Por Luiz Padilha
Criado em 1975, o Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV), está subordinado à Diretoria Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), com o propósito de criação e desenvolvimento de sistemas para a Marinha do Brasil (MB).
Utilizando a Tecnologia da Informação, Pesquisa Operacional, Simulação e Criptologia, busca a eficiência administrativa, desenvolvendo softwares para serem utilizados tanto pela MB quanto para instituições fora da Marinha.
O CASNAV é uma Organização Militar Prestadora de Serviços de Ciência e Tecnologia (OMPS-C). Por essa razão não recebe recursos orçamentários, tendo que gerar receitas para o desenvolvimento de suas atividades a partir de clientes intra e extra MB.
Sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Caio Germano Cardoso, o CASNAV possui atualmente importantes contratos para o desenvolvimente de programas duais (Militares e Civis). Vamos falar abaixo de alguns dentre tantos desenvolvidos pelo CASNAV.
MDLP – Multi Data Link Processor
Com apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), o CASNAV realizou a pesquisa e o desenvolvimento de algoritmos criptográficos e a análise de vulnerabilidades de Sistemas WEB, permitindo implementar mecanismos de segurança para a proteção da informação eletrônica em trânsito ou armazenada, necessárias para o Projeto Multi Data Link Processor (MDLP), da Subchefia de Comando e Controle da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior das Forças Armadas do Ministério da Defesa.
SSGN – Sistema Simulador de Guerra Naval
Empregando uma interface essencialmente gráfica, o SSGN retrata eficazmente diversos aspectos do cenário tático real, a capacidade logística empregada, os resultados dos engajamentos entre unidades, detecção dos meios, informações geográficas e condições climáticas. Esta funcionalidade permite aos oficiais coletar rapidamente um grande numero de informações para apoio a decisão, possibilitando o aprimoramento profissional dos partícipantes.
O sistema está estruturado para cumprir as diversas fases de um jogo de guerra, ou seja, preparação, execução e análise. Sua arquitetura contempla subsistemas que atenderão a essas fases, o que confere ao sistema larga flexibilidade, na medida que possibilita uma configuração customizada para necessidades específicas do usuário, sem prejuízo do efetivo controle do jogo.
O SSGN também apresenta a vantagem de possibilitar a evolução escalonada de funcionalidades, reduzindo consideravelmente os custos de atualização e manutenção. Em todos os subsistemas, a interface com o usuário é amigável, com procedimentos em janelas, menus, ícones, etc, de forma bastante intuitiva para o usuário.
SISPASS – Simulador de Passadiço
Os Simuladores são poderosas ferramentas, capazes de reproduzir equipamentos, ambientes e sistemas complexos com grande fidelidade. Utilizando-se simuladores, é possível replicar de forma controlada situações que no mundo real envolveriam grandes riscos ou altos custos.
Por essas características, os simuladores são ferramentas ideais para alavancar o preparo e treinamento do pessoal com redução de custos, gerar dados para assessorar o planejamento de operações e até mesmo para otimizar processos e criar novos procedimentos.
A Divisão de Modelagem e Simulação do CASNAV conta com profissionais capacitados para atuar em todo o ciclo de utilização de simuladores, desde o levantamento de requisitos e modelagem dos sistemas de simulação até o seu desenvolvimento e aplicação.
São expertises da Divisão de Modelagem e Simulação:
- Desenvolvimento de Simuladores para Treinamento baseados em Realidade Virtual;
- Desenvolvimento de Simuladores Construtivos;
- Agregar, incrementar e disseminar conhecimento nas áreas de Modelagem e Simulação, Realidade Virtual,
- Realidade Aumentada e Visão Computacional;
SOA – Simulador de Orientação de Aeronave
O Simulador de Orientação de Aeronave (SOA), parece até um video game, tamanha interação que transmite ao aluno. Mas na verdade se trata de uma ferramenta de treinamento para a formação dos orientadores, permitindo a redução de custos operacionais, a promoção de um ambiente seguro para a prática de procedimentos de emergência e a possibilidade de múltiplas repetições de determinados eventos.
A Realidade Virtual (RV) foi utilizada para possibilitar uma maior imersão no cenário simulado, para o reconhecimento automático dos gestos produzidos pelo aluno, permitindo que a aeronave virtual responda de forma autônoma aos sinais do orientador, tornando o treinamento mais natural.
A atividade de orientação de aeronave a bordo dos navios, realizada por militares qualificados utilizando sinais visuais, permite auxiliar o piloto da aeronave nas operações de pouso, decolagem e transferência de carga, contribuindo para a segurança das operações aéreas.
