Destes, o Contrato no 6 trata especificamente da transferência de tecnologia de projeto e construção dos quatro submarinos convencionais (S-BR), do desenvolvimento do projeto e construção do submarino com propulsão nuclear (SN-BR) e do fornecimento de informações técnicas para o projeto do Estaleiro, da Base Naval e da UFEM.
Para o SN-BR, o processo de transferência de tecnologia engloba a qualificação de engenheiros de diversos níveis e especialidades para o projeto do submarino na França, por um período de dois anos, e a consultoria técnica durante o projeto e a construção do submarino.
No período de agosto de 2010 a maio de 2012, 31 engenheiros militares e civis da Marinha receberam treinamento em projeto de submarinos convencionais e de propulsão nuclear em Lorient, na França, na Escola de Projeto de Submarinos (École de Conception dês Sous-Marins) da empresa francesa DCNS. Com o retorno deste grupo ao Brasil, a Marinha iniciou o projeto do submarino com propulsão nuclear em julho de 2012, ocasião em que inaugurou o Escritório Técnico de Projetos no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), especialmente equipado com avançados recursos tecnológicos de informação.
“Atualmente, a equipe dedicada ao projeto do submarino com propulsão nuclear totaliza 105 pessoas e, gradativamente, outros profissionais serão integrados ao grupo”, expõe Almirante Alan Paes Leme Arthou, Gerente de Projeto e Construção do Submarino com Propulsão Nuclear da COGESN.
“Até julho de 2013, este grupo trabalhou na elaboração e conclusão da primeira etapa – o projeto de concepção do submarino – e, até o término do projeto, estimamos o envolvimento de cerca de 450 pessoas.”
O processo de contratação dos recursos humanos necessários ao desenvolvimento das fases seguintes do SN-BR – o projeto básico e de detalhamento – está em andamento desde o início de 2014.
Embora a fase inicial conte com maioria de militares, foi engajado ao projeto a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. – AMAZUL, empresa vinculada ao Ministério da Defesa, por meio do Comando da Marinha, criada em agosto de 2012, com o objetivo de fomentar e desenvolver o setor nuclear brasileiro, especialmente nas questões concernentes ao projeto e à construção do submarino com propulsão nuclear. A AMAZUL poderá, através de concurso público, recrutar, no mercado, a mão de obra não militar necessária ao projeto.
A etapa de concepção do SN-BR demandou o período de um ano e à medida que o projeto se desenvolve, o volume de trabalho e a complexidade do projeto tornam-se crescentes. Na fase atual do projeto básico, por exemplo, que demandará dois anos e meio, além da visão global do submarino, é necessária a identificação clara das características de todos os elementos construtivos, equipamentos e soluções técnicas da embarcação para minimizar alterações futuras no projeto de detalhamento e, principalmente, durante a construção do submarino.
Almirante Alan Arthou enfatiza que a definição dos elementos corretos nesta fase do projeto é fundamental para o sucesso do empreendimento.
“O projeto básico deve ser elaborado com o mais alto padrão de qualidade e confiabilidade. Entendemos que um projeto bem feito minimiza, e muito, os problemas que surgem no período da construção. E, no caso do submarino, não podemos sequer considerar a possibilidade de revisão de projeto porque isto poderia ser fatal para o programa.”
A metodologia de elaboração do projeto, implementada sob a orientação técnica da DCNS, exige a documentação de toda e qualquer interferência ao longo do desenvolvimento do projeto, ou seja, se algum item for modificado em determinado ponto, este deve ser alterado em todos os documentos que fizerem qualquer referência a este mesmo item. Este procedimento, apesar de resultar um acréscimo expressivo de trabalho, assegura a informação correta para todas as interfaces do projeto.
“Em outra circunstância, este método poderia se configurar como burocrático e até prescindível, mas para um submarino, é essencial”, coloca Almirante Alan Arthou.
“O projeto é como uma espiral: começa com um nível de informação que aos poucos vai crescendo e se avolumando e, a cada volta da espiral, a inclusão de novos dados resulta a revisão de todo o projeto. Assim, é como se o submarino fosse projetado várias vezes, porém cada vez com informações mais precisas e convergentes.”
O desenvolvimento do projeto utiliza, como referência, todas as informações disponíveis de outros submarinos, inclusive convencionais, as quais são atualizadas e analisadas, sob as condições e necessidades do submarino com propulsão nuclear, chegando-se então, às especificações finais das diversas partes do projeto.
Nesta fase do projeto básico, duas equipes de apoio logístico integrado atuam simultaneamente: uma, no CTMSP em São Paulo, que trata do estudo das características dos equipamentos e do arranjo do submarino para permitir a manutenção a bordo; e, outra no Rio de Janeiro, responsável por averiguar a logística de manutenção da embarcação atracada ou no dique, ou seja, determinar o tipo de apoio, o maquinário e os procedimentos necessários ao futuro estaleiro de manutenção em Itaguaí-RJ.
Ainda nesta etapa, além das atividades do projeto e do apoio logístico, a seleção dos fornecedores para o submarino com propulsão nuclear será finalizada, bem como a obtenção de informações dos itens contratados, fornecidas pelos fabricantes e fundamentais para o término do projeto.
“Este é o período em que completaremos o nosso programa de nacionalização do submarino com propulsão nuclear”, expõe Almirante Alan Arthou, enfatizando a importância da participação de empresas capazes de desenvolver produtos ou equipamentos no Brasil.
“É preciso aproveitarmos a oportunidade do PROSUB para alavancar no país, um desenvolvimento tecnológico sólido e duradouro e, neste campo, a interface entre a iniciativa privada e a universidade deve ser ampliada e fortalecida em proveito de maior desenvolvimento tecnológico nacional.”
FONTE:Technonews