Por Luiz Padilha
Recentemente, durante viagem à Europa, visitamos a fábrica de canhões da BAE Systems Bofors AB, na cidade de Karlskoga, na Suécia. Nossa visita foi pautada pelo excelente relacionamento que a empresa possui com a Marinha do Brasil, a qual utiliza canhões Bofors há bastante tempo. Esta visita tem como objetivo conhecer o canhão de 40mm que irá equipar nossos futuros NCT – Navio Classe Tamandaré. A Marinha encomendou o canhão Bofors 40 MK4 para equipar a classe Macaé antes da decisão dos novos navios. Em testes realizados com um modelo 40 MK4 instalado a bordo do NPa Guaporé (P 45), o canhão foi aprovado obtendo excelentes resultados de precisão e disponibilidade.
Na chegada sou recebido pela Diretora de Comunicações e Relações Públicas, Katarina Tolgfors e pelo Gerente de Vendas, Denny Petersen. Após uma apresentação dos produtos, seguimos para uma rápida visita à fábrica onde são construídos os canhões 40 MK4 e 57 MK3.
O canhão Bofors 40 MK4
Marinhas modernas necessitam que seus navios de guerra estejam atualizados com sistemas de armas capazes de atuar em diferentes cenários, como por exemplo: operações de manutenção da paz, missões policiais envolvendo combate à pirataria, contrabando e contraterrorismo. Os navios equipados com um canhão moderno como o BAE Bofors 40 MK4, tem total capacidade de operar nos cenários citados acima, podendo executar uma variedade de funções, desde disparar tiros de alerta até desempenhar uma parte vital da autodefesa do navio contra embarcações, aviões de ataque e mísseis antinavios, além de combater ameaças impossíveis de se engajar com sistemas de armas tradicionais.
Abaixo testes como canhão Bofors 40 MK4 instalado no NPa Guaporé da Marinha do Brasil.
A flexibilidade do canhão BAE Bofors 40 Mk4, se deve ao seu baixo peso, pequeno tamanho e sua alta cadência de tiro, que pode alternar diferentes tipos de munição, incluindo a munição inteligente de 40 mm 3P. O 40 Mk4 pode combinar o uso de diferentes tipos de munição, conferindo-lhe a capacidade de tanto abater alvos aéreos e mísseis, como contra alvos de superfície e terrestres. O 40 MK4 foi desenvolvido para ser operado remotamente através de um sistema de direção de tiro do navio, mas também pode ser controlado por um operador remotamente.
A instalação do 40 MK4 no navio pode ser feita de duas formas: penetrando o casco ou não. Abaixo temos a ilustração e a foto do 40 MK4 na fábrica com o sistema de municiamento que é feito através da penetração do casco.
O canhão 40 Mk4 pode ser instalado como arma principal em embarcações menores ou como uma arma secundária em navios maiores. Abaixo a opção de instalação sem penetração do casco, com o sistema segundário de municiamento entre o casco e o canhão.
Capacidades do Bofors 40 Mk4
• Liberdade tática em todos os níveis de conflito
• Programável em 6 modos inclusive com munição 3P para todos os alvos
• Cadência de 300 tiros por minuto (5 tiros por segundo) e super precisão na seqüência de disparo
• Até 100 tiros (30 + 70) prontos para disparar sem manuseio manual da munição e mudança imediata entre diferentes tipos de munição
• Radar de velocidade inicial e câmera de TV acoplados al tubo alma
• Padrão de disparo controlado por computador
• Controlado remotamente giro estabilizado e operado com back-up de controle local
• Cadência variável de disparos. Rodada única, 30 rodadas por minuto até a taxa total de disparos
• Alcance máximo: 12.500 metros
• Baixo peso e design compacto
• Alta confiabilidade, baixa manutenção e baixo custo no ciclo de vida
O canhão possui uma cúpula de fibra de carbono de baixo peso e um sistema de acionamento totalmente elétrico que reduz o tempo de resposta quando em operação, o que reduz drásticamente o custo de manutenção.
O Bofors 40 Mk4 possui um sistema de manuseio de munição computadorizado totalmente automático com 30 munições no compartimento do canhão e outras 70 em um magazine intermediário localizado no anel de fundação do canhão.
Além da capacidade de disparar até 300 tiros por minuto, o 40 MK4 oferece ao operador a opção de selecionar diferentes modos de disparo, auxiliando o ajuste fino para compensar a dispersão causada pelo movimento do convés.
Canhões Bofors 40mm no Brasil
A relação entre as Forças Armadas brasileiras e a Bofors vem desde 1947, quando foi assinado o primeiro contrato o Brasil. O contrato foi para um lote de canhões para Defesa Aérea de 40mm L / 60, incluso a munição. A maior parte do material foi fabricada no Brasil a partir de Pacotes de Dados Técnicos e de Manufatura traduzidos para o português, até o início dos anos 1960.
Em seguida no final dos anos 70, foi a vez da Marinha do Brasil adquirir canhões navais de 40mm L/70 para equipar as fragatas classe Niterói.
Nos anos 80 a Bofors em cooperação com a CBV Industria Mecânica, fabricou todos os canhões L / 70 de 40 mm durante essa década. O contratos fora para Armas de Defesa Aérea para o Exército Brasileiro, 6 Bofi Guns de 40mm com Sistemas de Controle de Tiro Integrados ao Radar e a Alça Eletro-ótica para a Marinha alé de mais de 10 canhões navais de 40mm de diferentes variantes para diferentes classes de navios, como as Corvetas Classe Inhaúma e os Navios de Patrulha Classe Grajaú.
Com uma cooperação industrial bem-sucedida, a Emgepron fabrica sob licença a munição de 40 mm, especialmente a munição PFHE de 40mm, para a qual também foi desenvolvida a Proximity Fuze.
Já nos anos 90 e 2000 foi assinado um contrato em 1994 para entrega de 13 canhões 40 Mk3 à Marinha do Brasil, juntamente com Sistemas de Controle de Tiro eletro-óticos. 12 foram isntalados na Classe Niterói e um na Corveta Barroso.
A possibilidade de alternar diferentes tipos de munição e usar a munição 3P, conferem ao navio a capacidade de defesa anti-áérea, uma capacidade que só é possível graças a munição 3P, como veremos abaixo.
Munição Programável Bofors 40 mm 3P
A munição de 40 mm 3P pode ser programada em diferentes modos de função para fornecer um efeito otimizado contra diferentes tipos de alvos aéreos e terrestres. A munição 3P fornece ao canhão 40 Mk4 a mais alta flexibilidade de combate possível e novos recursos para lidar não apenas com ameaças tradicionais como mísseis antiaéreos, aeronaves, navios e alvos terrestres, com ou sem proteção de blindagem, mas também novas ameaças que anteriormente eram impossíveis de engajamento.
Essa munição possui 6 modos de programação, criando um efeito otimizado e fornecendo flexibilidade tática ao operador. Uma munição imune a ECM, uma poderosa carga pré-fragmentada, com capacidade de explodir no ar, ela permite ao navio engajar alvos ocultos ou lanchas que não podem ser atingidas com fogo direto. A função de tempo é usada para criar explosões no ar sobre a área alvo. A munição 3P pode ser programada em seis modos de funcionamento por meio de correntes CC e uma mensagem HF pulsada.
• Modo de proximidade fechado (defesa aérea)
• Modo de proximidade bloqueado com prioridade de impacto (defesa aérea, alvos grandes)
• Modo de tempo (alvos superficiais rápidos e manobráveis e alvos ocultos)
• Modo de impacto (alvos de superfície)
• Modo de perfuração de blidagem
• Modo de proximidade (modo padrão)
Cada munição 3P é automaticamente e individualmente programada por um Programador da Espoleta de Proximidade 9PFP – Proximity Fuze Programer) que recebe dados continuamente do Sistema de Computador de Controle de Tiro do navio. Imediatamente antes de disparar, a munição é programada para o modo selecionado.
O 40 Mk4 com suas 30 munições prontas para disparar com a munição 3P de fragmentos de alta densidade, produz ao inimigo um efeito devastador, como por exemplo, helicópteros que pairam atrás das copas das árvores, pedras, dunas de areia, tropas escondidas em terra e outros alvos que não podem ser combatidos com fogo direto, como lanchas de manobras rápidas e pequenas.
Justamente para cobrir essa ampla gama de funções, o canhão Bofors 40 MK4 foi escolhido pela Marinha do Brasil. Sua versatilidade aliada a munição 3P, proporciona aos navios o uso contra todos os tipos de alvos. Na nova classe Tamandaré, o 40 MK4 deverá realizar a defesa antiaérea do navio com o uso da munição 3P, a mesma que é utilizada nas fragatas classe Niterói e na Corveta Barroso. Um sistema de defesa antiaérea que tem como vantagem principal, seu baixo custo, sua logística (transporte e armazenamento) e espaço reduzido no navio.