INTERCC2 e RDS – Rádio Definido por Software
A crescente evolução tecnológica fez o CASNAV investir em P&D constante em Sistemas Militares de Comando e Controle, com destaque para os projetos, INTERC2 (Interoperabilidade de Comando e Controle) e RDS (Rádio Definido por Software).
O INTERC2 é a plataforma de interoperalidade de Comando e Controle (C²) do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), A necessidade de uma maior velocidade do sistema decisório, fez o CASNAV desenvolver a plataforma perfeita para que haja a interoperalidade entre os sistemas de C² das forças, podendo ser utilizado durante operações conjuntas, operações de GLO e em situações de calamidade pública.
O CASNAV desenvolveu o INTERC2 utilizando o modelo Joint Consultation Command and Control Exchange Data model (JC3IEDM), que é utilizado por países da OTAN.
Após superar os desafios inerentes a complexidade tecnológica, em 2017 a plataforma foi e ntregue ao Ministério da Defesa.
O Rádio Definido por Software (RDS), possui grande versatilidade, e sua tecnologia também pode ser aplicada em outros setores da sociedade como, por exemplo, nas comunicações satélite civil e nas comunicações das forças auxiliares. O desenvolvimento do RDS no Brasil pode gerar grande quantidade de empregos diretos e indiretos e contribuir para a obtenção de divisas para o equilíbrio da balança comercial brasileira.
O emprego tático do RDS em C² é crucial devido a segurança no trânsito de informações entre as redes táticas das Forças Armadas nas faixas HF, VHF e UHF.
CITRA – Console de Imagens Táticas com Realidade Aumentada
A Divisão de Modelagem e Simulação do CASNAV, desenvolveu o Console de Imagens Táticas com Realidade Aumentada (CITRA), um sistema que permite ao operador visualizar imagens reais, produzidas por uma câmera de monitoramento por vídeo, combinadas com elementos sintéticos advindos de sensores componentes do ambiente de Comando e Controle Marítimo.
O CITRA combina as imagens reais de câmeras com metadados obtidos de um sistema de Comando e Controle macro, funcionando como um módulo de consicência situacional por vídeo. Os testes em campo estão sendo concebidos para atuar como um componente importante do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz ) o qual, por sua vez, concentra informações de outros sensores, como radares, AIS, sensores acústicos ou enlaces de rádio com dados táticos.
A realidade aumentada permite ao operador verificar os dados da embarcação, como nome, classificação, rumo, velocidade, bandeira, destino, por exemplo.
O CITRA tem a opção de criar, atualizar e enviar periodicamente um acompanhamento de interesse a partir de um elemento observado na imagem e ainda não conhecido pelo sistema de comando e controle (SisGAAz), ou seja, o CITRA também pode ser considerado um sensor gerador de acompanhamentos de interesse.
O acompanhamento de objetos de interesse pode ser feita de forma manual pelo operador, posicionando o apontador no ponto da imagem real da câmera ou pode, futuramente, vir a ser feita automaticamente por algoritmos de reconhecimento de padrões e rastreio de objetos empregando IA e técnicas de Visão Computacional.
A Marinha possuia simuladores importados e com o código fechado, por essa razão solicitou ao CASNAV o desenvolvimento de um simulador de salto nacional. O CASNAV junto com o Batalhão Tonelero (Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais), desenvolveu um Simulador de Navegação de Paraquedas (SNP), com um custo reduzido, quando comparado a sistemas similares importados, permitindo grande flexibilidade na configuração de cenários de operação e atualizações no futuro.
A instrução, o adestramento e o planejamento de Operações Especiais, em especial aquelas que utilizam o salto livre como método de infiltração, envolvem elevado custo de execução, tanto do ponto de vista humano, quanto do material. A complexidade e o risco elevados da atividade de salto livre, principalmente por militares em fase inicial de treinamento ou qualificação, aliados aos altos custos operacionais das aeronaves utilizadas nos saltos, são suficientes para justificar a utilização simuladores, a fim de otimizar este tipo de treinamento.
A dificuldade de treinamento e instrução por parte dos instrutores de salto livre, devido às poucas horas de vôo disponíveis para saltos reais, pode ser reduzida em grande parte pelo emprego do SNP, pois ao permitir o treino simulado de tarefas básicas, otimiza o aproveitamento dos saltos reais, aumentando muito o seu potencial didático e diminuindo os riscos devidos à falta de adestramento.
O uso da Realidade Virtual utilizada no desenvolvimento de diferentes projetos, é a mostra do alto nível atingido pelo CASNAV.