Por Luana Pavani e Álvaro Campos
Conforme a Embraer, há vários meses tem ocorrido a mudança geográfica de times para cumprir projetos, tanto para a cidade de Gavião Peixoto, no interior paulista, quanto para Melbourne, nos Estados Unidos. A Embraer não revelou a quantidade de colaboradores envolvidos nessas transferências, mas frisou que não se tratam de cortes e sim de uma forma de atender à expansão da carteira de pedidos, chamada de backlog, que prevê entrega de novas aeronaves como a linha E-2, cujo lançamento está previsto para o ano que vem. O time alocado nos Estados Unidos para o projeto Phenom agora passa a se dedicar ao E-2, por exemplo.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e membro do conselho de administração da Embraer, Herbert Claros da Silva, os trabalhadores temem demissões por conta das transferências de produção que a companhia está promovendo. Além da ida da linha Phenom para os EUA, que já foi confirmada pela Embraer, o sindicato diz que a empresa estaria estudando levar também a linha Legacy. “Eles dizem que vão remanejar internamente os funcionários, mas é impossível readequar tanta gente”. Segundo o sindicalista, juntas, as linhas do Phenom e do Legacy somam quase 3 mil pessoas na cadeia de produção.
O sindicalista diz que empresas brasileiras que fornecem peças para o Legacy anunciaram que vão parar a produção e uma empresa dos EUA, a Triumph, que já produz peças do Phenom, seria a nova fornecedora também do Legacy. Claros comenta ainda que notícias veiculadas pela imprensa da Flórida dão conta da expansão da unidade da Embraer na cidade de Melbourne para incluir a produção do Legacy. “Temos plena convicção de que é possível adaptar essa produção em São José. Nossa preocupação também é política, porque a Embraer é uma das maiores beneficiadas da redução de impostos sobre a folha de pagamento e recebe muito crédito do BNDES, então não faz sentido transferir essa produção para os EUA”, argumenta.
Backlog
A Embraer encerrou o segundo trimestre de 2015 com uma carteira de pedidos firmes a entregar (backlog) de US$ 22,9 bilhões, considerado o maior da história da empresa. No final do trimestre anterior, em 31 de março de 2015, a carteira de pedidos firmes totalizava US$ 20,4 bilhões.
Boa parte do crescimento reportado entre o final de março e o encerramento do primeiro semestre está relacionado a novas encomendas anunciadas na Paris Air Show, importante feira internacional de aviação realizada em junho, quando a companhia divulgou a venda de mais de 100 jatos regionais, incluindo um pedido firme para 25 jatos da família E2, ainda em desenvolvimento e com previsão de entrar em operação em 2018.
Ao final de junho a empresa mantinha em carteira 1.668 pedidos firmes e 721 opções.
FONTE: O Estado de São Paulo