Por João José Oliveira
O primeiro desses helicópteros é um novo H125 fabricado em Itajubá (MG) para um cliente do Equador, que sai da linha de montagem da empresa neste mês. O outro aparelho é do mesmo modelo, pertencente a um cliente na China, também em fase final de produção que deverá ser entregue ainda em janeiro.
O vice-presidente da Helibras diz que a empresa precisa buscar alternativas para manter o nível de atividade, fortemente impactado pela recessão. A empresa detém 50% da frota brasileira de helicópteros a turbina.
Desde que começou a fabricar unidades no fim dos anos 1970, a companhia soma 750 unidades vendidas no mercado nacional. Mas a média de entregas por ano, que chegou a 36 até 2014, caiu cerca de 20% em 2015 e 2016.
A recessão econômica atingiu a Helibras no meio de um ciclo de expansão, em que o grupo Airbus vinha ampliando a capacidade instalada no Brasil. No fim de 2014, a empresa decidiu investir R$ 420 milhões na linha de produção de Itajubá e elevar de 800 para mil empregados a força de trabalho no país para atender o programa HX-BR, de desenvolvimento de 50 helicópteros para as Forças Armadas do país, em um acordo estimado na época em € 1,9 bilhão.
O programa foi mantido, mas com extensão do prazo, de 2020 para 2022. E o ajuste por parte da demanda governamental também ocorreu no setor privado, com menor procura por novas aeronaves.
Segundo Andreani, a frota em serviço no Brasil baixou a quantidade de horas de voo em cerca de 10% ao longo de 2016 ante 2015 – de 95 mil horas para 86 mil horas de voo. Com menos aeronaves no ar, a Helibras contabiliza menos vendas de manutenção e de serviços, portanto.
O vice presidente da empresa pondera que há sinais de que o pior momento passou. “Temos percebido maior atividade, com clientes cotando e negociando contratos, diferentemente de meses atrás, quando sequer negociação ou cotação de preços”, disse Andreani. “Na América Latina, vemos retomada mais forte em alguns mercados, como Chile, Colômbia e México”, disse.
O executivo da Helibras afirma a operação brasileira ganhou espaço no grupo. “Nossa unidade no Brasil é estratégia porque é uma das poucas do grupo Airbus com capacidade de produção e de engenharia, para desenvolver, qualificar e certificar com autoridades sistemas de aeronaves”, disse Andreani, citando que das 30 filiais do grupo fora da França no mundo, apenas Estados Unidos, Cingapura, Austrália e Brasil têm essa capacidade de desenvolvimento.
O executivo disse que a empresa também está trabalhando para ampliar a rede de parceiros no Brasil para reforçar a capacidade de oferecer serviços em mais regiões. “Queremos ter parceiros que possam trabalhar com padrões da Helibras para atuar em outros mercados, como Nordeste, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, por exemplo”, disse Andreani. “Temos capacidade ociosa e temos versatilidade na produção para atender a retomada da demanda quando ela ocorrer”, disse o executivo da Helibras, que conta com 620 funcionários distribuídos entre as instalações no Campo de Marte, São Paulo, Itajubá e as unidades de Atibaia, Rio de Janeiro e Brasília.
FONTE: Valor Econômico