O governo libanês e o Hezbollah acusam Israel, que ainda não se pronunciou. Famosos no Brasil na década de 1990, pagers passaram a ser usados pelo Hezbollah por medo de que Israel rastreasse celulares.
Uma explosão em sequência de pagers — dispositivos de recebimento de mensagens comumente usados na época anterior à popularização dos celulares — matou nove pessoas e deixou 2.750 feridas nesta terça-feira (17) no Líbano, segundo o Ministério da Saúde local.
Os aparelhos que explodiram eram usados por membros do grupo extremista Hezbollah. O Hezbollah e o governo do Líbano acusaram Israel de uma ação coordenada. O governo israelense ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Segundo a agência árabe Al Jazeera, as explosões dos pagers foram coordenadas e provocadas por explosivos implantados previamente nos equipamentos.
Os pagers foram detonados em um intervalo de pouco mais de uma hora. Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas.
Entre os mortos pela explosão dos pagers estão uma menina e dois integrantes do Hezbollah, segundo o grupo extremista. Um dos mortos do grupo era filho de um membro do parlamento libanês, segundo duas fontes de segurança ouvidas pela agência Reuters –o Hezbollah também é partido político no Líbano.
De acordo com a Al Jazeera, os pagers foram invadidos e hackeados. Esses dispositivos passaram a ser usados depois que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pediu a seus combatentes, especialmente os que estão na linha de frente na fronteira sul do Líbano com Israel, que parassem de usar smartphones, porque o país vizinho teria tecnologia para se infiltrar nos aparelhos.
Após as explosões desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.
O grupo terrorista Hamas, que trava uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza e é aliado do Hezbollah, repudiou as explosões de pagers, às quais atribuiu aos israelenses. O Hamas também chamou o caso de “uma escalada”.
A Brigada do Hezbollah no Iraque emitiu comunicado em que se colocou à disposição da divisão libanesa do grupo extremista.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse nesta terça que os EUA não estiveram envolvidos nas explosões dos pagers e que o governo americano está reunindo informações sobre o caso. O Pentágono também afirmou que os EUA não tiveram nada a ver com as explosões.
Aliado do Hezbollah, o Irã condenou fortemente as explosões de pagers, que chamou de “operação terrorista do regime de Israel”, e pediu punições da comunidade internacional.
A Cruz Vermelha Libanesa diz que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar na evacuação das vítimas.
O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, foi um dos feridos pela explosão de um pager. A informação foi confirmada pela embaixada, que informou que ele ficou levemente ferido, mas está consciente e não está em estado grave.
Um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, afirmou que a detonação dos pagers foi a “maior falha de segurança” a que o grupo foi submetido em quase um ano de guerra com Israel.
Ramy Khoury, da Universidade Americana de Beirute, acredita que o evento foi “o mais perigoso” para o Hezbollah nos últimos anos.
“Isso é altamente incomum e realmente preocupante para o Hezbollah e todos os seus aliados no Eixo da Resistência, porque significa que os israelenses têm capacidades, inteligência e ataques dessa natureza muito além do que as pessoas supunham”, ressaltou Khoury à Al Jazeera.
FONTE: G1