ABIMDE: Um novo normal pós Covid-19

Por Auro L. Azeredo (Coordenador do GT Corona -ABIMDE)

INTRODUÇÃO

Já se passaram mais de 100 dias desde fevereiro 2020, que a OMS – Organização Mundial da Saúde ligada à ONU – Organização das Nações Unidas, notificou os primeiros casos do que se chama agora de COVID‑19, e muita coisa mudou desde que a OMS elaborou o primeiro Plano de Preparação e Resposta a esta crise (Fonte: Strategic Preparedness and Response Plan – OMS 2019 novel Coronevirus Report).

Conforme indicado pela John Hopkins University [https://coronavirus.jhu.edu/map.html] em 19 de abril, quase 2,4 milhões de pessoas foram infectadas e 165.000 perderam a vida. A velocidade da disseminação global do vírus e o grau de sua letalidade têm sobrecarregado os sistemas de saúde e causaram perturbação social e uma crise econômica generalizada.

Ao colocar as sociedades e economias em isolamento, foi possível reduzir a capacidade do vírus se espalhar de forma mais acelerada. Essas medidas defensivas ajudaram a limitar alguns dos impactos no curto prazo e, ao mesmo tempo, permitiram o aprendizado sobre o vírus, de como tratá-lo e como conter sua evolução, com soluções que permitirão o mundo voltar para um modo de vida mais normal: um novo normal.

O aprendizado é diário, mas uma das principais lições é que, quanto mais rápido todos os casos são encontrados, testados e isolados, menor é a disseminação desse vírus.

Este princípio, não só salvará vidas como, também poderá ser limitado o impacto econômico da pandemia, nesta crise multidimensional. A implantação deste princípio requer o engajamento do governo como um todo com a sociedade.

A determinação e o sacrifício da saúde na linha de frente dos trabalhadores devem ser condizentes com cada indivíduo e cada líder político para colocar em vigor as medidas para acabar com a pandemia.

Para apoiar os países a tomarem medidas para o fim da restrição, a OMS publicou uma lista de critérios para assegurar a decisão e embasá-la em resultados concretos. Fonte: Strategic Preparedness and Response Plan – OMS 2019 novel Coronevirus Report).

Os seis pilares são:

1) A transmissão do vírus deve estar controlada;
2) O sistema nacional de saúde deve ter a capacidade de detectar, testar, isolar e tratar cada caso, e acompanhar a rede de contágios;
3) O risco de um surto deve ser minimizado, em especial em ambientes como instalações de saúde e asilos;
4) Medidas preventivas devem ser implementadas em locais de trabalho, escolas e outros locais onde a circulação de pessoas seja essencial;
5) O risco de “importação” do vírus deve estar sob controle;
6) A sociedade deve estar plenamente educada, engajada e empoderada para aderir às novas normas de convívio social;

CONTEXTO

Para entender o complexo funcionamento das epidemias, é preciso voltar à gripe de 1918, que, em três ondas sucessivas, deixou quase 50 milhões de mortos e depoisdesapareceu.

Por que a “grande gripe” desapareceu? É uma pergunta que intriga os matemáticos, incluindo os escoceses William Ogilvy Kermack e Anderson Gray McKendrick, que criaram modelos para entender sua evolução (https://www.istoedinheiro.com.br/o-que-pode-acontecer-apos-o-pico-da-epidemia-de-coronaviruspassar).

Em sua análise, descobriram que uma epidemia desaparece não por causa da “falta de combatentes” – uma situação em que um agente infeccioso desaparece junto com os pacientes que mata – mas por causa da aquisição de “imunidade de grupo”, explica Flahault: “A imunidade de grupo é a proporção de pessoas imunizadas contra o vírus (por infecção ou vacina quando existe) necessárias para bloquear qualquer risco de ressurgimento da epidemia”.

Essa proporção depende da facilidade com que o vírus é transmitido de uma pessoa infectada para uma pessoa saudável. Esquematicamente, quanto mais contagiosa a doença, maior será a proporção de pessoas imunizadas para que a epidemia pare. Flahault calcula que, no caso do Corona vírus, “é necessário entre 50 e 66% de pessoas infectadas e imunizadas para eliminar a pandemia”.

Mas o nível de contagiosidade (chamado ‘R’) varia ao longo do tempo em função das medidas sanitárias que se aplicam (quarentena, medidas de barreira, confinamento), das condições climáticas e de possíveis mutações genéticas do vírus.

Em meio a um mar de incertezas, há uma percepção que parece unânime: A CRISE DO CORONA VÍRUS TERÁ EFEITOS PERENES SOBRE A FORMA DE TRABALHAR.

A leitura de especialistas é a de que o isolamento vai provocar a criação de novos hábitos e comportamentos no universo corporativo, com revisão das reais necessidades de se manter processos e estruturas.

“Algo que pode ter um efeito marcante é a preocupação com as pessoas” (Safety), diz Joana Story: – “Estamos lidando com uma questão global que tem impacto nas pessoas e é preciso entender que os modelos de gestão serão diferentes. Não se pode priorizar o lucro neste momento: o gestor deve pensar de forma mais ampla sobre as consequências e impactos sociais para resolver a crise.” (https://exame.abril.com.br/carreira/mesmo-apos-a-crise-coronavirus-vai-mudar-dinamicasde-trabalho)

O isolamento social vai provocar a criação de novos hábitos e comportamentos no universo corporativo, com revisão das reais necessidades de se manter processos e estruturas como aquelas associadas aos hábitos de consumo, entretenimento (tipo de lazer), turismo, transporte etc. uma vez que estes seguimentos serão os primeiros a serem afetados com o isolamento e que terão que se reinventarem em novos formatos e modelos de negócio no curto e médio prazo.

