Por Assis Moreira – De Genebra
O contrato tem valor estimado em US$ 260 milhões pela lista de preços atual, mas o potencial do negócio é superior a US$ 500 milhões porque a intenção do cliente mexicano é dobrar o pedido no curto prazo.
A aviação executiva sofre com o impacto da crise econômica, globalmente. Os mercados da Europa, da China e do Brasil sofreram contração. Analistas falam de um esgotamento do modelo tradicional no segmento, pelo qual uma só pessoa compra um jato para seu uso pessoal.
Agora, os fabricantes buscam maior demanda por parte de clientes que preferem a propriedade compartilhada do aparelho ou usar serviços de táxi aéreo. As companhias também procuram compradores em novas regiões geográficas.É nesse cenário que dois anúncios que a Embraer fará na Feira Europeia de Aviação Executiva tem importância que vai além do valor dos contratos. A feira é conhecida pela sigla inglesa Ebace e começa hoje em Genebra.
A Across, sediada em Toluca, principal centro de aviação executiva do México, vai confirmar pedidos de oito Legacy 500, oito Phenom 300 e sete Phenom 100E, para seus voos de fretamento sob o conceito de “Aviación a tu medida”. A empresa faz também gerenciamento de aeronaves e serviços aeroportuários para jatos executivos.
Em entrevista ao Valor, o presidente da companhia, Pedro Corsi, diz que “parece claro que ter um jato, com seu próprio piloto e usá-lo menos de 10 horas ao mês, é menos atrativo hoje”. Segundo ele, “usando as opções, como avião compartilhado ou alugado, a economia é de 75% e o serviço é confiável”.
O empresário reconhece o esgotamento do modelo tradicional de um único proprietário, mas observa que continua a ter gente comprando seu jato para uso exclusivo, com sua equipe de pilotos. A própria Across vai vender aviões da Embraer nesse contexto, como parceiro do fabricante brasileiro na comercialização de jatos executivos.A Across já pediu para a Embraer antecipar a entrega de dois aparelhos, de 2017 para este ano. O número de horas de voo da empresa passou de 4,5 mil horas em 2011 para 6 mil horas em 2014. No ano passado, chegou a 9 mil horas, e no primeiro trimestre deste ano cresceu 30% a mais que o projetado. Inicialmente, a empresa cobre as Américas, mas tem planos de expansão para a Europa. A América do Norte tem sido responsável por mais de 60% da demanda por jatos executivos, e essas empresas estão buscando oportunidades de operação em outras regiões também.
Corsi participará da Ebace juntamente com a Avinode, o principal mercado on-line do mundo para compra e venda de voos de fretamento.
O segundo novo cliente da Embraer que vai mostrar outra opção de negócios é a empresa suíça Sparfell & Partners.
A companhia tem experiência na área de leasing de aviões comerciais, mas, agora, quer levar esse modelo para aviação executiva. Assim, governos ou empresas não precisariam comprar mais os próprios aviões. Em vez disso, poderiam contratar empresas que oferecem o serviço completo, incluindo pilotos, seguro, manutenção e outros custos envolvidos, dentro do novo conceito de leasing.A companhia suíça começou com um Legacy da Embraer, e abre outro potencial de utilização de aviação executiva.
Marco Tulio Pellegrini, presidente e executivo-chefe da Embraer Aviação Executiva, destaca que os jatos da companhia combinam com as opções que estão surgindo no mercado, com baixo custo operacional, maior produtividade etc. No México, a frota composta pelos jatos da família Phenom, Legacy e Lineage cresceu 35% no ano passado.
Para 2016, a divisão de jatos executivos da Embraer planeja entregar de 40 a 50 aeronaves grandes (famílias Legacy e Lineage) e de 75 a 85 jatos leves (família Phenom). Isso equivale a uma receita entre US$ 1,75 bilhão e US$ 1,9 bilhão.
No primeiro trimestre já foram entregues 12 jatos leves e 11 jatos grandes, em comparação com 10 jatos leves e dois jatos grandes no mesmo período do ano passado.
FONTE: Valor Econômico