Empresa dos EUA suspeita de militares chineses em ataques hackers

Por Ben Blanchard e Joseph Menn

PEQUIM/SAN FRANCISCO, 19 Fev (Reuters) – Uma misteriosa unidade militar chinesa foi apontada por uma empresa de segurança dos EUA como suspeita de cometer uma série de ataques digitais.

A China rejeitou a acusação e disse que na verdade é o governo chinês que sofre ataques de hackers norte-americanos.

A empresa, chamada Mandiant, identificou a Unidade 61398 do Exército, sediada em Xangai, como a origem mais provável de ataques contra vários setores econômicos.

“A natureza do trabalho da ‘Unidade 61398′ é considerada pela China como um segredo de Estado. No entanto, acreditamos que ela se envolve em prejudiciais ‘operações em redes informatizadas'”, disse a Mandiant em um relatório divulgado na segunda-feira nos EUA.

“É hora de admitir que a ameaça está se originando na China, e queríamos fazer nossa parte para armar e preparar profissionais de segurança para combater essa ameaça efetivamente.”

A chancelaria chinesa disse que o governo se opõe firmemente à atividade dos hackers, e pôs em dúvida os indícios citados no relatório.

“Ataques informáticos são transnacionais e anônimos. Determinar suas origens é extremamente difícil. Não sabemos como os indícios nesse dito relatório podem ser sustentáveis”, disse o porta-voz Hong Lei.

“Críticas arbitrárias baseadas em dados rudimentares são irresponsáveis, antiprofissionais e não são úteis para resolver a questão.”

Hong citou um estudo chinês segundo o qual os EUA são responsáveis por ataques a computadores na China. “Dos supracitados ataques na internet, os ataques originários nos Estados Unidos estão em primeiro lugar.”

O Ministério da Defesa da China não respondeu de imediato a perguntas por fax sobre o relatório.

A Unidade 61398 fica no bairro de Pudong, polo bancário e financeiro da China, e lá trabalham talvez milhares de pessoas fluentes em inglês, além de programadores e operadores de redes digitais, segundo o relatório da Mandiant.

A unidade, segundo o texto, se apropriou de “centenas de terabytes de pelo menos 141 organizações espalhadas por um conjunto diverso de setores econômico, já a partir de 2006”.

A maioria das vítimas estava nos EUA, com números menores no Canadá e Grã-Bretanha. A informação subtraída incluía detalhes sobre fusões e aquisições e emails de funcionários graduados, segundo a empresa.

(Reportagem adicional de Michael Martina, em Pequim, e Carlos Barria, em Xangai, e Jim Finkle, em Boston)

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