“SAFETY” – SEGURANÇA À VIDA SERÁ PRIORIZADO EM DETRIMENTO DE OUTROS FATORES ECONÔMICOS

Hoje algumas empresas já adotam especialistas focados nesta visão de segurança: QHSE- Quality=Qualidade, Health = Saúde, Safety =Segurança, Environment = Ambiente que deverá se intensificar ainda mais frente a esta nova realidade. As empresas que não possuem esta qualificação poderão incorporá-la na sua estrutura ou, contratar serviços de assessoria para sua implantação.

RECOMENDAÇÕES

Conforme padrões de orientação da OMS (fonte: “Covid‑19 Strategy Update Report”) e do Manual de Desastre Tecnológico da Secretaria Nacional de Defesa Civil, seguem algumas recomendações para proteção de vidas:

CONSIDERAÇÕES ESTRATÉGICAS

(Fonte:https://www.defesa.gov.br/noticias/67379-forcas-armadas-atuam-no-combate-ao-coronavirus-com-equipesespecializadas-em-defesa-biologica)

Mais do que nunca a dualidade do emprego das Forças Armadas se faz presente no combate à pandemia do Corona vírus.

Na Operação COVID-19, as expertises existentes junto às tropas especializadas em Defesa Biológica, Nuclear, Química e Radiológica (DBNQR), da Marinha, Exército e Aeronáutica têm possibilitado o monitoramento, a identificação, o balizamento da área e a descontaminação de pessoal, material e veículos.

É considerado perigo químico qualquer agente químico (manufaturado, usado, transportado ou armazenado) que pode causar morte ou dano por meio de sua propriedade tóxica. O perigo radiológico se caracteriza por qualquer partícula radioativa ou onda eletromagnética que produza íons que causem danos, ferimentos ou destruições. Perigo Nuclear é o conjunto de efeitos nocivos à saúde de pessoas e de animais, instalações e equipamentos eletrônicos, que resultam da detonação de uma arma nuclear, que pode causar danos imediatos ou prolongados, de acordo com a natureza e características da detonação nuclear.

EPI- Equipamentos de Proteção Individual (EPI) são constituídos pela máscara contra gases, Roupa Protetora Permeável de Combate (RPPC), botas e luvas de proteção. O nível de proteção a ser utilizado será decidido de acordo com características da contaminação. Os procedimentos de colocação e retirada devem ser padronizados para que a contaminação dos elementos operacionais não ocorra nessa fase.

Para o combate ao Corona vírus está sendo utilizada a proteção nível C (na cor branca ou amarela), que é a recomendada para ameaças biológicas.

O tipo do perigo BNQR e a situação são os fatores que indicam qual o método de descontaminação mais adequado. Existe a descontaminação de pessoal, que visa ações para salvar vidas, reduzir baixas e limitar a disseminação do contágio; e a descontaminação física, que engloba equipamentos, objetos, veículos, instalações e Um Novo Normal Pós Covid-19 áreas, permitindo a reutilização da infraestrutura. Há, também, a descontaminação técnica, que tem por finalidade descontaminar as equipes das organizações militares DBNQR e demais especialistas.

Na Operação COVID-19 estão sendo utilizados os produtos BX 24 – para descontaminação/detoxificação para veículos e diferentes tipos de materiais de agentes QBRN e o BX 29 – produto para descontaminação de pessoas.

O Ministério da Defesa já empregou militares especializados em defesa BNQR nos Jogos Mundiais Militares, Jornada Mundial da Juventude, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016, Operação Regresso à Pátria Amada Brasil
além de diversos apoios à Defesa Civil.

As Organizações Militares que podem atuar no campo da defesa biológica junto aos diferentes Comandos Conjuntos ativados na Operação Covid-19 são:

A Força Aérea Brasileira conta com o Instituto de Medicina Aeroespacial Brigadeiro Médico Roberto Teixeira – IMAE e com os meios especializados de Evacuação Aeromédica como também o do 3º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação (Esquadrão Puma).

Durante a Operação COVID-19, militares especializados também estão realizando curso de Defesa Biológica, Nuclear, Química e Radiológica para capacitar militares das Forças Armadas, bombeiros e agentes da Defesa Civil.

A BID- Base Industrial de Defesa atua de forma presente nos arranjos produtivos para o abastecimento dos insumos necessários para as operações das Forças Armadas, bem como para atender às demandas do Ministério da Saúde e auxílio aos estados federativos, através do GT Corona da ABIMDE – Associação da Brasileira da Industria de Material de Defesa e Segurança.

CONCLUSÃO

São tantas as providências e recomendações que devem passar a fazer parte da cultura da empresa, que, para isso, recomenda-se que um colaborador ou empresa de prestação de serviço esteja aplicada exclusivamente para a gestão da Segurança à Vida.

Este profissional irá observar, controlar e gerenciar todos os procedimentos afetos a segurança à vida como:

Em alguns casos, prover orientação e apoio humanitário às comunidades do entorno das instalações da empresa, como medida de apoio complementar podendo inclusive promover doações e outras ações colaborativas.

Estar atento à evolução do COVID-19 e/ou outras ameaças virais no contexto do bairro, região, município, estado e país, observando outras ações mitigatórias ao risco de contágio, possíveis alternativas de solução, situação da infraestrutura hospitalar da região disponíveis para atendimento dos casos identificados, alternativas de tratamento e ações colaborativas ao ambiente positivo da corporação.

FONTE: ABIMDE

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