O objetivo da iniciativa, segundo a coordenadora do setor aeroespacial e de defesa da ABDI, Cynthia Mattos, é promover o fortalecimento das empresas com a capacitação em novas tecnologias e o aumento da produtividade. O programa tem um aporte inicial de R$ 1,1 milhão.
A parceria entre as três entidades é um reforço ao Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF) que a Embraer criou em 2011. Segundo a Embraer, 107 empresas, incluindo fornecedores de produtos e serviços não ligados diretamente à cadeia, receberam 1600 horas de treinamento teórico deste programa, que atingiu um total de 2400 pessoas.
A Embraer informou que tem hoje 73 fornecedores brasileiros do setor aeronáutico (nas áreas de usinagem, estamparia, termoformagem, composto, tapeçaria, montagens, serigrafia, e acrílicos), que são responsáveis pelo fornecimento de mais de 5 milhões de peças por ano. Este número não inclui ainda as oportunidades que serão criadas pelos novos programas, como o da nova geração de jatos comerciais da empresa e o dos caças Gripen para a Força Aérea Brasileira (FAB).
O cluster aeroespacial e de defesa, de acordo com o gerente executivo do Cecompi, Marcelo Sáfadi, é formado hoje por mais de 100 empresas que, juntas, faturam cerca de R$ 1 bilhão e geram cerca de 5 mil empregos (com a Embraer esse número sobe para 24 mil). Atualmente 33 empresas do setor exportam o equivalente a US$ 130 milhões.
Em paralelo à iniciativa com a ABDI e o Cecompi para o fortalecimento da cadeia, a fabricante de aviões participa do Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Aeroespacial, lançado em maio do ano passado. O gestor do fundo, João Antônio Lopes Filho, do Portbank, disse que acaba de ser assinado o primeiro contrato com uma empresa do setor que será beneficiada com recursos do fundo.
O patrimônio inicial do fundo, do qual também participam o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP), é de R$ 131,3 milhões. Até o momento, segundo Lopes Filho, o FIP recebeu 500 projetos de 60 empresas que estão sendo analisadas. Destas, 25% são da região do Vale do Paraíba.
O gestor do FIP disse que a participação da Embraer no projeto se dará com o apoio às exportações das empresas contempladas pelos investimentos do fundo e o desenvolvimento de projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de defesa, segurança, integração de sistemas, aeronáutica e espacial.
O fundo, tipicamente de capital empreendedor (venture capital), será destinado a empresas inovadoras de pequeno e médio porte com faturamento até R$ 200 milhões. “Pretendemos investir em três ou quatro empresas com faturamento de até R$ 3,6 milhões e em outras quatro a seis empresas que faturem acima desse valor até o limite de R$ 200 milhões”, disse.
A fabricante europeia Airbus também já manifestou seu interesse em apoiar a cadeia aeroespacial brasileira. O coordenador do Cluster Aeroespacial e de Defesa do Cecompi, Carlos Fernando Rondina Mateus, anunciou em um evento sobre offset (compensação) voltado para empresas do setor, em São José dos Campos, que a fabricante quer alavancar fornecedores no Brasil.
“Em março a Airbus pretende desenvolver um curso para as empresas interessadas em se tornar um fornecedor de classe mundial da companhia”, disse Mateus. A americana Boeing também assinou um acordo com o Cecompi para a prestação de serviços na área de inteligência de mercado no Brasil.
FONTE: Valor Econômico por Virgínia Silveira