Bolsonaro diz que Embraer é “patrimônio” e cobra mudanças em acordo com a Boeing

Presidente afirmou que entende a “necessidade” de fusão entre as empresas, mas defendeu que o atual acordo beneficia os norte-americanos da Boeing.

Foto: Marcelo Casal Jr/Agencia Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira (4) que compreende o que chamou de “necessidade” de fusão entre as fabricantes de aviões Embraer e Boeing , mas avaliou que são necessárias mudanças nos termos do acordo.



“Seria boa essa fusão, mas não podemos, como está na última proposta, deixar que em cinco anos tudo seja repassado para o outro. A proposta é essa, [a Embraer] é nosso patrimônio”, avalia, criticando o acordo entre Embraer e Boeing , entendido pelo presidente como injusto para a empresa brasileira.

Recentemente, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos defendeu ideia similar a do presidente , de que o acordo beneficiaria os os americanos em detrimento da empresa brasileira, de menor porte.

A diferença, no entanto, é que Bolsonaro diz que há “necessidade dessa fusão pela competitividade, para que não se perca com o tempo”, enquanto os metalúrgicos buscam frear o acordo entre as companhias, defendendo que o acordo “afeta a soberania nacional e entrega um projeto brasileiro aos norte-americanos”.

Avaliado em cerca de US$ 5,26 bilhões, o negócio mostra que ganhou força no mercado desde o anúncio do acordo. À época, o valor era estimado em US$ 4,75 bilhões. A Boeing terá 80% de participação após fazer pagamento de US$ 4,2 bilhões. Os 20% restantes serão da fabricante brasileira, que poderá vender sua parte para os americanos a qualquer momento, caso opte pela venda.

A Embraer foi privatizada em 1994, no fim do governo Itamar Franco, por R$ 154,1 milhões (em valores da época), quando o governo obteve o poder de decisão sobre a companhia, mas foi resguardado o poder de veto em decisões específicas.



O governo brasileiro é dono de uma “golden share” (ação exclusiva imposta pelo Estado) na companhia e tem poder de veto em decisões estratégicas, como no caso da transferência de controle acionário da empresa, e, por isso, o acordo ainda depende da aprovação.

A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente ao presidente e CEO da empresa, Dennis Muilenburg. A joint venture , se aprovada, será liderada por uma equipe de executivos no Brasil.

A Embraer terá poder de decisão para temas específicos que foram definidos em conjunto, como a transferência das operações do Brasil. A empresa espera um resultado de aproximadamente US$ 3 bilhões com a operação, descontados os custos de separação. Em 2017, a área de aviação comercial da Embraer representava 57,6% da receita líquida da companhia, ou seja, US$ 10,7 bilhões de um total de US$ 18,7 bilhões.

Por que Embraer e Boeing se uniram?

Embraer e Boeing buscam acordo para unirem suas forças e capitais competindo no mercado de aviação

A Boeing tem receita anual que é cerca de 16 vezes maior que a da Embraer. Em 2017, a brasileira teve arrecadação de US$ 5,8 bilhões, enquanto a empresa americana arrecadou US$ 93,3 bilhões.

Enquanto a Boeing é a principal fabricante de aeronaves comerciais para voos longos, a Embraer lidera o mercado de jatos regionais, com aeronaves equipadas para voar distâncias menores. Embraer e Boeing  buscam, juntas, unir o melhor de cada uma e organizar uma grande e forte empresa.

FONTE: Brasil Econômico
FOTOS: Ilustrativas



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