Lugar de mulher é na Ciência, na Tecnologia ou onde ela quiser. A máxima retrata bem uma nova tendência: a área da Engenharia, que antes era dominada pelos homens, está cada vez mais aberta à contratação de pessoas do gênero feminino, inclusive em cargos de liderança. Elas não se intimidam e vão a campo para fazer grandes obras, instalações e buscar soluções para os mais diversos desafios.
De olho nesse potencial, algumas empresas do setor estão derrubando velhos tabus e apostando nelas. É o caso da Concert Technologies, uma das maiores empresas de Tecnologia Operacional (TO) do Brasil, com mais de 40 anos de expertise nos setores de energia e aeroespacial. Do seu quadro de 217 colaboradores, 61 são mulheres. “No ano passado, tivemos um aumento de 2,5% na contratação de mão-de-obra feminina. Os cargos vão desde jovem aprendiz até coordenadora de projetos”, afirma uma das líderes da empresa, a diretora Berta Wert.
Elas ainda não são a maioria entre o total de funcionários, mas já competem pelos cargos de liderança. Na Concert, elas correspondem a 50% dos cargos mais cobiçados. E a curva vem crescendo a cada dia. Berta aponta que as mulheres trazem para a equipe características intrínsecas do gênero feminino, como intuição, empatia, cuidado, capacidade de ser multitarefa e responsabilidade. “De forma geral, a mulher é mais cuidadosa, mais jeitosa na relação com o cliente, e mais detalhista na execução das tarefas”, exalta.
Economista e Engenheira de Automação e Controle, Berta luta para quebrar algumas discrepâncias que ainda existem no mercado, como as diferenças salariais e o preconceito. “Há pouca escuta e muita discriminação de gênero. Se você se posicionar, você é histérica, é briguenta. Mas o nosso dia a dia é esse: brigar para que nossos direitos sejam respeitados e nós sejamos escutadas. Espero que nosso legado não seja em vão e que no futuro, com as novas cobranças ESG e de mais diversidade, vejamos igualdade na participação no mercado, tanto em número como nos salários”, argumenta a executiva.
Inspiração
Berta lembra que há 31 anos, quando ela iniciou sua carreira, a situação era muito difícil. A mão-de-obra feminina nessa área era escassa e o preconceito, abundante. Foi preciso garra e persistência para conquistar seu espaço e se consolidar como liderança no setor. “Hoje eu sei que minha história é importante para estimular outras mulheres. Com representatividade, inspiramos outras a seguirem em frente. Muitas pensam: se ela pode, eu posso. Então temos a responsabilidade de abrir oportunidades para que outras trilhem o nosso caminho e de forma mais fácil”, defende.
No time feminino da Concert, a Coordenadora de Projetos Allana Lopes diz que é desafiador estar numa área ainda tão dominada pelos homens. “Somos testadas o tempo todo e precisamos provar o porquê de ocupar aquele espaço”, observa. Mas ela diz que é gratificante trabalhar em setores essenciais para o desenvolvimento do país. “É muito gratificante também servir de exemplo para outras meninas e mulheres”, acrescenta.
Supervisora Técnica no Grupo Concert, Josiane Guimarães concorda com a colega sobre o quanto é gratificante inspirar e estimular outras mulheres a não desistirem da área. “Ainda na graduação, tive muitas dúvidas se haveria espaço neste mercado de trabalho. Mas persisti e hoje vejo uma movimentação grande para esse cenário mudar. Acredito que teremos cada vez mais mulheres nesses setores”.