Uma aeronave concebida na década de 1950 está ganhando um novo fôlego para realizar suas missões de vigilância nas águas azuis brasileiras.
O P-3 é responsável pela vigilância da Zona Econômica Exclusiva do Brasil, que pode chegar a 4,5 milhões de km², por isso esse trabalho de readequação às novas tecnologias é fundamental para essa missão. A ZEE é uma faixa situada para além das águas territoriais, sobre a qual cada país costeiro tem prioridade para a utilização dos recursos naturais do mar, tanto vivos como não vivos, e responsabilidade na sua gestão ambiental, se estendendo por até 200 milhas náuticas.
Quando se somam às áreas internacionais de responsabilidade para operações de Socorro e Salvamento (SAR – Search and Rescue), de compromisso junto à Organização Marítima Internacional (International Maritime Organization – IMO), a área de vigilância chega a 10 milhões de km².
Essa tarefa cabe constitucionalmente à Marinha do Brasil, que conta com o apoio total do esquadrão de vigilância e reconhecimento da Força Aérea Brasileira (FAB), que até 2010 inventariava somente as aeronaves P-95 (EMB-111, Bandeirantes ou Bandeirulha) dedicada à patrulha marítima. A partir de dezembro de 2010, no entanto, a FAB iniciou o recebimento da primeira aeronave P-3AM Orion, uma mudança total de paradigma.
O P-3 Orion é uma aeronave de características únicas para realizar as diversas missões de vigilância marítima. O perfil da maioria das missões de patrulha marítima exige voo à baixa altitude e baixa velocidade. Esse perfil privilegia as aeronaves com propulsão a hélice, pois nestas condições consomem menos combustível e com isso conseguem permanecer em voo por muito mais tempo, diferentemente dos jatos, que são mais econômicos em alta altitude e velocidade de cruzeiro também alta, quando comparada com as aeronaves turboprop.
O P-3 é campeão de vendas na sua categoria. Entre 1961 e 1990 foram produzidas mais de 750 unidades, e em 2012 entrou para o restrito clube dos aviões com mais de cinquenta anos de serviço contínuo com o mesmo utilizador, neste caso a Marinha Norte-Americana.
Nove aeronaves foram modernizadas para a FAB. Novos sensores e sistemas foram instalados, tornando o P-3AM compatível às necessidades operacionais da FAB. De acordo com a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), os P-3AM Orion brasileiros são vetores poderosos em consonância com as diretrizes estabelecidas na Estratégia Nacional de Defesa, pois incrementam a capacidade do Brasil na busca de proteger os interesses nacionais.
A revitalização
O projeto de revitalização da Akaer iniciou-se no final de 2018, quando equipes da empresa participaram de treinamentos em uma empresa americana, parceira do projeto. Os primeiros conjuntos de asas estão sendo revitalizados nas modernas instalações da Akaer, localizada no complexo industrial da empresa em São José dos Campos (SP). Desmontagem e montagem serão realizadas no Parque de Material Aeronáutico do Galeão da FAB, no Rio de Janeiro (RJ).
A revitalização estenderá a vida útil das aeronaves. Para isso, a Akaer fará a substituição de diversos elementos da asa, como revestimentos superiores, longarinas dianteiras e traseiras, painéis superiores dos caixões centrais asa/fuselagem, entre outras ações. Esse projeto evita a fadiga estrutural das asas, o que limitaria o tempo de uso das aeronaves.
Alta tecnologia
A Akaer tem a inovação tecnológica como parte integrante do dia a dia e, no caso da revitalização das asas do P-3, não poderia ser diferente. Desde o primeiro momento, o projeto também era visto como uma plataforma para integrar conceitos e ferramentas de Indústria 4.0: o gêmeo digital, a manufatura avançada, a integração de sistemas, entre outros.
FONTE e FOTOS: Akaer
DIVULGAÇÃO: Rossi Comunicação