há várias razões. Sergei Ostapenko, vice-CEO da Concern PVO Almaz-Antey, OJSC , afirma que é extraordinariamente complexo e caro criar novos produtos hoje. Equipamentos consumidores de energia, baixa produtividade do trabalho, capacidade ociosa e uma estrutura de pessoal menor que o ideal, significa que protótipos de armas e equipamento militar realmente custarão o seu peso em ouro. Esta é uma situação que não é única para a indústria de mísseis.
Fábricas que produzem veículos blindados descontroladamente inflaram seus custos durante o desenvolvimento de novos protótipos, sob o pretexto de que eles têm para oferecer apoio às instalações que estão paradas. Como resultado, o custo de um novo veículo desenvolvido por um dos principais fornecedores de defesa da Rússia atingiu US$ 10 milhões. Claramente ele está condenado, mesmo em uma versão de produção em massa, porque o Ministério da Defesa não está disposto a pagar mais de US$ 3 milhões para esta tecnologia. Assim, a fábrica está susceptível de ser deixada sem qualquer ordem e o país sem quaisquer veículos blindados modernos.
Zinovy Pak, vice-presidente da Liga de Assistência a Empresas de Defesa , disse que também há razões subjetivas para o aumento do custo de produção militar, além de explicações objetivas. Muitas vezes as estimativas são infladas a fim de reivindicar uma fatia maior dos recursos federais. Este especialista está ciente de que há um número enorme de maneiras de desviar fundos, e aqueles que trabalham com contratos de defesa ficam felizes em fazer uso deles.
Mikhail Delyagin, diretor do Instituto de Estudos da Globalização , argumenta que a taxa de roubo do país atingiu 30-60%. Este nível de “propinas” torna impossível a modernização da indústria e reduzir custos. Consequentemente, não neste ponto como investir trilhões de rublos para o complexo militar-industrial pois ele nunca vai se tornar o motor por trás da economia. M. Delyagin acredita que o complexo militar-industrial é capaz de originar uma nova tecnologia, replicando suas inovações no setor civil. Mas na Rússia, o dinheiro que é investido na indústria militar, não beneficia o resto da sociedade. O complexo militar-industrial está isolado do setor civil e pode se tornar nada mais do que um “buraco negro”.
E parece que ele já está se tornando. O custo do ‘Yury Dolgoruky’ aumentou sete vezes entre o tempo que sua quilha foi batida em 1996 atá 2008. Ele começou seus testes de mar em 2009, mas uma vez que ainda não foi colocado em serviço militar, pode-se supor que o preço, que inclui os gastos com ajustes e testes, é provavelmente agora várias vezes superior. A modernização dos mísseis do escudo nuclear da Rússia está metodicamente devorando o dinheiro dos contribuintes russos.
Vladimir Terletsky
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval