Presidente afirmou que entende a “necessidade” de fusão entre as empresas, mas defendeu que o atual acordo beneficia os norte-americanos da Boeing.
“Seria boa essa fusão, mas não podemos, como está na última proposta, deixar que em cinco anos tudo seja repassado para o outro. A proposta é essa, [a Embraer] é nosso patrimônio”, avalia, criticando o acordo entre Embraer e Boeing , entendido pelo presidente como injusto para a empresa brasileira.
Recentemente, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos defendeu ideia similar a do presidente , de que o acordo beneficiaria os os americanos em detrimento da empresa brasileira, de menor porte.
A diferença, no entanto, é que Bolsonaro diz que há “necessidade dessa fusão pela competitividade, para que não se perca com o tempo”, enquanto os metalúrgicos buscam frear o acordo entre as companhias, defendendo que o acordo “afeta a soberania nacional e entrega um projeto brasileiro aos norte-americanos”.
Avaliado em cerca de US$ 5,26 bilhões, o negócio mostra que ganhou força no mercado desde o anúncio do acordo. À época, o valor era estimado em US$ 4,75 bilhões. A Boeing terá 80% de participação após fazer pagamento de US$ 4,2 bilhões. Os 20% restantes serão da fabricante brasileira, que poderá vender sua parte para os americanos a qualquer momento, caso opte pela venda.
A Embraer foi privatizada em 1994, no fim do governo Itamar Franco, por R$ 154,1 milhões (em valores da época), quando o governo obteve o poder de decisão sobre a companhia, mas foi resguardado o poder de veto em decisões específicas.
O governo brasileiro é dono de uma “golden share” (ação exclusiva imposta pelo Estado) na companhia e tem poder de veto em decisões estratégicas, como no caso da transferência de controle acionário da empresa, e, por isso, o acordo ainda depende da aprovação.
A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente ao presidente e CEO da empresa, Dennis Muilenburg. A joint venture , se aprovada, será liderada por uma equipe de executivos no Brasil.
A Embraer terá poder de decisão para temas específicos que foram definidos em conjunto, como a transferência das operações do Brasil. A empresa espera um resultado de aproximadamente US$ 3 bilhões com a operação, descontados os custos de separação. Em 2017, a área de aviação comercial da Embraer representava 57,6% da receita líquida da companhia, ou seja, US$ 10,7 bilhões de um total de US$ 18,7 bilhões.
Por que Embraer e Boeing se uniram?
Embraer e Boeing buscam acordo para unirem suas forças e capitais competindo no mercado de aviação
A Boeing tem receita anual que é cerca de 16 vezes maior que a da Embraer. Em 2017, a brasileira teve arrecadação de US$ 5,8 bilhões, enquanto a empresa americana arrecadou US$ 93,3 bilhões.
Enquanto a Boeing é a principal fabricante de aeronaves comerciais para voos longos, a Embraer lidera o mercado de jatos regionais, com aeronaves equipadas para voar distâncias menores. Embraer e Boeing buscam, juntas, unir o melhor de cada uma e organizar uma grande e forte empresa.
FONTE: Brasil Econômico
FOTOS: Ilustrativas