Por Ten. Fayga Soares, Alexandre Gonzaga e Marina Rocha
Ao longo do seminário “Diplomacia e Defesa”, oficiais-generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica apresentaram suas experiências de cooperação com nações-amigas, exercícios conjuntos e outras atividades de aproximação do país com a área internacional. Encerrado nesta quinta (9), o evento, promovido pela Chefia de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa, também fez parte do Curso de Diplomacia de Defesa, promovido pela Escola Superior de Guerra.
O subchefe de Estratégia do Estado-Maior da Armada (EMA), almirante Flávio Augusto Viana Rocha, falou sobre a importância de se estreitar o relacionamento com as forças navais amigas e aumentar o compartilhamento de informações nas áreas marítimas.
A Marinha do Brasil possui acordos de cooperação com os sete países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São-Tomé-e-Príncipe e Timor Leste. Também atua nos marcos da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) – órgão das Nações Unidas que tem o Brasil entre seus 24 membros.
O Atlântico Sul é uma das prioridades da Marinha, já que é onde se localiza a chamada Amazônia Azul, espaço marítimo que integra as Águas Jurisdicionais Brasileiras com uma dimensão de cerca de 4,5 milhões de km². É na Amazônia Azul que se concentram as bacias petrolíferas da Camada Pré-Sal e os diversos portos que resultam em cerca de 95% do comércio marítimo.
No Golfo da Guiné, por exemplo, existe a preocupação em ampliar a troca de informações entre as marinhas devido ao foco de ameaças constantes de pirataria. Assim, a Marinha do Brasil firmou, desde 2010, um acordo de cooperação e intercâmbio de informações do trafego marítimo. Foram agrupados três tipos de sistemas de comunicação, como o de controle de tráfego marítimo italiano, o Service-oriented infrastructure for Maritime Traffic tracking (SMART), o de Cingapura, Automatic Identification System (AIS) com o Sistema brasileiro de Informações Sobre o Tráfego Marítimo (SISTRAM).
Exército
Em sua palestra, o general Joarez Alves Pereira, da 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (EME), avaliou que “a diplomacia e a capacidade de uso das Forças sempre andaram juntas nos países que exercem influência global”. O oficial acredita que o principal objetivo do Exército neste escopo é ampliar a projeção da Força no cenário internacional.
Em sua explanação, Joarez afirmou que a cooperação em defesa é uma das estratégias para se alcançar esta projeção. “No campo da defesa, o Exército desenvolve programas como missões de instrução militar, assessoramento técnico-profissional e participações em missões de paz e humanitárias”, explicou.
O representante do EME acrescentou que a Força Terrestre realiza conferências bilaterais de Estado-Maior objetivando estreitar laços de parceria nas áreas de pessoal, ensino, inteligência, operações, doutrina, logística, ciência e tecnologia, entre outros. “Em 2015 estão previstos eventos com representantes do Canadá, Chile, Estados Unidos, França, Reino Unido, Uruguai e Venezuela”, disse.
Com a finalidade de aprofundar o relacionamento com os Exércitos africanos, o Estado-Maior criou o Projeto África, que está possibilitando, por exemplo, a implantação de equipes móveis de treinamento, formação de forças especiais da África do Sul e intercâmbios com centros de operações de paz.
Outro fórum de diplomacia militar é a Conferência dos Exércitos Americanos. Criada em 1960, com a finalidade de troca de experiência entre as Forças Terrestres do continente americano, ela é composta atualmente por 20 exércitos membros, cinco exércitos observadores e dois organismos observadores. “Também estamos procurando avançar em exercícios militares internacionais”, declarou o general.
Neste sentido, 22 operações estão planejadas para 2015 em conjunto com Argentina, Canadá, Estados Unidos, China, Suécia, Paraguai, Espanha, Portugal, África do Sul, Peru, Equador, Chile e Colômbia.
Conforme o titular do Estado-Maior, o Exército quer fazer a divulgação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) para os países da região Amazônica já que a vigilância fronteiriça interessa a todos. “Ainda este ano, iremos fazer uma visita a Dourados (MS) para que os adidos militares conheçam o Sisfron”.
As missões de paz são outro instrumento utilizado pela diplomacia militar do Exército. A Força participa com 1.472 militares em operações das Nações Unidas espalhadas pelo mundo. “Neste campo, o nosso desafio é elevar o nível das tropas, com um perfil mais especializado”, comentou.
Força Aérea Brasileira
O representante do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), brigadeiro Ricardo Reis Tavares, discorreu sobre a projeção da Força Aérea Brasileira (FAB) no cenário internacional, sobretudo em atividades como encontros bilaterais, reuniões e capacitações. “Com esses eventos, você vai aumentando o conhecimento e a cooperação com outras nações”, acrescentou.
Tavares citou, como exemplo, os encontros com chefes de Estados-Maiores, que acontecem a cada dois anos, e o exercício CRUZEX Flight, de manobra e doutrina realizado em conjunto com diversos países.
Ações de ajuda humanitária foram lembradas pelo brigadeiro Reis como outros elementos de diplomacia de defesa. Sobre isso, o oficial-general explicou que desde 1961 existe o Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA). Com sede em Tucson, no Arizona, a organização tem por foco a realização de operações de auxílio a desastres naturais
“Ajuda humanitária e solidariedade também são diplomacia de defesa”, sentenciou. Entre os eventos desta natureza estão transporte de feridos, ações cívico-sociais, entrega de mantimentos e apoio em catástrofes.
FONTE: Asscom
FOTOS: Tereza Sobreira