São R$ 18,7 bilhões para investimentos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos até 2024
Por Thiago Gomes
Avanço tecnológico. Brasil entra num seleto grupo de países e também passa a desenvolver o seu submarino de propulsão nuclear.
Conforme justifica o Comando da Marinha, entre os benefícios para o Brasil com o projeto estão o fortalecimento da indústria nacional e o aprimoramento da qualificação técnica de profissionais brasileiros que trabalharão no Prosub, garantindo ao País a capacidade de desenvolver e construir seus próprios submarinos no futuro, de forma independente.
O orçamento global do Prosub também inclui a construção de quatro submarinos convencionais. Parte significativa dos equipamentos desenvolvidos para os quatro submarinos convencionais, de propulsão diesel-elétrica, será aproveitada no SN-BR.
INDÚSTRIA NACIONAL
Segundo a Assessoria de Comunicação Social do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, estima-se que cada um dos submarinos a ser produzido no Brasil contará com mais de 36 mil itens a serem fabricados no País, por mais de 100 empresas brasileiras. Entre esses equipamentos estão válvulas de casco, motores elétricos, sistema de combate, bombas hidráulicas, quadros elétricos, sistemas de controle e baterias de grande porte, entre outros. Um dos argumentos em favor do projeto é de que o processo de capacitação da indústria de defesa nacional, envolvendo transferência de tecnologia e expressiva nacionalização de equipamentos, permitirá que o Programa de Desenvolvimento de Submarinos gere, durante as obras de construção em andamento, mais de 9 mil empregos diretos e outros 27 mil indiretos. Para o período de construção dos submarinos projeta-se, na área de construção naval militar, a criação de cerca de 2 mil empregos diretos e 8 mil indiretos permanentes, com utilização de mão de obra local.
Ainda de acordo com a Marinha, este ano o Prosub deu importante passo em sua parte nuclear com a inauguração da primeira das quatro fábricas da Unidade Produtora de Hexafluoreto de Urânio (Usexa) e do Centro de Instrução e Adestramento Nuclear Aramar (Ciana), em Sorocaba (SP), que representaram o domínio do ciclo do combustível nuclear para o País. Hoje, apenas cinco países – China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia – detêm este domínio tecnológico.
Com o empreendimento, o Brasil passa a integrar a seleta lista, já que o reator nuclear e a propulsão do submarino serão desenvolvidos no País.
Meio Anfíbio
Obtenção de navio de desembarque de carros de combate ou um navio de desembarque doca. O Programa de Obtenção de Navio Anfíbio (Proanf) iniciou pesquisa visando à obtenção no exterior de projeto de navio anfíbio, aprovado e operado por outras marinhas, para futura construção em estaleiro nacional.
Projeto percorrerá um longo caminho
A Marinha informa que o trabalho de desenvolvimento do Prosub, iniciado em julho último, ainda percorrerá um longo caminho. Serão três anos para alcançar o projeto básico do submarino de propulsão nuclear, para então começar a fase do projeto detalhado, simultaneamente com a construção do submarino, em 2016, o que se dará no estaleiro da Marinha que está sendo construído em Itaguaí.
Segundo a Marinha, o submarino de propulsão nuclear possui significativas vantagens táticas e estratégicas. Seu reator nuclear, por ser uma fonte quase inesgotável de energia, confere-lhe enorme autonomia, podendo desenvolver velocidades elevadas por longos períodos de navegação, ampliando significativamente sua mobilidade e permitindo-lhe patrulhar áreas mais extensas dos oceanos. Além disso, por operar ininterruptamente mergulhado, em completa independência do ar atmosférico, este tipo de submarino é praticamente indetectável, inclusive por satélites. O submarino nuclear brasileiro será totalmente projetado e construído no Brasil, empregando os mesmos métodos, técnicas e processos de construção desenvolvidos pelos franceses. O processo de capacitação da indústria nacional envolve transferência de tecnologia e expressiva nacionalização de equipamentos.
Frota deve receber mais 11 navios
Capacidade operacional. Navios mais modernos serão incorporados à frota da Marinha do Brasil.
Na ampliação da capacidade operacional da Marinha destaca-se, ainda, a obtenção dos chamados meios de superfície (Prosuper), onde estão previstos o desenvolvimento da capacidade de projetar e construir, no Brasil, 11 navios. São cinco navios-escolta, cinco navios-patrulha oceânicos de 1,8 tonelada e um navio de apoio logístico. Três de patrulha serão incorporados à frota da Marinha até 2013. Há, ainda, projeto de construção de 27 navios-patrulha de 500 toneladas. Já foram recebidos dois patrulhas. Outros cincos, também em construção no País, serão entregues até 2014.
Programa de reaparelhamento terá reflexos nacionais positivos
Um dos itens do Programa de Reaparelhamento da Marinha, que visa, entre outras coisas, à revitalização e modernização das estruturas logísticas e operativas, apresentará reflexos positivos para a economia nacional, seja de forma direta, estimulando setores associados às indústrias de defesa naval, seja indireta, alavancando o desenvolvimento econômico da federação e, com isso, de seus estados membros, como Mato Grosso do Sul. A avaliação é do capitão de fragata Fábio de Freitas Machado, da Capitania dos Portos do Pantanal.
Segundo o oficial, a segurança da navegação, prevista no projeto, talvez represente uma das maiores oportunidades de interação da Marinha com as comunidades em geral e demais setores afins da sociedade organizada. Conforme explicou, o Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário é composto por capitanias, delegacias e agências, marítimas ou fluviais. O propósito é atuar na salvaguarda da vida humana, segurança da navegação – em mar aberto ou hidrovias interiores – e na prevenção da poluição hídrica por parte de embarcações, plataformas ou instalações de apoio, além de contribuir para a orientação, coordenação e controle das atividades relativas à Marinha Mercante e organizações correlatas no que se refere à Defesa Nacional.
Como os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são dotados de rede hidrológica bastante complexa, tanto em volume d’água como na quantidade de cursos fluviais e níveis de capilaridade/difusão, torna-se necessário promover a exploração sustentável de todo esse potencial econômico, bem como manter a capacidade de fiscalização das instituições – entre elas, a Marinha – associadas às atividades desenvolvidas ao longo da Hidrovia Paraguai-Paraná, via de âmbito internacional (Brasil/Bolívia/ Paraguai/Argentina/ Uruguai).
Conforme o capitão dos Portos, “no caso específico do item segurança da navegação, observa-se a proposta de ampliação da presença da Marinha na Amazônia, no Centro-Oeste e em áreas fronteiriças, adensando a vigilância nas grandes bacias fluviais”. Ele lembra que houve a elevação da antiga Agência Fluvial de Cuiabá à categoria de delegacia, em 2009. Após um estudo sobre perspectivas de aumento da presença da autoridade marítima brasileira na região Centro-Oeste, onde foram avaliadas cidades como Alta Floresta, Juruena, Juína e outras em MT, houve a decisão de estabelecer uma Agência Fluvial em Sinop.
FONTE: Correio do Estado-MS