Por Joana Cunha
O órgão responsável pela aviação civil chinesa acaba de editar uma mudança na regulação, definindo que as companhias aéreas comerciais entrantes precisarão constituir uma frota com ao menos 25 aviões de até cem lugares antes de partirem para a compra de jatos maiores.
A iniciativa é parte do programa de investimento em infraestrutura de transporte que inclui a construção de aeroportos e subsídios a companhias aéreas regionais.
A aquisição de aviões de maior porte das fabricantes Boeing e Airbus fica para um segundo plano no desenvolvimento da aviação regional.
A medida favorece a fabricação de jatos comerciais da Embraer, cujo carro-chefe são aeronaves de até 130 lugares, e representa novo fôlego no mercado chinês, que equivale a quase 5% de seu faturamento líquido no mundo. Também ajuda concorrentes como a canadense Bombardier e a chinesa Comac.
O impulso vem logo após o fim da joint venture HEAI (Harbin Embraer Aircraft Industry), entre a Embraer e a estatal chinesa Avic, que produzia para o segmento de aviões executivos desde 2012, uma demanda enfraquecida nos últimos anos. O último jato da marca feito na China, um Legacy 650, foi entregue no primeiro trimestre.
Com o fim da joint venture, a presença da brasileira no país se resume a um escritório de marketing e vendas em Pequim. As instalações fabris ficam com a Avic.
Os aviões vendidos para clientes chineses serão todos construídos no Brasil, nas instalações da Embraer em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde a brasileira já vinha produzindo suas encomendas do segmento comercial desde que o governo chinês negou a fabricação dos modelos anos atrás.
ALTOS E BAIXOS
A história da Embraer na China é marcada por altos e baixos. Quando estabeleceu parceria com a estatal Avic, em 2003, para a criação da HEAI, a produção era voltada para o jato ERJ-145, de 50 assentos. Mas o mercado chinês evoluiu mais rápido do que se previa, e o porte de 50 passageiros ficou pequeno para a demanda, perdendo mercado anos depois.
A fábrica, em Harbin, ficou ociosa em 2011, quando Pequim negou a produção do E-190 (cem lugares) porque uma empresa chinesa, a Comac, já fabricava um modelo semelhante.
Após meses com equipamentos parados e funcionários em licença remunerada, uma visita da então presidente Dilma Rousseff ajudou a convencer o governo chinês a liberar a fábrica para a montagem de jatos executivos Legacy, um mercado bastante reduzido se comparado ao do E-190, maior sucesso de vendas da empresa no país.
FONTE: Folha de São Paulo