O novo presidente do EISA, Diego Salgado, disse ontem que a parceria com os espanhóis busca atender encomendas da Marinha do Brasil, mas existe também a intenção de desenvolver o acordo para outros contratos. Salgado disse que há um contrato de consultoria com a Navantia, válido por dez meses, que prevê que equipes de engenheiros da Espanha trabalhem no estaleiro para melhorar a performance, a qualidade e o cumprimento dos prazos com a Marinha. O EISA, afirmou, tem contrato com a Marinha para construir cinco navios-patrulha de 500 toneladas.
Navantia e Synergy anunciaram, em abril, acordo para atuarem juntas na área de defesa, no Brasil. As duas empresas assinaram memorando de entendimento com o objetivo de criar uma Empresa Estratégica de Defesa (EED). O acordo busca combinar a tecnologia dos espanhóis em construção naval militar com a capacidade de construção do Synergy Group. A ideia é ser um fornecedor de referência da Marinha do Brasil. Segundo Salgado, a assistência técnica da Navantia pode ser estendida para outros navios na carteira do EISA, caso dos navios de contêineres encomendados pela Log-In. O Valor não conseguiu contato com a Navantia no Brasil.
Vital Jorge Lopes, presidente da Log-In, elogiou o acordo feito pelo estaleiro com a Navantia. Para a Log-In, é importante que o estaleiro consiga cumprir os novos prazos com os quais se comprometeu. Log-In e EISA assinaram, no fim de novembro, aditivo ao contrato original para concluir quatro navios em atraso no estaleiro (três de contêineres e um de bauxita). A Log-In terá de fazer investimentos adicionais de R$ 74,5 milhões para concluir os navios. O novo cronograma definido por Log-In e EISA prevê a entrega dos navios entre outubro de 2015 e outubro de 2017.
A Navantia deverá dar suporte ao Eisa e ao Eisa Petro 1 na revisão de processos com o objetivo de melhorar índices de produtividade e reduzir ineficiências na construção de navios. No caso do EISA, depois de ficar mais de 60 dias parado, o estaleiro retomou as operações em 25 de outubro graças a um empréstimo internacional de US$ 120 milhões, sendo que uma parte dos recursos ainda não foi liberada. O estaleiro vinha tendo desempenhos irregulares em termos de produtividade, medida por um indicador que considera homem-hora por tonelada. O índice apresentou melhorias, disse Salgado, ontem, em apresentação a um grupo de investidores no estaleiro. O executivo afirmou que o índice de reparação de soldas em blocos de aço que formam os navios caiu, o que também é um bom sinal.
Salgado disse que o EISA está em tratativas para chegar a acordos com outros clientes, incluindo as empresas Brasil Supply, Swire e Astromarítima. Se chegar a bom termo nessas discussões, o EISA deverá garantir carteira de construção de 17 embarcações. O número inclui os navios-patrulha da Marinha, as unidades da Log-In e navios de apoio às atividades da indústria de petróleo para outros clientes.
Essa carteira em construção deve assegurar um faturamento entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões por ano em 2015 e 2016, disse Salgado. Mas para manter essa receita a partir de 2017 o estaleiro precisará correr atrás de novos contratos já a partir de 2015. Segundo Salgado, o EISA deve receber R$ 35 milhões em investimentos até 2017 para modernizar a sua planta industrial.
FONTE: Valor Econômico por Francisco Góes