A ACS (Alcântara-Cyclone Space), estatal na qual os governos dos dois países investiram US$ 230 milhões cada um até agora, diz que mantém seu calendário prevendo o lançamento de estreia para 2015, a partir de Alcântara, no Maranhão, “podendo sofrer pequena variação”.
“Esse projeto é um projeto de Estado”, afirma o brigadeiro Wagner Santilli, chefe de relações corporativas da ACS.
“Uma situação política de momento nada tem a ver com isso. O projeto tem uma assinatura entre os dois governos e está indo para a frente.”
Segundo a direção da empresa, contatos com engenheiros que produzem o foguete na Ucrânia continuam ocorrendo sem perturbações, e atrasos recentes no projeto se devem apenas a “problemas de reembolso”.
A ACS foi criada a partir de um acordo assinado entre os países em 2003 prevendo o lançamento do primeiro foguete, o modelo Cyclone-4, (ainda em desenvolvimento), em 2007. O programa sofreu sucessivos atrasos devido a problemas como disputa de terras com comunidades quilombolas de Alcântara e esgotamento de verbas em Kiev.
INVESTIMENTO E LUCRO
Segundo Santilli, as obras da base que abriga a plataforma de lançamento no Maranhão estão 40% prontas.
Questionada pela Folha, a empresa não respondeu quanto investimento ainda será necessário para terminar o projeto. Em 2010, analistas já apontavam que, se ultrapassasse o valor de R$ 1 bilhão, a ACS se tornaria uma empreitada cara demais para obter lucro a curto prazo.
A empresa não arrisca dizer se a turbulência na Ucrânia pode repercutir mal entre futuros clientes. A Ucrânia havia deixado em aberto a possibilidade de transferir ao Brasil a tecnologia dos foguetes, mas nunca cravou um acordo nisso.
A reportagem da Folha não conseguiu contatar a contraparte ucraniana da ACS para comentários.
FONTE: Folha de São Paulo – Rafael Garcia