Por Alexandre Gonzaga
Representantes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas apresentaram, nesta sexta-feira, aos parlamentares da bancada federal do Rio de Janeiro as principais ações e sistemas de proteção para a região de fronteira. “Vamos apresentar aqui o que está sendo feito nas fronteiras, pois, sabemos que é ali que ocorre uma série de ilícitos transnacionais”, disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann, na abertura do evento na Escola Superior de Guerra (ESG).
O encontro reuniu nove parlamentares, além do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia.
A primeira exposição, desenvolvida pela Força Aérea Brasileira (FAB), foi sobre a Operação Ostium, que, em latim, significa portão, e que é uma ação criada para reforçar a vigilância no espaço aéreo sobre a região de fronteira do Brasil com a Bolívia e o Paraguai.
O chefe do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), brigadeiro Gerson Nogueira Machado, detalhou o escopo da Operação que já contabiliza uma diminuição de 75% do tráfego aéreo desconhecido na região de fronteira e um aumento no número de apreensões de drogas. De acordo com ele, nesta Operação, foram criados corredores de trânsito, obrigando as aeronaves seguirem vias aéreas determinadas.
O chefe do COMAE destacou que, dentro da Ostium, iniciada em fevereiro deste ano, são utilizadas 51 aeronaves e 836 militares. A expectativa é que a Operação aconteça até março de 2018. O esforço aéreo de patrulhamento das fronteiras já acumula 1.907 horas de vôos. O brigadeiro Machado destacou ainda a capacidade de detecção da aeronave E-99. “Poucos países do mundo possuem aeronaves com alarme aéreo antecipado. Essa aeronave, no Brasil, entrou em operação em 2002”, comentou o brigadeiro.
O assessor de Operações de Fronteiras da Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa (MD), coronel Baddy Mitre, falou sobre a Operação Ágata, que, este ano, até o momento, contou com o envolvimento de mais de 11 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, além de 782 agentes públicos que, juntos, participaram de 95 ações nas fronteiras. O valor estimado dos produtos apreendidos é de quase R$ 27 milhões.
O coronel Mitre fez questão de ressaltar que a atuação das Forças Armadas na faixa de fronteira, por meio de operações singulares, conjuntas e/ou interagências, é permanente. Além disso, em 2016, foi criado o Programa de Proteção Integrado de Fronteira (PPIF), que reformulou a Operação Ágata. Essa atualização trouxe elementos novos como: o princípio da surpresa, o aumento do número de operações, maior interação com órgãos e agências, participação de forças armadas estrangeiras, entre outros.
A Ágata possui um outro aspecto: as ações cívico-sociais. Este ano, foram realizadas mais de 14 mil atividades de saúde, que envolvem meios como os navios de assistência hospitalar da Marinha, nos rios da Amazônia.
O projeto piloto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), instalado em Dourados (MS), foi o terceiro projeto apresentado. “O SISFRON é um sistema baseado em sensoriamento móvel e portátil (radares e antenas), apoio à decisão e emprego operacional”, explicou o chefe do Escritório de Projetos do Exército, general Guido Amin Naves.
Os equipamentos têm 70% de conteúdo nacional e contam com 17 empresas envolvidas no projeto, gerando mais de 12 mil empregos. O SISFRON já está em funcionamento em 600 km da fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
Operação “Rio quer Segurança e Paz”
Ao final do evento, Jungmann conversou com os jornalistas sobre a Operação “Rio quer Segurança e Paz”. O ministro lembrou, mais uma vez, que o objetivo da ação é reduzir a capacidade operacional do crime organizado. “Isso implica em ações sucessivas e diferentes, sem ter uma rotina necessária para que não se perca o efeito surpresa”, comentou.
Jungmann falou sobre a primeira fase da Operação, com a participação dos militares das Forças Armadas em ações de reconhecimento de áreas. “Brevemente, vocês verão uma segunda fase deste esforço”, disse.
O ministro da Defesa destacou que as ações de combate a ilícitos na região de fronteira são imprescindíveis e lembrou que esse enfrentamento só será efetivo se for feito em parceria com os países vizinhos. “Se o crime é transnacional, fica evidente que ele tem origem ou destino em outro país, então, a colaboração dos países amigos é fundamental”, acrescentou.
Segundo o ministro, já foram realizados, desde o ano passado, vários encontros com ministros de defesa e segurança de países vizinhos, entre eles, Colômbia e Bolívia.
O ministro da Defesa adiantou que, no próximo dia 11, ele fará uma reunião com o ministro da Defesa do Peru, em Tabatinga (AM). Ainda para este mês, também há previsão de um encontro nesta mesma linha com autoridades da Bolívia. De acordo com o ministro, a iniciativa, executada em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, é criar acordos operacionais em termos de inteligência, defesa e forças policiais no combate dos ilícitos transfronteiriços.
Em nome da bancada do Rio de Janeiro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, agradeceu o esforço das Forças Armadas e demais órgãos de segurança pública.
Ontem (03), ao chegar ao Rio de Janeiro, o ministro recebeu, na ESG, a diretora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho. No encontro, a diretora relatou algumas ações desenvolvidas na área de segurança pública.
FONTE: MD