Comprado nos EUA por US$ 11 milhões e trazido ao País em 2012, “Alpha Crucis” precisa de análise para voltar ao mar
Dificuldades. A falta de interessados no serviço, segundo Brandini, deve-se ao fato de que muitos estaleiros capacitados para realizar o trabalho estão com seus diques ocupados, a serviço da Petrobrás, para atender às demandas do pré-sal. “O navio está parado por causa de uma conjuntura de problemas que levaram a isso”, afirma Brandini. “Não tem nenhum culpado específico; é o sistema que faz essas coisas acontecerem. A burocracia emperra tudo; e dinheiro público acaba sendo desperdiçado por causa dessa falta de agilidade.” Uma primeira inspeção intermediária deveria ter sido feita no fim de 2013, mas o edital não ficou pronto a tempo e o dinheiro que havia sido liberado para a licitação foi recolhido pela reitoria. Na virada do ano, estourou a crise financeira da USP e o novo reitor, Marco Antonio Zago, decretou o congelamento temporário de gastos e investimentos da instituição. Assim, os recursos necessários para a licitação do navio só retornaram ao caixa do IO no fim de abril. Um novo edital foi preparado e o primeiro pregão, realizado em 10 de julho, terminou “deserto”. O instituto pode recorrer a uma cláusula da Lei de Licitações (8.666), que permite dispensar a concorrência em situações desse tipo.
Barco antecessor deve ser doado para o Uruguai
O histórico navio de pesquisa “Professor W. Besnard”, antecessor do “Alpha Crucis” na frota do Instituto Oceanográfico da USP, deverá ser doado para o Uruguai, para ser reformado e colocado de volta em atividade. “Acredito que é a melhor solução, o destino mais nobre para ele”, diz o diretor do instituto, Frederico Brandini. “Assim ele voltará a singrar os mares e a contribuir para o conhecimento do Atlântico Sul por mais alguns anos.” Construído no fim da década de 1960, com 49 metros de comprimento, o Besnard foi o “barcochefe” e ícone da oceanografia acadêmica brasileira durante 40 anos, até ser atingido por um incêndio interno, em 2008. Ele permanece encostado no Porto de Santos, aguardando uma decisão sobre o seu destino, enquanto sua estrutura se deteriorar. As possibilidades que estavam sob análise incluíam transformálo em um museu. Mas a congregação do IO optou por fazer a doação. A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Universitário da USP. / H.E.
FONTE: Estado de SP