Companhia americana terá produção em São José dos Campos e poderá acessar recursos do banco
Por Assis Moreira
Em entrevista ao Valor, o executivo disse que o contrato da operação entre as duas companhias está sendo finalizado, talvez na semana que vem. Logo depois vai ser convocada uma assembleia geral extraordinária para submeter a operação para a aprovação final pelos acionistas.
O passo seguinte será a discussão com as autoridades de concorrência dos EUA, Brasil, União Europeia (UE), China e Africa do Sul. A expectativa é de que esse procedimento esteja concluído no quarto trimestre deste ano ou no começo do ano que vem.
Segundo o executivo, a definição dos cargos no comando da nova empresa, estrutura e organização não serão definidos agora, e sim“um pouco mais tarde”.
Sobre a questão de financiamento, Souza e Silva observou que, com a Boeing fabricando aviões em São José dos Campos, terá acesso aos financiamentos de exportação do BNDES. As condições do crédito são estabelecidas pelas regras da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) por um acordo setorial entre fabricantes aeronáuticos.
A Embraer é uma das principais tomadoras de recursos do BNDES. A finalização do contrato de Boeing com Embraer coincide com a desaceleração das maiores economias, principalmente EUA e China, grandes mercados das fabricantes de aviões.
Para Souza e Silva, porém, a desaceleração não afeta os planos da companhia. “Estamos vendo há anos o setor de transporte aéreo mundial crescendo 5% a 7% ao ano. Talvez agora cresça 6%, mas está bastante forte e não acredito que, se vier desaquecimento, seja algo forte ou de longo prazo. Não é um colapso. Nada que possa nos impactar muito fortemente.”
Indagado sobre a contradição entre política externa contra a globalização e planos econômicos de abertura ao mundo no governo Bolsonaro, o executivo diz não ver choques. “O presidente Bolsonaro e o ministro [Paulo] Guedes explicaram bem em Davos, acho que não existe essa politica contra a globalização. Eles estão abertos a ter relações com todos os países.”
Souza e Silva, que é um dos debatedores no Fórum Econômico Mundial, considera que Bolsonaro em Davos apresentou planos claros e a reação tem sido positiva por parte de grandes executivos com quem conversou.
“A perspectiva do Brasil é muito positiva. Com as reformas que o governo está elaborando, vão dar uma dimensão nova ao Brasil e colocar o país numa rota de sustentabilidade e crescimento”, afirmou. Segundo o executivo, empresários estrangeiros acham que a agenda de Guedes é o que o Brasil deve ter e agora a questão é a execução.
FONTE: Valor Econômico