Por Luiz Padilha
O Ministro da Defesa Jaques Wagner, acompanhado pelo Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Leal Ferreira, pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), General do Exército José Carlos de Nardi e pela secretária geral do Ministério da Defesa, Sra. Eva Schiavon, visitou na manhã desta terça feira o complexo EBN – Estaleiro e Base Naval em Itaguaí.
O Ministro foi recebido pelo Coordenador-Geral Programa de Desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear, Almirante-de-Esquadra(RM1) Gilberto Max Roffé Hirschfeld.
Palestra
No auditório do prédio da administração, o Almirante Max proferiu uma palestra para o Ministro Jaques Wagner e demais presentes, explicando em detalhes as fases pela qual o programa já passou e, as que ainda estão por vir, exaltando o salto tecnológico que o programa de submarinos trouxe para o país, qualificando nossa mão de obra para projetos de envergadura, como a construção de um submarino nuclear.
NUCLEP
Em seguida, o Almirante Max convidou o Ministro e sua comitiva para conhecer as instalações da NUCLEP, onde são construídas as seções dos novos submarinos da classe Riachuelo.
Dentro das instalações da NUCLEP, foi possível ver a fabricação das seções do submarino Riachuelo e algumas do segundo submarino, o Humaitá. O Ministro da Defesa parou em todos os pontos e fez diversas perguntas sobre o processo de fabricação, sendo apresentado aos funcionários que também eram arguidos por ele, sobre o seu aprendizado e sua satisfação por estarem trabalhando no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB).
O Ministro pôde observar que as seções que irão complementar o primeiro submarino da classe Riachuelo, estão praticamente prontas. A solda das estruturas internas das seções do submarino, é feita de forma automatizada, num sistema onde o aço é aquecido e resfriado lentamente durante o processo de solda.
Um dos grandes avanços do PROSUB foi adquirir junto à fabrica Schuler, uma empresa brasileira, a maior prensa hidráulica já fabricada, para a conformação dos cascos dos submarinos. Trata-se de uma prensa de 80.000 kN, especialmente desenvolvida para esta aplicação. Este equipamento de grande porte, é essencial para a independência tecnológica e estratégica no processo de fabricação de submarinos no Brasil.
Submarino Riachuelo
Após a visita à NUCLEP, o Ministro da Defesa e sua comitiva seguiram para o prédio da UFEM – Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas, onde foi possível ver o atual estágio de construção do submarino Riachuelo.
A construção está em andamento, apesar da nova previsão para o seu lançamento, que se espera, seja em 2017. Nesta oportunidade foi possível ver a construção da pôpa do Riachuelo e ver que já há uma seção pronta, logo atrás da parte que dá forma ao submarino, para receber a instalação dos equipamento em seu interior.
Infelizmente, por uma questão de contrato, não foi permitida a entrada da imprensa no corpo principal do Riachuelo, apenas o Ministro da Defesa e algumas autoridades tiveram acesso, e por isso, não podemos atualizar em que estágio se encontra o interior do submarino. O que foi possível ver é que muitas partes, como os tanques de combustível e o tanque sanitário se encontram em construção.
EBN – Estaleiro Base Naval
Ao sair da UFEM, percorremos o caminho por onde os submarinos serão levados, passando pelo túnel até a área Sul, para serem finalizados no prédio do estaleiro.
O Contra-Almirante Newton de Almeida Costa Neto, Gerente do Empreendimento Modular da Construção do Estaleiro e da Base Naval, que acompanhava a visita do Ministro da Defesa, passou a explicar os detalhes referente ao desafio maior, que é a construção da área Sul. O CA Newton enfatizou que esta área, que abrigará não só o estaleiro como também a futura Base de Submarinos, possui características especiais e que este é o maior desafio.
Características essas como, a forma como os dois diques serão construídos, explicando ao Ministro que as especificações são as mesmas utilizadas na construção das Usinas de Angra 2 e 3, com concreto especial e seguindo as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Isso inclui a capacidade de suportar um Tsunami, abalos sísmicos entre 6 e 7 graus da escala Richter e alagamentos, por exemplo.
Ao final da visita, o Ministro da Defesa Jaques Wagner concedeu uma pequena entrevista à imprensa, onde destacou que como brasileiro, estava orgulhoso por estar visitando as instalações do EBN, que marcam de forma significativa o futuro da industria nacional. O ministro ressaltou que começou como “chão de fábrica”, pois ele foi caldeireiro de uma indústria petroquímica e que por isso, sabia muito bem o significado da obra para os trabalhadores.
O DAN perguntou ao Ministro, quais as perspectivas de futuro do PROSUB, ante o corte de quase R$ 2 bilhões no orçamento na pasta da Defesa. O Ministro explicou que os ajustes são necessários pelo momento da economia brasileira e que ele, por fazer parte do governo, está de acordo com as restrições de gastos que virão. Mas, no caso específico do PROSUB, por se tratar de acordo estratégico com contratos internacionais, uma economia agora poderá representar um prejuízo maior no médio prazo, pelas multas que ocorrerão, então não haverá em hipótese alguma, interrupção ou mudança de trajetória.
“O cronograma do primeiro submarino está sendo revisto, e não pode ser considerado como atraso, pois a curva de aprendizado é própria de todo investimento novo, e não há tecnologia que você importe, que você não faça uma curva de aprendizado. Essa garotada que está fazendo solda especialíssima, pode ser que na primeira não saia tão perfeita. A previsão era 2016, estamos discutindo 2017, o importante é que o primeiro, é onde você faz a curva de aprendizado, a partir dai, o segundo, o terceiro, o quarto e o casco do submarino nuclear, provavelmente nós não teremos mais essa curva de aprendizado.
Eu estou brigando, junto com todo o ministério, com o peso politico que eu tenho, sem me descolar do governo, pois eu sou parte do governo federal e sei da necessidade dos ajustes. O tamanho do ajuste, nós vamos medindo durante a nossa caminhada.”