A construção de embarcações em série movimenta o município de Itaguaí
Projetar e fabricar um submarino é sempre um desafio de engenharia, com um grau de complexidade muitas vezes comparável ao da execução de um foguete espacial. Para qualificar a mão de obra, foi feito um acordo entre Brasil e França, que possibilitou a transferência da tecnologia. Desde 2010 já foram enviados 220 funcionários brasileiros à cidade francesa de Cherbourg, onde eles aprenderam a dominar técnicas de soldagem e a ter rigoroso controle de qualidade dos materiais usados. O processo de construção envolve três etapas, que vão da fabricação das estruturas aos detalhes de acabamento (veja o quadro). Em junho, começa a ser feita em Itaguaí a primeira parte do programa.
Trata-se de uma iniciativa que traz esperanças sob vários aspectos, pois o desenvolvimento de programas militares tende a resultar em avanços para outros setores. Um exemplo é a indústria da computação americana, que floresceu em áreas próximas a bases das Forças Armadas da Califórnia, dando origem ao que hoje é o Vale do Silício. Certamente, os investimentos também vão ajudar o Rio a retomar seu papel de proa na indústria naval. Nas décadas de 70 e 80, nosso estado chegou a concentrar 80% dos fabricantes de embarcações do país, panorama que ruiu rapidamente há duas décadas, quando os investimentos minguaram e grandes estaleiros foram a pique.
De acordo com a Marinha, aproximadamente 200 empresas estão envolvidas na fabricação das embarcações e 95% das peças terão produção nacional. “É um processo que vai beneficiar todo o estado, atraindo mão de obra qualificada e corporações de alta tecnologia”, explica Braga. Herança tão importante quanto a proteção do litoral, a base militar de Itaguaí poderá ser o início de um vigoroso parque tecnológico.
FONTE: Veja Rio