Editorial destaca repercussão da matéria publicada no DAN na visita do MD à Polaris

Abaixo, transcrevemos os principais trechos da matéria vinculada no editorial do Carta Maior, escrita por Saul Leblon, intitulada “Quem vai mover as turbinas do Brasil?”:

“No momento em que o declínio industrial do país se transformou em preocupação dominante da agenda econômica, uma reportagem publicada na Revista Exame, de 9 de março último e outra do dia 10 de março, na ‘Defesa Aérea e Naval’, revista on line especializada em assuntos de Defesa, criada pelos jornalistas Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha, chamaram a atenção de Carta Maior.

As matérias davam conta de que a Polaris, empresa de ex-engenheiros do CTA/ITA, de São José dos Campos (SP), desenvolveu uma micro turbina para mísseis, que teria despertado o interesse de fabricantes internacionais de armamentos, graças às inovações que apresenta.

A tecnologia reúne, ademais, densidade de conhecimento suficiente para credenciar o Brasil no seleto clube dos fabricantes mundiais de turbinas aeronáuticas, dominado por um número muito reduzido de corporações gigantes.

A notícia transcende a aparência técnica.

Emoldurada pelos desafios que cercam a agenda do desenvolvimento, ela remete às escolhas que contrapõe projetos distintos, destinados a resgatar a eficiência e a competitividade da industrialização brasileira no século XXI.

O papel do Estado nesse resgate é um divisor de águas.

Em que medida a sua ausência é compatível com o financiamento e o ganho de escala reclamado por projetos com o potencial daqueles desenvolvidos pela Polaris, por exemplo?

A opinião do conservadorismo sobre o assunto ganhou uma importante síntese na entrevista concedida pelo economista Edmar Bacha, formulador do programa do candidato Aécio Neves, ao ‘Estadão’ do último domingo…”

“…Que destino amargaria uma empresa brasileira como a Polaris, embarcada nesse comboio?

No dia 13 de março, fruto da repercussão das matérias da Exame, mas principalmente da Revista Defesa Aérea & Naval, os sócios da Polaris, ex-engenheiros do CTA/ITA, receberam em suas instalações, na cidade de São José dos campos, São Paulo, uma comitiva do Ministério da Defesa para conhecer a audaciosa aposta de quem pode credenciar o Brasil ao seleto clube dos cinco ou seis fabricantes mundiais de turbinas aeronáuticas.

O passaporte dessa travessia, a TJ-1000, uma turbina utilizável em mísseis de longo alcance e drones, reúne conhecimento e tecnologias suficientes para, em pouco tempo, com verbas adequadas, desdobrar-se em uma versão de grande porte para uso em aeronaves comerciais e inúmeras outras finalidades civis, inclusive geração de energia, como informa o site da empresa.

Além dessa, outra turbina já se transformou em realidade na Polaris: a TJ200, que pesa menos de 10 Kg e tem apenas 16cm de diâmetro. Mas pode impulsionar um míssil de 230 Kg, num voo de 250 km de distância, com apenas 39 litros de combustível.

O Engenheiro Alberto Carlos Pereira Filho, Presidente da Polaris, explica que todo o processo de desenvolvimento e certificação internacional de uma turbina para aviões comerciais custa dezenas de milhões de dólares. O projeto leva anos; é impensável sem um apoio efetivo do setor estatal.

Foi por isso que a Polaris optou, inicialmente, por uma versão de menor complexidade, com investimentos de R$ 4,5 milhões, via Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Vencida a barreira do conhecimento e, com dois anos de testes, a TJ200 é a primeira turbina aeronáutica de pequeno porte a entrar em produção num mundo cada vez mais receptivo ao seu uso civil.

“A disseminação de drones para serviços de correio”, exemplifica Klein, “vai acelerar a adequação desses equipamentos a esse uso, a exemplo do que deve ocorrer também na agricultura, nas operações de pulverização e controle”.

Só há uma empresa, a francesa Turbomeca, que fabrica um produto similar ao desenvolvido pela Polaris.

Mesmo com esses trunfos, o Estado brasileiro demorou a prestar atenção no potencial de um projeto que já acumula contratos preliminares para a exportação de 100 unidades para a Europa.

O salto para disputar o mercado de aviões comerciais está nas mãos do governo, insiste Klein.

“Recentemente”, exemplifica, “o Brasil assinou um contrato para o primeiro avião a ser fabricado 100% dentro da Unasul; a turbina prevista é de origem russa. Poderíamos ter acoplado ao projeto o desenvolvimento de uma tecnologia própria”, lamenta.

O mesmo pode ser dito em relação à tecnologia desenvolvida pela empresa para turbinas à gás, destinadas à geração de energia. “Seu desempenho”, assegura Alberto, “é superior aos modelos existentes no mercado mundial, impróprios para combustíveis de baixo poder calorífico.”

A tecnologia brasileira, ao contrário, utilizaria gases que hoje são desperdiçados, queimados e lançados diretamente na atmosfera, a exemplo das emissões liberadas nos aterros. “São apenas dois exemplos de oportunidades à espera de uma política estratégica de Estado”, diz o dirigente.

A visita do Coronel Fábio Eduardo Madioli e do Comandante Eduardo Pinto Urbano, representantes do Ministério da Defesa, à Polaris, na semana passada, pode ser um sinal de que esses equívocos começam a ser retificados por uma nova disposição dentro do governo…”

NOTA do EDITOR: O editorial do Carta Maior pode ser lido na ítegra clicando AQUI

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