Moçambique poderá comprar aviões de ataque Super Tucano e um simulador de manobras navais do Brasil, disse hoje, em Maputo, o ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, depois de um encontro com o seu homólogo moçambicano Agostinho Mondlane.
“Se Moçambique confirmar o interesse que foi manifestado no passado, de adquirir três aviões de ataque, que são relativamente caros, eles terão que ser vendidos, mas há possibilidade de financiamento a médio e longo prazo”, afirmou o ministro brasileiro.
Avançando que estas aeronaves estão a ser compradas pelos Estados Unidos para missões militares no Afeganistão, Celso Amorim falou ainda da possibilidade de Moçambique vir a adquirir um simulador naval do Brasil.
Sobre a promessa brasileira de doação de três aviões de treinamento Tucano (Embraer BEM-312) a Moçambique, o ministro brasileiro referiu que a proposta já foi aprovada pelo executivo, liderado pela Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, faltando o aval do Congresso Nacional do país.
“Prometemos e vamos cumprir a doação de três aviões Tucano, que são aviões de treinamento brasileiros. A parte que tinha que ser realizada dentro do executivo brasileiro já foi (efetuada), agora depende apenas da aprovação do Congresso Nacional”, disse Celso Amorim.
O anúncio da doação destes equipamentos causou polêmica no Brasil, uma vez que foi feito numa altura em que Moçambique já se encontrava mergulhado numa crise político-militar, provocada por divergências, ainda não resolvidas, entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Governo de Maputo.
Os confrontos já provocaram dezenas de mortes, incluindo civis, sobretudo no centro de Moçambique.
No que se refere à área de cooperação em Defesa, Agostinho Mondlane classificou o Brasil como um dos “parceiros mais importantes” de Moçambique.
“Moçambique tem vindo a trabalhar com vários parceiros e, na área da Defesa, um dos parceiros mais importantes é o Brasil, que tem estado a trabalhar connosco na capacitação dos nossos homens”, disse o recém-empossado ministro moçambicano, que substituiu Filipe Nyussi, candidato presidencial da Frelimo, no poder, às eleições de outubro.
Ainda na área de cooperação, Celso Amorim anunciou a “oferta brasileira para contribuir para a estrutura naval de Moçambique”, num programa que deverá se traduzir no envio de uma missão, no início de abril, “para analisar algumas bases navais”, como a de Pemba e de Maputo.
“Não estamos pensando em instalar uma base militar em Moçambique. Queremos ajudar, se Moçambique assim o quiser, a que o país tenha as suas bases, mas nós não queremos ter bases aqui”, sublinhou Celso Amorim, quando questionado sobre a possibilidade de o Brasil vir a ter uma base em território moçambicano.
O ministro brasileiro considerou ainda que “as necessidades de proteção e defesa dos recursos naturais em Moçambique são muito grandes”, referindo-se ao reforço de cooperação que os dois países pretendem empreender.
Os interesses econômicos do Brasil em Moçambique estão sobretudo centrados nas áreas de Recursos Minerais, através da mineiradora Vale Moçambique, e de Agricultura, com o projeto de desenvolvimento de agricultura industrial ProSavana, que envolve também o Japão.
FONTE: RTP