Submarino nuclear tem seu ponto zero em cerimônia realizada no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo

O Projeto do Submarino com Propulsão Nuclear Brasileiro teve seu início oficializado em cerimônia no dia 6 de julho no auditório principal do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). Com as presenças do comandante da Marinha do Brasil, almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto; do diretor geral do Material da Marinha, almirante-de-Esquadra Arthur Pires Ramos; e do coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, almirante-de-Esquadra José Alberto Accioly Fragelli, o evento marcou uma importante etapa do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), em que será desenvolvido o primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro.

No evento também foi inaugurado o escritório técnico de projetos em São Paulo, que foi especialmente equipado com avançados recursos de tecnologia da informação e uma sala de video-conferência.

O programa está inserido no escopo de contrato firmado entre a Marinha e a empresa francesa DCNS, exceto a parte nuclear da planta de propulsão. Engloba a construção de um estaleiro e base naval, na região de Itaguaí (RJ), e quatro submarinos convencionais.

Este ano, o Prosub deu um importante passo em sua parte nuclear, com a inauguração da primeira das quatro fábricas da Unidade Produtora de Hexafluoreto de Urânio (Usexa) e do Centro de Instrução e Adestramento Nuclear Aramar (Ciana), em Sorocaba (SP), que representaram o domínio do ciclo do combustível nuclear para o país. Atualmente, apenas cinco países – China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia – detêm este domínio tecnológico. Com este empreendimento, o Brasil passa a integrar a seleta lista, uma vez que o reator nuclear e a propulsão do SN-BR serão desenvolvidos no país.

A contar do dia 6 de julho, a agência de desenvolvimento dos projetos vinculados ao ProSub terá três anos para produzir a concepção básica do submarino. Em seguida, terá início a parte dos planos detalhados, junto com a construção do navio em 2016, no estaleiro que está sendo estruturado em Itaguaí, no Rio. A previsão para as etapas de conclusão situam em 2021 ou 2022 a finalização da embarcação. A montagem eletrônica, o carregamento do reator compacto e os testes de mar devem consumir mais dois anos. A Marinha projeta operar uma frota de seis submarinos nucleares e 20 convencionais; 15 novos S-BR, da classe Scorpène e cinco revitalizados. Tudo isso até 2047, conforme o Paemb – Plano de Articulação e de Equipamento da Marinha.

O trabalho de projeto iniciado em 6 de julho percorrerá um longo caminho. Serão três anos para alcançar o projeto básico do submarino de propulsão nuclear, para então ter início a fase do projeto detalhado, simultaneamente com a construção do submarino, em 2016, no estaleiro da Marinha que está sendo construído na cidade de Itaguaí. Considerado um dos mais complexos meios navais já idealizados, o submarino de propulsão nuclear possui significativas vantagens táticas e estratégicas. Seu reator nuclear, por ser uma fonte quase inesgotável de energia, confere-lhe enorme autonomia, podendo desenvolver velocidades elevadas por longos períodos de navegação, ampliando significativamente sua mobilidade e permitindo-lhe patrulhar áreas mais extensas dos oceanos. Além disso, por operar ininterruptamente mergulhado, em completa independência do ar atmosférico, este tipo de submarino é praticamente indetectável, inclusive por satélites.

O submarino nuclear brasileiro (SN-BR) será totalmente projetado e construído no Brasil, empregando os mesmos métodos, técnicas e processos de construção desenvolvidos pelos franceses. Parte significativa dos equipamentos desenvolvidos para os quatro submarinos convencionais, de propulsão diesel-elétrica, será aproveitada no SN-BR. Estima-se que cada um dos submarinos a ser produzido no Brasil contará com mais de 36 mil itens a serem fabricados aqui, por mais de 100 empresas brasileiras. Entre esses equipamentos estão válvulas de casco, motores elétricos, sistema de combate, bombas hidráulicas, quadros elétricos, sistemas de controle e baterias de grande porte, dentre outros. A Marinha estima que o processo de capacitação da indústria de defesa nacional, envolvendo transferência de tecnologia e expressiva nacionalização de equipamentos, possibilitará que a qualificação alcançada pelos profissionais brasileiros possa ser utilizada em diversos outros segmentos da indústria nacional.

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos irá gerar, durante as obras de construção em andamento, mais de nove mil empregos diretos e outros 27 mil indiretos. Para o período de construção dos submarinos projeta-se, na área de construção naval militar, a criação de cerca de dois mil empregos diretos e oito mil indiretos permanentes, com utilização expressiva de mão de obra local.

FONTE: Revista Portos e Navios

COLABOROU: Marino

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