Sistema de Detecção, Acompanhamento e Classificação de Contatos (SDAC)

Por Dr. William Soares Filho (Pesquisador do Grupo Sonar do IPqM)

O Sistema de Detecção, Acompanhamento e Classificação de Contatos (SDAC), desenvolvido pelo Grupo de Sonar do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), é um sistema de apoio ao operador sonar utilizado para a detecção, acompanhamento e classificação de contatos em um submarino, executando todas as funções de um sistema de sonar passivo.

Em sua versão atual, desenvolvida em uma plataforma Intel com sistema operacional Windows XP, o SDAC está instalado a bordo dos submarinos classe Tupi e opera em paralelo com seu sistema de sonar passivo CSU-83, da Atlas Krupp. O SDAC disponibiliza funções complementares àquelas executadas pelo CSU-83.

Uma nova versão do SDAC (SDAC-SUB) foi desenvolvida em conjunto com a empresa ATECH – Sistemas Críticos, usando o sistema operacional Linux, na distribuição FEDORA, tendo como objetivo futuro o desenvolvimento de um sonar passivo nacional.

O SDAC-SUB foi financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), seguindo a política da Marinha do Brasil de buscar recursos em órgãos de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento, estando atualmente em fase de testes a bordo do Submarino Tamoio.

A Figura 1 apresenta, na parte inferior, o diagrama esquemático do SDAC e, na parte superior, o diagrama do CSU-83, bem como a interligação entre eles. Os sinais são recebidos do Arranjo Cilíndrico de Hidrofones (CHA) e processados para formar feixes direcionais (Beamforming), que representam os sinais presentes em
uma dada marcação.

No SDAC instalado nos submarinos da classe Tupi, a formação de feixes fica a cargo do sonar CSU-83 e o SDAC lê os sinais após o módulo “BEAMFORMER” daquele sonar. Todo o processamento subsequente é realizado em paralelo, de forma independente, tanto no sonar como no SDAC.

Novos desenvolvimentos estão sendo realizados no IPqM com o objetivo de tornar o SDAC capaz de receber os sinais diretamente dos sensores e processá-los de forma autônoma.

O sinal de cada marcação é separado em duas bandas de frequência e apresentado em gráficos de evolução temporal da energia em função da marcação.

Estes gráficos são usados pelo operador sonar para a detecção e acompanhamento de contatos. No sonarCSU-83, a detecção de um contato é apresentada em um gráfico polar, denominado “Detecção Passiva Panorâmica” (PPD), que representa a energia no instante atual em função da marcação.

A tela de apresentação do SDAC (Figura abaixo) mantém um histórico da energia dos contatos, tornando a detecção mais rápida e o acompanhamento mais fácil quando comparados ao CSU-83.

Os contatos podem ser acompanhados em modo automático, sendo então realizadas a “Análise e Gravação em Baixa Frequência” (LOFAR) e a “Demodulação de Ruído” (DEMON).

O SDAC utiliza os tons detectados na análise LOFAR e as características obtidas na análise DEMON para identificar os parâmetros de um contato e classificá-lo empregando um banco de dados.

Além da análise em tempo real executada pelo SDAC, o sistema permite ainda a gravação dos sinais recebidos em todas as direções, possibilitando análise posterior.

Esta funcionalidade atende a diversos segmentos da MB, pois propicia que os dados gravados possam ser utilizados na reconstituição de exercícios, formação de uma base de dados de sinais acústicos, treinamento de operadores, apoio ao desenvolvimento de novas funções e aprimoramento de funções já existentes.

O SDAC representa o marco inicial para o futuro desenvolvimento de um sistema de sonar passivo nacional. O SDAC contempla as principais funcionalidades necessárias à operação de um submarino, permitindo a
detecção, o acompanhamento e a classificação de contatos.

Ressalta-se que o SDAC foi utilizado, com sucesso, como principal sistema de sonar a bordo do Submarino Tapajó, durante a fase de teste de máquinas, enquanto o submarino aguardava seu novo sonar, a ser instalado como parte do programa de modernização de submarinos (MODSUB).

FONTE: Pesquisa Naval

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