Por Roberto Godoy
A primeira unidade fica pronta em 2022, ao custo de US$ 450 milhões. O processo de obtenção será executado em etapas. Na primeira fase, encerrada há poucos dias, foi feito um Chamamento Público, uma espécie de convite, em que estaleiros com não menos de 10 anos de experiência na construção de navios militares de alta complexidade e com 2,5 mil toneladas, apresentaram a documentação técnica para participar da futura licitação.
A Diretoria de Gestão de Programas da Marinha considerou 17 empresas; duas das quais brasileiras, várias europeias, a maioria delas com sede na Ásia. Até dezembro haverá uma série de consultas e audiências técnicas com os interessados. A escolha será anunciada em 2018. O último exemplar sairá das docas de produção em 2025.
Novo estágio. O resultado do próximo estágio prevê a elaboração, ao final, de uma Solicitação de Proposta. Nele deverão constar três pontos relevantes: 1) definição técnica do navio em licitação, 2) a orientação para apresentação de outros projetos já existentes e testados, 3) as condições de viabilidade financeira. O conjunto do negócio também será explicitado – dos termos da participação da indústria local até o pagamento de royalties em futuras vendas internacionais do produto, passando pelas compensações comerciais e os índices de nacionalização.
O grupo contratado terá de fabricar as corvetas no País, consorciado com parceiros do setor naval nacional, com amplas transferência de tecnologia e compensações comerciais. A área atravessa uma profunda crise. Dos 40 complexos industriais existentes, apenas 12 se mantêm ativos.
As demissões de pessoal com formação qualificada chegam a 50 mil funcionários. Há 10 dias, o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, alertou, em depoimento na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, para as dificuldades em manter a Força Naval operacional e para o risco de a esquadra de superfície “desaparecer em pouco tempo”.
De acordo com Leal Ferreira, a Marinha precisa de destinações orçamentárias anuais de R$ 3,2 bilhões a R$ 3,4 bilhões. Todavia, revelou, terá esse ano R$ 2,34 bilhões – não considerados os contingenciamentos. Para manter a normalidade seriam necessários mais R$ 800 milhões, ressaltou o almirante.
O projeto Tamandaré, que toma como referência básica a corveta V-34 Barroso – lançada em 2008, projetada e construída no Brasil –, é avançado, com grande carga digital, sistemas e armamento de última geração. Segundo engenheiros navais ouvidos pelo Estado, “com 2,7 mil toneladas, mais de 100 metros, considerável poder de fogo, e mais um helicóptero de ataque embarcado, o navio pode ser definido como uma minifragata, embora com restrições de autonomia e conforto”.
Ainda assim, são os menores navios de escolta e ataque entre todas as categorias. A Marinha do Brasil (MB) contempla planos para comprar até 12 embarcações em um prazo longo. O programa é urgente. Os oito navios mais efetivos da MB, fragatas compradas a partir dos anos 1970, foram modernizados uma vez – mas terão de ser aos poucos desativados até 2028.
FONTE: O Estadão