Por Eng. Delfim Miyamaru,
Diretor Presidente da Fundação Ezute
Os drones, como são popularmente conhecidos os RPAS (Remotely Piloted Aircraft System) ou os UAV (Unmanned Aerial Vehicles), juntamente com seus sistemas de controle e de processamento, são tecnologias resultantes da inovação disruptiva que agora fazem parte do nosso cotidiano.
A adoção da tecnologia dos drones para aumentar a eficiência e a produtividade em diversos setores da economia saiu do patamar de aplicação de uma tecnologia disruptiva para o uso de commodities, com diversas aplicações comerciais e corporativas, bem como para o aumento do poder de defesa e de combate militares.
Esse é um mercado com taxa expressiva de crescimento anual, e expectativa de superar US$ 80 bilhões nos próximos cinco anos.
A área de Segurança Pública tem iniciado o uso de drones para prestar o serviço de segurança aos cidadãos, realizado a partir de captação de imagens em tempo real para monitorar e identificar pessoas suspeitas, utilizando tecnologias de reconhecimento facial.
Por outro lado, requer-se a implantação de barreiras de voo de drones no espaço aéreo no entorno das penitenciárias, onde esses instrumentos estão sendo utilizados para realizar entregas aéreas de drogas, celulares e armas aos presidiários.
Os desafios na área de Segurança Pública são mais evidentes ao se verificar a facilidade de seu uso para o carregamento de explosivos em conflitos assimétricos, , bem como nas situações de enfrentamento e ataques dessas organizações contra forças policiais.
Adicionalmente, a globalização da economia estimula um alto fluxo comercial transnacional na faixa de fronteira entre países. Assim, a preocupação com o transporte de produtos utilizando drones cruzando as fronteiras é outro fator de preocupação das autoridades.
Já as autoridades aeroportuárias e de controle de espaço aéreo têm investido para buscar soluções tecnológicas que permitam detectar drones nas imediações dos aeroportos, de modo a manter a segurança de pousos e decolagens de aeronaves tripuladas.
Diante das últimas ocorrências de voos de drones nas proximidades dos aeroportos no Brasil, o Departamento de Controle de Espaço Aéreo – DECEA empreendeu ações na busca de soluções, visando evitar a suspensão do fluxo da navegação aérea e manter o nível de segurança requerida no transporte aéreo.
O DECEA convidou a indústria de sistemas para participar de testes de avaliação, visando capacitar as autoridades brasileiras, seja da área de Defesa, de Inteligência, de Ensino e Pesquisa, de Segurança Pública e Privada, de Gerenciamento do Espaço Aéreo e das Concessionárias de Aeroportos, a tomar decisões consubstanciadas para a busca de soluções na implantação de sistemas de contenção adequados para detecção, identificação e neutralização de drones nos espaços aéreos de uso restrito e proibitivo.
Em meio a esse crescimento significativo, as entidades responsáveis pelo gerenciamento do espaço aéreo estabeleceram regras para solicitação de registro dos sistemas de drones e autorização dos seus voos, visando prover uma convivência harmoniosa e segura com as aeronaves de asas fixas e rotativas.
Buscando aprimorar essas regras, a FAA (Federal Aviation Adminstration), entidade responsável pela regulação e todos os aspectos da aviação civil nos Estados Unidos, busca implantar a tecnologia Remote ID (Remote Identification), exigindo que todo drone envie a um sistema de registro as suas informações, quando em voo, bem como do seu piloto, como identificação, localização e altitude.
Diante do seu teor, que abrange ainda assuntos tais como pagamento de taxas, capacidade de comunicação 4G e informação aberta da situação do voo e da localização do piloto, esse regulamento está sendo debatido com a indústria e com os usuários de drones.
Os drones serão cada vez mais aplicados como artefato militar em operações militares, principalmente devido ao seu baixo custo de operação, capacidade de execução de missões em locais de difícil acesso e pelo fato de evitar a perda de vidas humanas.
O mercado e as áreas de aplicação de drones devem crescer ainda mais, induzindo a indústria a evoluir e se aperfeiçoar, tornando-os ainda mais baratos, leves, miniaturizados e com tecnologia e inteligência que proporcione mais segurança e autonomia de voo, com a perspectiva de não requerer a pilotagem remota, tornando-os efetivamente um veículo aéreo autônomo confiável (efetivo e eficiente).
Esse crescimento na quantidade e qualidade dos drones vai exigir que o os sistemas de gerenciamento de espaço aéreo se tornem mais precisos, permitindo a convivência harmoniosa dos voos de drones com as aeronaves de asas fixas e rotativas. Torna-se vital a adoção de novas tecnologias de comunicação e rastreamento desses veículos voadores, com entrada em operação real de soluções de UTM (Gerenciamento do Tráfego Aéreo de Aeronaves Não Tripuladas) integradas com o ATM (Gerenciamento do Tráfego Aéreo).
Devido à diversidade de tecnologias em sistemas de contenção de drones, as autoridades de segurança deverão realizar um estudo criterioso, aplicando as melhores práticas de engenharia de sistemas para conceber, especificar e implantar sistemas que atendam aos requisitos de detecção, identificação, rastreamento e neutralização de drones.
No campo de inovação tecnológica, cabe mencionar que inteligência artificial (AI), internet das coisas (IOT) e machine learning deverão prover soluções para melhorar os processos de detecção, identificação e rastreamento de drones de diversos portes e com capacidade de voo em diferentes altitudes e velocidades. Espera-se que, no futuro, tenhamos uma solução “bala de prata” de sistema de contenção de drones, que detecte, identifique, rasteie e neutralize qualquer drone e em todos os cenários operacionais de uso em ações mal-intencionadas, ilícitas ou militares.
Há um grande potencial dos sistemas de drones para o uso legal em diferentes áreas, mas o seu uso dual, ou seja, em atividades ilícitas, é uma ameaça real, requerendo ações governamentais e avanços tecnológicos para o aprimoramento de sistemas de contenção de drones para a proteção e segurança nacional e patrimonial.