“Teríamos destruído o alvo”, garante um oficial. O teste seguiu o procedimento de combate real. Os veículos lançadores blindados tomaram posição de fogo. O objetivo foi definido, engajado e, hipoteticamente, destruído. “Serviu para alinhamento da doutrina, que define os padrões de como usar e como aplicar o sistema”, disse o oficial
MTC 300 é capaz de fazer navegação inteligente. Leva, na ogiva, a carga explosiva de 200 quilos. O programa de construção do míssil integra o sistema de artilharia Astros 2020, uma das sete prioridades estratégicas no processo de modernização da Força Terrestre.
Está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de 2014 com recursos estimados em R$ 300 milhões, dos quais R$ 92 milhões garantidos. Cada míssil custará € 670 mil.
As encomendas iniciais devem envolver um lote de 100 unidades. A empresa que executa o projeto, é a Avibrás Aeroespacial, de São José dos Campos. O total dos investimentos no Astros 2020 é avaliado em R$ 1,246 bilhão. O custo, só da fase de desenvolvimento do míssil, vai bater em R$ 195 milhões. Segundo Sami Hassuani, presidente da Avibrás, todas as etapas do empreendimento estarão integralmente cumpridas até 2018, “mas, o primeiro lote, será entregue já em 2016”.
Em nota, o Comando do Exército informou que no período de 2011 e 2012 aplicou, diretamente no plano, R$ 220 milhões.
Mercado. Há boas possibilidades para o produto no mercado internacional. Uma prospecção feita com clientes tradicionais do modelo atual, o Astros II, como a Arábia Saudita, a Malásia e a Indonésia, indicou um potencial de negócios de US$ 2,5 bilhões, valor que “se somará ao representado por novos usuários, que é um pacote de US$ 3,5 bilhões até 2022”, diz Hassuani.
A atual versão do MTC 300 é o resultado de 10 anos de aperfeiçoamento. O desenho é moderno, compacto, e dispensa as asas retráteis da primeira configuração. O míssil mede 5,5 metros e utiliza materiais compostos. O motor de aceleração usa combustível sólido e só é ativado no lançamento.
Durante o voo de cruzeiro, subsônico, o míssil tem o comportamento de uma pequena aeronave – a propulsão é feita por uma turbina, de tecnologia nacional, construída também pela Avibrás.
A arma está no limite do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, o MTCR, do qual o Brasil é signatário. O acordo restringe o raio de ação máximo a 300 quilômetros e as ogivas a 500 quilos. “O MTC-300 está dentro da distância fixada e atua com folga no peso”, explica Sami Hassuani.
O Comando do Exército destaca que o Astros 2020 é a plataforma para que a Força tenha “apoio de fogo de longo alcance com elevados índices de precisão e letalidade”. A navegação do AV-TM é feita por uma combinação de caixa inercial e um GPS. O míssil faz acompanhamento do terreno com um sensor eletrônico, corrigindo o curso em conformidade com as coordenadas armazenadas a bordo. Seu objetivo ideal é uma instalação estratégica – refinarias, usinas geradoras de energia, centrais de telecomunicações, concentrações de tropa, depósitos, portos, bases militares, complexos industriais.
Ainda não tem o radar necessário para buscar alvos móveis, O recurso permitiria multiplicar a capacidade realizando, por exemplo, um disparo múltiplo contra uma frota naval, liderada por um porta-aviões, navegando a até 300 quilômetros do litoral – no caso do Brasil, eventualmente ameaçando províncias petrolíferas em alto-mar. Uma bateria do sistema Astros é composta por seis carretas lançadoras, com suporte de apoio de outras seis remuniciadoras, um blindado de comando, um carro-radar de tiro, um veículo-estação meteorológica e um de manutenção.
O míssil MTC 300 é disparado por rampas duplas – cada carreta levará quatro unidades. O SS-30 atua em salvas de 32 foguetes e o SS-40, de 16; os SS-60 e SS-80 de três em três. O grupo se desloca a 100 km/hora em estrada preparada e precisa de apenas 15 minutos de preparação antes do lançamento. Cumprida a missão, deixa o local deslocando-se para outro ponto da ação, antes que possa ser detectado.
FONTE: Estado de São Paulo – Roberto Godoy