Por Erin Blakemore
Entre os satélites da NASA girando em torno da Terra estão oito pequenos que medem a velocidade dos ventos e furacões.
Acontece que eles podem fazer outra tarefa: ajudar os cientistas a descobrir para onde vão os microplásticos no oceano.
Lançado em 2016, o Cyclone Global Navigation Satellite System (CYGNSS) da NASA, mede a velocidade do vento sobre os oceanos usando radar. A constelação de satélites avalia a rugosidade da superfície do oceano, onde águas mais agitadas significam ventos mais fortes.
Mas os pesquisadores da Universidade de Michigan que ajudaram a desenvolver o sistema se perguntaram se suas medições poderiam ajudá-los a localizar microplásticos também.
A maioria dos plásticos que flutuam no oceano se divide no que é conhecido como microplástico, partículas de plástico com menos de 5 milímetros de diâmetro. Menores do que uma semente de gergelim, esses fragmentos chegam aos estômagos dos animais e até mesmo à nossa água.
Como os microplásticos são tão pequenos, eles são difíceis de detectar. Os pesquisadores há muito confiam em relatórios de traineiras que prendem pequenos pedaços de plástico junto com o plâncton para ter uma noção de para onde os microplásticos vão depois de entrarem na água. Mas esses dados estão incompletos e não refletem as condições em tempo real.
Os pesquisadores usaram os dados de satélite para pesquisar áreas onde o oceano parecia mais liso do que deveria enquanto era fustigado por ventos fortes. Quando eles compararam essas áreas com observações de arrastões de plâncton e adicionaram dados de previsão sobre para onde os microplásticos vão dadas as correntes oceânicas, eles encontraram uma conexão direta entre a suavidade da superfície e a presença de microplásticos.
A nova técnica revelou que as concentrações de microplásticos atingem o pico em cada hemisfério durante sua respectiva estação de verão. Também forneceu ainda mais evidências de que o rio Yangtze da China, que há muito é suspeito de ser uma grande fonte de microplásticos, os espalha nos oceanos.
“Uma coisa é suspeitar de uma fonte de poluição microplástica, mas outra é ver isso acontecendo”, disse Christopher S. Ruf, professor de clima e ciências espaciais da Universidade de Michigan que é o principal investigador do CYGNSS, em um comunicado à imprensa.
Ele trabalhou no novo método junto com a graduada Madeline C. Evans. A dupla publicou um artigo sobre sua técnica no IEEE Transactions on Geoscience in Remote Sensing.
Eles disseram que esperam que o novo modelo ajude nos esforços de limpeza e na tentativa de detectar a poluição em sua fonte.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: Star and Stripes